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CRÍTICA – Eduardo e Mônica (2022, René Sampaio)

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Eduardo e Mônica

Após o lançamento de Faroeste Caboclo em 2013 – uma adaptação livre da música escrita por Renato Russo, que retratou o verdadeiro western no cerrado – René Sampaio retorna à cadeira da direção enquanto adapta mais um trabalho do Legião Urbana, que conquistaram o coração de todo o país nos anos 80 e 90, dessa vez, com Eduardo e Mônica.

Eduardo e Mônica havia sido gravado em 2019, mas com o sucateamento da cultura, o filme foi adiado diversas vezes até ser lançado em 2022. Enquanto adapta a música de pouco mais de 4 minutos e meio em um filme de quase duas horas, René Sampaio nos faz apaixonar não apenas por Eduardo e Mônica, mas nos faz apaixonar pela Brasília dos anos 80 em uma viagem ao passado, e nos apresenta os mais diversos e profundos aspectos das relações humanas.

SINOPSE

O romance entre uma estudante de medicina e um adolescente ainda no colegial pode dar certo? Adaptado da canção homônima de Renato Russo. Alice Braga e Gabriel Leone, dão vida ao casal que tem que superar as diferenças para viver um grande amor na Brasília dos anos 80.

ANÁLISE

Eduardo abriu os olhos mas não quis levantar, ficou deitado e viu que horas eram.”

Enquanto adapta minuciosamente a letra de Renato Russo, René Sampaio nos leva em uma viagem, e nos lança em uma viagem à Brasília dos anos 80. Pintando finalmente o que muitos apenas imaginavam ao ouvir a música. Costumo dizer que poucos letristas tem a capacidade de nos permitir pintar uma paisagem apenas com palavras, posso citar o exemplo de Chico Buarque, mas após o filme, nenhuma música de Renato Russo foi a mesma.

Eduardo (Gabriel Leone) e Mônica (Alice Braga), após uma série de acasos se esbarram em uma noite. Ainda que em momentos completamente diferentes de vida, se apaixonam um pelo outro.

Um dos mais belos momentos do filme é a intimidade e a química entre os protagonistas do filme. Enquanto aprendemos mais sobre o relacionamento dos dois, enquanto um se abre, outro sente medo, mas seguem em frente.

Ainda que beba intensamente da fonte do material criado por Renato Russo, o diretor se aproveita do espaço deixado pelo músico para criar em cima e mudar ligeiramente o rumo da história.

O Eduardo sugeriu uma lanchonete, mas a Mônica queria ver um filme do Godard.”

As minúcias e pequenos aspectos apontados por Renato em sua música, são vistos no filme de maneira tão discreta quanto possível, seja em momentos de descontração, como também em belíssimas sequências românticas. Detalhes da personalidade, ou a diferença entre os personagens dão à trama um tom único.

Diferente do que foi feito em Faroeste Caboclo, Eduardo e Mônica mostra uma relação tão profunda quanto bela. Ao lidar com os sentimentos de Eduardo e Mônica, sem precisar lidar com a violência da época – como a história de João do Santo Cristo precisou mostrar em 2013 – fica espaço apenas para os mais leves dos sentimentos, e os mais complexos.

Ver os mais diversos lados da natureza humana, e os conflitos internos dos personagens, assim como entender como relações maduras realmente funcionam, é importante para entender a linha de crescimento do filme.

VEREDITO

Funcionando como uma belíssima adaptação, Eduardo e Mônica nos leva por momentos de indecisão e nos lança na trama como muito mais que espectadores. Nos lança como quem conhece o final daquela trama e nos faz pensar em formas de solucionar o plot twist do filme. Enquanto vemos os protagonistas crescerem, e entendemos melhor a trama, vemos que René Sampaio sabe o que faz e entrega um belíssimo final.

Enquanto usa a Brasília dos anos 80 como pano de fundo, a atuação de Gabriel Leone e Alice Braga têm o espaço necessário para crescer e se tornar algo tão potente quanto a trama que o diretor quer contar. Ao ouvir Bauhaus, ouvir Mônica falando alemão e ver o Eduardo jogando futebol de botão com seu avô, nos damos conta de que René Sampaio acertou em cheio ao nos lançar em uma relação verdadeira em tempos de amor líquido.

5,0 / 5,0

Confira o trailer do filme:

Eduardo e Mônica chegou aos cinemas brasileiros no dia 20 de janeiro de 2022 e está disponível em cinemas de todo o Brasil.

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