A primeira parte da quarta e última temporada do anime de sucesso mundial Attack on Titan (Shingeki no Kyojin) chegou ao fim no último domingo (28). Contudo, a produção do estúdio Mappa anunciou que a última parte do anime chega na temporada de inverno no Japão, nos meses de janeiro a março no Brasil.
A série é uma adaptação do mangá escrito e ilustrado por Hajime Isayama, sendo publicado pela primeira vez em setembro de 2009. A primeira temporada do anime foi lançada em 2013 e após quase nove anos, os fãs começam a deslumbrar o início do fim.
SINOPSE
Gabi Braun e Falco Grice treinaram suas vidas inteiras para herdar um dos sete titãs sob o controle de Marley e ajudar sua nação a erradicar os Eldianos da Ilha Paradis. No entanto, assim como tudo parece bem para os dois cadetes, sua paz é repentinamente abalada pela chegada de Eren Yeager e dos membros restantes da Divisão de Reconhecimento.
ANÁLISE
Mesmo com um nicho muito pequeno no Brasil quando comparado às grandes séries da Netflix ou da HBO, Attack on Titan consegue ser uma das obras audiovisuais mais relevantes dos últimos tempos. Em parte, por sua enorme capacidade de narrativa ao tratar de temas extremamente sensíveis com profundidade, mas também por ter um público fiel que já dedica bons dez anos ao anime.
Sendo assim, é incrível como o anime se mantém atemporal e relevante ainda hoje. A primeira parte da quarta e última temporada levou o anime a um outro patamar que poucos irão alcançar. Logo, pode-se dizer que a série é uma obra completa que mesmo com troca de estúdios conseguiu entregar ótimos momentos para um final tão epicamente esperado.
Sendo assim, a primeira parte do final leva o espectador direto para o conflito entre a Ilha Paradis e Marley. Se ao longo de 3 temporadas vemos Eren Yeager passar de um garoto briguento que se deixa levar pelas emoções. Na quarta temporada temos um protagonista muito mais controlado emocionalmente que se torna um homem determinado e motivado por suas próprias ideias e convicções.
Dessa forma, Eren decide que agirá sozinho e que custe o que custar irá trazer a liberdade ao povo de Eldia. Para isso, ele cria um plano que envolve mais guerras e mais mortes. Nessa medida, é até cabível que os fãs de Attack on Titan se solidarizem com os atos terríveis de Eren ao atacar Marley, afinal, passamos longos anos vendo Paradis ser dizima por titãs que eram mandados por Marley.
Na mesma perspectiva, é intrigante que nessa quarta temporada, Eren faça poucas e silenciosas aparições mostrando que seus atos falam por si só. Logo, é através disso que conhecemos personagens interessantes que deixam a narrativa ainda mais tensa.
Gabi, a garota eldiana que é soldado de Marley, ganha sua própria narrativa no anime. Sendo assim, a menina que viu Eren destruir sua cidade nutre ao longo da temporada um ódio mortal tanto por ele, como por Paradis. Dessa forma, sendo uma ótima inversão de perspectiva. Já que, se na primeira temporada tínhamos a visão de Eren sobre as atrocidades feita a sua casa, agora temos a visão de Gabi.
Logo, engana-se quem pensa que Attack on Titan fala somente de um lado, o que Isayama faz em sua obra é uma crítica às guerras e ao ciclo de ódio. Por isso, o anime se torna uma obra tão necessária na contemporaneidade e se trata de uma reflexão sobre um terror que recai a humanidade desde sempre.
Eldianos e Marlyanos
É impressionante como a série consegue tocar em assuntos tão complexos e ir ao cerne de questões tabus. Nos episódios finais da primeira parte, o plano de Zeke Yeager é finalmente revelado, ele pretende a eutanásia de todos os eldianos. Mas, de uma forma pacífica e longa, onde aos poucos as pessoas deixariam de ter filhos e a nação iria morrer sem mais derramar sangue.
Sua solução é extremamente perturbadora e não condiz com os atos e discurso de Eren ao longo do anime. Dessa forma, o grande encontro entre os dois provavelmente irá revelar que Eren não concorda com as respostas do irmão mais velho. Porém, Eren precisará de Zeke para pôr seu próprio plano em ação. O que ainda não se sabe é quais são as reais intenções do protagonista.
O final do último episódio da primeira parte revela uma última guerra entre Paradis e Marley. Logo, é inevitável falar de um dos personagens que mais chamou a atenção nessa temporada, Reiner Braun. O Titã Blindado começou a temporada em trauma pelos seus atos e tendo vários momentos de autodepreciação para no final entender que precisa parar Eren. Dessa forma, Reiner se mostra um dos personagens mais bem desenvolvidos de toda a trama trazendo ótimos momentos.
Assim como a rixa entre Eren e Reiner, é notável o confronto entre Levi e Zeke. Ao longo dessa temporada compreendemos mais as motivações de Zeke devido as circunstâncias na qual o indiano foi criado. Já, Levi tem uma promessa e provavelmente não vai parar até vingar seus companheiros.
Dessa maneira, Attack on Titan cria cada vez mais personagens que têm dualidades, ninguém ali é somente bom ou mal. Ainda que seja aquela velha história entre oprimido e opressores é quando essa narrativa se inverte e vemos maldades entre os oprimidos e bondade entre os opressores que o nosso senso de moral e justiça vira de ponta cabeça.
A série assume que existe uma simetria entre eldianos e marleyanos e que quando os dois lados vão a guerra, ambos perdem em iguais proporções. Logo, nessa última temporada onde “os fins justificam os meios”, talvez seja mais confortável para o fandom escolher um lado. Contudo, é imprescindível olhar para a obra como um todo e entender que a obra fala principalmente sobre os horrores da guerra.
VEREDITO
As temporadas de Attack on Titan podem ser assistidas na Crunchyroll e na Funimation Brasil.
5,0 / 5,0
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