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CRÍTICA – Nada Ortodoxa (2020, Netflix)

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CRÍTICA – Nada Ortodoxa (2020, Netflix)

Baseada na biografia Unorthodox: The Scandalous Rejection of My Hasidic Roots, de Deborah Feldman, a minissérie Nada Ortodoxa chegou ao streaming da Netflix no dia 26 de Março e retrata a realidade da comunidade judaica ultraconservadora situada em Williamsburg, no Brooklyn (Nova Iorque). Composta por quatro episódios, a produção é bastante falada em iídiche (idioma judaico) e traz uma riqueza de detalhes impressionante sobre a religião.

A minissérie aborda a história de Esther (Shira Haas), uma adolescente que vive na comunidade hassídica e, com 17 anos, é obrigada a se casar.

Em meio aos horrores do matrimônio forçado, Esther se vê confrontada por seus desejos de liberdade e foge para a Alemanha, onde busca reconstruir sua vida sem a interferência de seu marido Yakov (Amit Rahav).

Sem poder estudar ou fazer qualquer coisa que não seja apenas ter filhos com um estranho, Esther percebe que existe um mundo muito maior do que o ofertado pela comunidade judaica ultraconservadora. Desde suas roupas e seu cabelo até o que ela pode ou não comer: tudo é controlado pela religião. Ao chegar em Berlim, Esther passa a testar suas crenças, entendendo que ela pode ser tudo o que ela quiser ser.

Apesar de possuir apenas quatro episódios, Nada Ortodoxa consegue desenvolver a sua trama de forma fluida e sem problemas de continuidade. Dirigida por Maria Schrader e roteirizada por Anna Winger, Alexa Karolinski e a própria Deborah (que também são produtoras do projeto), a microssérie possui uma identidade única, preservando a cultura e os costumes de uma comunidade cada vez mais isolada do restante do mundo.

O trabalho do design de produção, roupas e maquiagem é primoroso, merecendo até uma indicação nas premiações especializadas. Desde a reconstrução dos espaços onde essa comunidade vive nos Estados Unidos (a série teve boa parte de suas cenas gravadas na Alemanha) até as roupas, chapéus e adereços, tudo é trabalhado nos mínimos detalhes.

A possibilidade de criar um projeto quase todo em iídiche é outro ponto inovador, pois eterniza a linguagem – e apresenta a um público que não a conhece – em uma plataforma de massa como a Netflix.

Os flashbacks são muito bem aproveitados durante os episódios de Nada Ortodoxa. Ao mesmo tempo em que a história da personagem acontece no presente, somos levados a momentos específicos do passado que explicam seus traumas e remontam sua história, traçando objetivos sólidos para as escolhas feitas por Esther.

A atuação de Shira Haas é impecável, sendo o grande destaque entre todos os outros personagens. A forma como ela transita da mulher submissa às tradições de seu povo para uma postura independente e decidida é sentida ao longo dos episódios, nos permitindo acompanhar seu desenvolvimento a cada nova descoberta.

Saber que a trajetória é baseada na história de uma mulher que realmente abandonou essa comunidade (fugindo para buscar uma vida melhor) é ainda mais significativo.

A preocupação das criadoras da minissérie (que são judias) em trazer um elenco que também já fez parte da comunidade judaica ortodoxa (como é o caso de Jeff Wilbusch – Moishe – e Eli Rosen – Rabino) e que falam iídiche fluente demonstra o quão engajados e respeitosos são os profissionais envolvidos nessa produção. A minissérie é tecnicamente impecável em tudo o que se propõe a executar. 

Apesar do roteiro de Nada Ortodoxa não ser 100% fiel a história de Deborah Feldman (toda a jornada de Esther em Berlim foi criada para o seriado), o desfecho é satisfatório, deixando ganchos para uma possível nova temporada – talvez tendo como base a história de alguma outra pessoa corajosa o suficiente para arriscar tudo em busca de sua liberdade.

Assista ao trailer da minissérie:

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