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CRÍTICA – Eternos (2021, Chloé Zhao)

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CRÍTICA - Eternos (2021, Chloé Zhao)

Eternos, novo filme da Marvel, chega ao cinemas no dia 4 de novembro. Dirigido pela oscarizada Chloé Zhao, o longa traz um grupo de heróis ainda não apresentado no Universo cinematográfico da Marvel (MCU).

SINOPSE

Os Eternos são uma raça de seres imortais que viveram durante a antiguidade da Terra, moldando sua história e suas civilizações enquanto batalhavam os malignos Deviantes.

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ANÁLISE

Na literatura, diversas são as histórias sobre deuses vivendo em meio aos humanos, testemunhando seu desenvolvimento e crescimento. Essas criaturas complexas, repletas de poderes, são genuinamente admiradas pelos mortais, que fazem de tudo para agradá-las.

Jack Kirby se baseou em muitas mitologias e teorias pseudocientíficas para construir o seu próprio grupo de “deuses”. Utilizando eventos amplamente conhecidos da história mundial, e elementos existentes em religiões e na Grécia Antiga, os Eternos de Kirby são um misto dessas inúmeras referências.

Para as pessoas que têm pouco contato com esses personagens, é quase impossível não traçar um paralelo com alguns ícones da DC Comics. A própria estrutura dos Eternos é muito similar aos Novos Deuses, também criados por Kirby. Ikaris, interpretado por Richard Madden, é provavelmente o que mais remete à concorrência.

Não há exagero em dizer que Eternos lembra a saga cósmica de Zack Snyder e sua Liga da Justiça. Afinal, todo o roteiro gira em torno dessas criaturas com grandes poderes, mas que também são falhas e possuem dúvidas. A busca por propósito, o entendimento de sua missão e todos esses pormenores circundam o desenvolvimento dos personagens.

Com um grupo diverso, Chloé Zhao conduz uma história diferente de tudo o que foi criado na Marvel até então. E quando falo isso, não significa dizer que a história desses heróis não lembre em nada outros personagens ou arcos da empresa, mas sim que a diretora vencedora do Oscar cria essa narrativa distinta e com identidade própria.

Desde a ótima fotografia de Ben Davis, até a montagem dos acontecimentos, Eternos tem uma concepção que destoa (positivamente) de todos os arcos pré-estabelecidos e recriados durante 10 anos no universo da Marvel. Davis esteve em Doutor Estranho, Capitã Marvel e Guardiões da Galáxia, todos trabalhos visualmente impecáveis. Entretanto, em Eternos, talvez pela falta de inúmeras cenas de ação e explosões, é possível apreciar ainda mais o seu trabalho.

Repetir uma fórmula que dá certo não é um erro, nem um pecado. Afinal, se ela funciona, é porque há público para isso. Porém, para inovar e fugir do lugar comum é necessário arriscar. Esse desafio de trazer algo mais adulto para o MCU vem sendo ventilado há muito tempo pelo próprio Kevin Feige, e talvez Zhao tenha sido uma das melhores escolhas para esse projeto.

Eternos consegue trabalhar todos os personagens do filme, apesar de dar um maior destaque para Ikaris, Sersi (Gemma Chan) e Ajak (Salma Hayek). Eles são os protagonistas naturais e conduzem o restante do grupo por essa história de Deviantes, Celestiais, Eternos e seres humanos. A fundamentação dessa mitologia é difícil de explicar, e depende muito da crença do público para dar certo. Nesse ponto, acredito que o roteiro de Ryan Firpo, Patrick Burleigh e da própria Zhao funcione bem.

Por ter diversas ramificações, afinal o grupo possui 10 membros, o roteiro precisa explicar de onde eles vieram, como foram criados, qual a personalidade e poder de cada membro e sua história pregressa – o que se mostra um mistério até para os próprios personagens. Todas essas informações tornam a produção lenta, pois é necessário estabelecer um universo inteiro, e justificar a existência desse grupo, em duas horas e 30 minutos de duração. Acrescente aí a obrigação de explicar por onde andava toda essa gente na época do Thanos e você tem um desafio imenso nas mãos.

Vale ressaltar que Zhao encontra formas diferenciadas de apresentar os poderes e importância de cada personagem dos Eternos. Mesmo utilizando o recurso de flashback inúmeras vezes, não ficamos confusos com o vai e vem da história, sendo uma escolha acertada.

Ao criar uma narrativa mais séria, fugindo de piadas vazias e da ideia de apenas entreter, Eternos tem espaço para explorar as consequências das ações dos Celestiais, inserir novos elementos do multiverso e fortalecer o storytelling que vem sendo construído nessa nova fase.

Se diferenciando do restante dos longas do MCU, Eternos tem a oportunidade de cativar um público novo que, até então, não se sentia atraído pelos blockbusters da gigante do entretenimento. Apesar da longa duração, o roteiro consegue manter a audiência interessada em seus ganchos e reviravoltas, e acredito que possa fazer sucesso não só entre os fãs da Marvel, mas com o público de massa que busca algo diferente para assistir.

É claro que precisamos ressaltar a diversidade do elenco e a coragem da Marvel de sair da zona de conforto, inserindo situações necessárias e que já deveriam fazer parte do universo cinematográfico há muito tempo. Mesmo que tenha demorado, é reconfortante assistir a um elenco tão plural em tela.

Apesar dos pontos positivos, falta em Eternos algo que encante a ponto de querermos saber mais sobre esses personagens após o término da produção. Phastos (Brian Tyree Henry) e Kingo (Kumail Nanjiani) são responsáveis pelos momentos mais divertidos do filme, servindo citações à concorrência e até ao BTS. Druig (Barry Keoghan) e Makkari (Lauren Ridloff) fazem um ótimo trabalho e surpreendem em seus momentos de destaque. Entretanto, Thena (Angelina Jolie), Gilgamesh (Ma Dong-seok) e Sprite (Lia McHugh) saem prejudicados, seja pelo pouco tempo de tela ou pela falta de brilho de seus personagens.

Mesmo que o filme de Zhao seja uma carta de amor não só à história dos Eternos, mas também ao nosso planeta, a trama não se sustenta muito bem em seu último ato, que é provavelmente a parte mais fraca do filme.

VEREDITO

Com uma experiência visualmente interessante e um conceito bem estabelecido, Eternos é um dos filmes mais diferentes do universo da Marvel. A direção experiente de Chloé Zhao e sua habilidade de incluir uma grande quantidade de cenas, sem atrapalhar a narrativa estabelecida, traz um frescor e identidade que até então não existia no MCU.

3,0/5,0

Assista ao trailer:

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