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CRÍTICA – Alita: Anjo de Combate (2019, Robert Rodriguez)

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CRÍTICA - Alita: Anjo de Combate (2019, Robert Rodriguez)

Alita: Anjo de Combate é uma adaptação idealizada por James Cameron há muitos anos. O diretor de Exterminador do Futuro, Titanic e Avatar sempre viu a história de Alita como um projeto especial. No ano passado, durante uma live no facebook, Cameron, juntamente com Robert Rodriguez (diretor do filme) e Rosa Salazar (a atriz que dá vida a ciborgue Alita), expressou toda a sua satisfação em adaptar o mangá de Yukito Kishiro, lançado nos anos 90, para as telonas – o qual ele produz e roteiriza.

É triste ver que, após 15 anos namorando a ideia dessa adaptação, vários atrasos nas produções e mais ou menos 200 milhões de dólares investidos, a ficção cyberpunk de Cameron vá amargar em sua bilheteria. A projeção é que Alita: Anjo de Combate arrecade apenas US$ 25 milhões em sua primeira exibição nos EUA, o que é considerado um fracasso para um investimento tão grande.

Caso queira um spoiler, selecione o texto a seguir: É mais triste ainda quando lembramos da forma que o filme acaba, num cliffhanger inesperado.

Alita: Anjo de Combate conta a história de um mundo distópico no ano de 2563. A trama se passa na Cidade de Ferro, que fica abaixo da grande Zalem, uma cidade nas nuvens onde poucas pessoas – privilegiadas – têm acesso. Zalem consome tudo o que é produzido pela Cidade de Ferro e, em retorno, joga todo o seu lixo de volta na cidade. É em uma dessas “descargas” de dejetos que  Dr. Dyson Ido (Christoph Waltz) encontra o núcleo de Alita intacto no meio do lixão. Percebendo que se trata de um ciborgue com tecnologia extremamente avançada, Dr. Ido leva o núcleo de Alita até sua clínica.

Criando um laço muito forte com a ciborgue, Dr. Ido dá a ela o corpo robótico que havia construído para sua filha, assassinada muitos anos antes. Em posse de um novo corpo, mas com a memória em branco, Alita inicia uma batalha para se lembrar de quem era – e para se adaptar ao mundo novo. Por se tratar de uma adolescente (de mais de 300 anos, mas uma adolescente), e por ter perdido todas as memórias do seu passado, Alita possui um ar ingênuo/infantil que transborda a cada nova descoberta. Desde o gosto saboroso de uma laranja até a descoberta do amor – um arco completamente clichê desenvolvido com Hugo (Keean Johnson) – cada novo passo é algo inexplicável para a pequena ciborgue.

Como a maioria das produções que possuem uma jornada em busca de algo perdido, Alita descobre seus propósitos e seu principal inimigo. Nesse meio tempo, ela conhece o Motorball: uma competição de patins robótico em que ciborgues “correm” atrás de uma bola. Ser o grande campeão do esporte é a única forma de chegar até Zalem e encarar seu “destino”.

Confira o making of abaixo:

A produção é toda pautada pelos grandes efeitos e ótimas cenas de ação. A reconstrução digital do rosto Alita por meio dos traços e expressões de Rosa Salazar (em uma tecnologia que lembra muito os efeitos deslumbrantes de Jogador Nº1), é perfeita. Suas expressões e seus olhos (enormes) são contagiantes e fazem com que criemos uma certa simpatia pela personagem. As cenas de ação também são outro ponto forte da produção, sendo bem dirigidas e com efeitos incríveis.

Entretanto, só os efeitos especiais não salvam o roteiro confuso de Alita: Anjo de Combate. Há muita informação condensada em 142 minutos de duração, e a história precisa dividir o seu espaço com inúmeras cenas de luta da personagem principal. A cada minuto que passa, novas ameaças surgem e, depois das primeiras três vezes, se torna um tanto quanto repetitivo. As informações sobre o passado de Alita são abordadas aos poucos, sempre após algum momento de quase morte – que, de acordo com a personagem, a ajuda a lembrar dos acontecimentos de sua vida anterior – tornando a jornada arrastada e desinteressante.

O filme possui inúmeros personagens secundários, mas nenhum deles é desenvolvido. Nada é realmente explicado sobre os outros personagens, e também o passado de Alita é pouquíssimo abordado. Vector (Mahershala Ali), por exemplo, é o capanga de Nova, vilão principal da história. E é só isso que sabemos. É como se não houvesse necessidade de aprofundar as motivações de cada um dos envolvidos na história. Todas as explicações se resumem em chegar até Zalem.

 

Alita: Anjo de Combate parece seguir a “praga” das adaptações de mangá que não dão certo em Hollywood. Milhões investidos para entregar gráficos e experiências deslumbrantes, mas pouco conteúdo relevante para preencher duas horas de filme em tela.

Assista ao trailer legendado:

Alita: Anjo de Combate estreia na próxima quinta-feira (14) nos principais cinemas. Não deixe de assistir para ter sua própria avaliação e lembre-se de voltar aqui e compartilhar conosco seus comentários sobre o filme de James Cameron.
😉

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