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CRÍTICA – Beau Tem Medo (2023, Ari Aster)

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Beau

Beau Tem Medo (do original Beau is Afraid) é o mais novo filme de Ari Aster em sua colaboração com a A24. Com Joaquin Phoenix no papel principal, o filme nos leva por uma viagem tão profunda à mente de Beau, um personagem tenso e paranoico, cuja vida parece escorregar por entre seus dedos quando uma trama se desenrola. Ao longo de suas 2 horas e 59 minutos, nos vemos imersos em traumas geracionais, abusos emocionais e a assombrosa capacidade de atuação de Phoenix.

Com um grande elenco de apoio, o longa nos apresenta à história de Beau, um homem que após receber uma notícia vê sua vida espiralar em uma maré de autodepreciação. Tudo isso, enquanto os horrores do passado parecem brotar em meio à um mundo em que o pior das pessoas parecem desabrochar, exacerbando ainda mais o quão destacado daquele mundo Beau parece estar inserido.

SINOPSE

Beau (Joaquin Phoenix) é um homem paranoico que embarca em uma odisseia épica para visitar a casa de sua mãe controladora. O trailer do filme mostra Beau em uma aventura nada convencional.

ANÁLISE

Ao longo de suas quase 3 horas, o longa nos lança por uma trama cansativa, mas com uma mensagem necessária e potente. Por meio das viagens narrativas, Ari Aster mostra a história de Beau que mergulha cada vez mais em suas tramas paranoicas. Após receber a notícia de uma grande perda, Beau precisa voltar para a casa da mãe, fazendo assim uma viagem não apenas na sua relação com a sua mãe, mas revivendo aos poucos fatos que despertam o pior dele.

Enquanto adentramos a história, vemos arcos se desenrolar que por fim, não nos levam à lugar nenhum. Beau, um homem de meia idade que vive em um constante estado catatônico, parece ver o mundo de uma maneira completamente irreal. Os traumas geracionais, são algumas das raízes principais de transtornos psiquiátricos, e o longa mostra algumas das raízes dos problemas de Beau conforme a história progride.

Com Armen Nahapetian dando vida à um Beau mais jovem, vemos o quão complicada era a vida do personagem. Desde uma infância quase sempre guiada pelo gaslighting e por uma frustração profunda de sua mãe, de modo que constantes manipulações costumavam dar o tom de uma realidade deturpada a ele.

Enquanto cresce, Beau vê qualquer ímpeto seu de rebeldia, curiosidade e “revolução” ser podada, forçando-o a ser basicamente o personagem que conhecemos hoje.

Ari Aster flerta quase sempre com o fato do personagem ser quase sempre uma figura alheia aos acontecimentos de sua vida, dificilmente tomando qualquer atitude que desse um rumo à mesma. Sendo assim, constantes rompantes de viagens imaginativas sobre como a vida de Beau seria, ou até mesmo viagens ao passado se dão em tela. Quase sempre forçando aspectos negativos de suas relações, o personagem não parece ver qualquer elemento positivo diante de suas vivências.

Com tramas e linhas narrativas truncadas, o longa tende a ignorar completamente a história que quer contar, optando por dar início à histórias que não mudarão em nada a vida de Beau, mas que só exacerbam sua condição, lançando-o mais ainda à um lugar distante da realidade. Sendo um dos arcos mais potentes, preocupantes e problemáticos, vemos como a reação dele diante dos desafios que encontra só o lançam por caminhos mais distantes do seu objetivo, ir até a casa de sua mãe.

VEREDITO

Beau tem medo é confuso e para entender sua mensagem é necessário no mínimo uma colherada de senso crítico, tanto nosso quanto do filme em geral, forçando-nos a nos perceber como indivíduos falhos, o diretor parece captar um personagem real de sua vida. Enquanto aborda firmemente traumas geracionais e sua perpetuação, Beau é “castrado” por sua mãe desde sua primeira infância, que o força a ser uma pessoa dócil e cooperativa e assim, o leva para uma vida adulta como alguém alheio à seus próprios sentimentos e vontades.

E que mesmo tendo se livrado das “garras” de uma mãe na primeira oportunidade, Beau precisa enfrentar seus próprios sentimentos, a fim de se entender como um indivíduo que precisa passar pelo luto e por uma vida mais normal possível com todos esses problemas.

O filme acaba funcionando como um grande ataque de pânico, não estabelecendo desde seu início como um retrato do nosso mundo, ou uma realidade paralela a nossa, em que mesmo que alguns absurdismos se desenrolem, acaba funcionando como um retrato de uma realidade bem similar à nossa.

4,5 / 5,0

Confira o trailer do filme:

Beau Tem Medo estreia no dia 20 de abril de 2023 em cinemas selecionados de todo o Braisl.

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