Início FILMES Crítica CRÍTICA – Eu me Importo (2021, J Blakeson)

CRÍTICA – Eu me Importo (2021, J Blakeson)

0

Eu me Importo (I Care a Lot) é uma produção original da Netflix lançada no dia 19 de fevereiro. Protagonizado por Rosamund Pike, indicada ao Oscar por sua atuação em Garota Exemplar, e Peter Dinklage (Game of Thrones), o thriller com pitadas de comédia vem dividindo opiniões entre público e crítica.

SINOPSE

Marla Grayson (Rosamund Pike) é uma renomada guardiã legal que gosta de roubar o dinheiro de idosos, usando as economias para viver uma confortável vida de luxo. Quando ela pensa ter encontrado uma nova vítima perfeita, descobre que o golpe não vai ser tão fácil quanto imaginava.

ANÁLISE

Nunca o tema curatela esteve tão em alta na mídia como em 2021. Neste ano, a produção Framing Britney Spears, do Hulu, escancarou o drama sofrido pela eterna princesa do Pop na mão de seu pai – e guardião legal de suas finanças. A própria Netflix também está desenvolvendo um documentário sobre o caso de Spears, o que torna tudo ainda mais relevante, pois se trata de uma plataforma global.

Com o foco nas curatelas dos Estados Unidos, a trama assustadora de Eu me Importo traz uma situação não tão fictícia: uma advogada cria um sistema lucrativo, em parceria com médicos e asilos, para burlar o Judiciário e colocar idosos em curatela contra a sua vontade. A partir disso, ela seca a fonte de renda dessas pessoas, liquidando seus patrimônios e usando boa parte para o seu próprio lucro.

Eu digo que é uma situação não tão fictícia porque o documentário The Guardians (2019) mostra um esquema em Las Vegas muito parecido com o que o filme aborda. É um sistema lucrativo não só para empresas envolvidas, mas também para o Estado, mostrando que a vida e o bem-estar dos idosos estão longe de ser prioridade.

Com Rosamund Pike dando vida à guardiã sem vergonha, Eu me Importo é um misto de thriller e comédia que possui uma ótima condução. Dirigido e roteirizado por J Blakeson, o longa se arrisca em diversas reviravoltas sem deixar que o entretenimento diminua. A presença de Pike no elenco ajuda e muito no resultado. A atriz, de talento inquestionável, é o grande nome da produção e sustenta boa parte da trama, justamente por sua ótima atuação.

Os personagens coadjuvantes não possuem um grande desenvolvimento, mas complementam bem a história de Marla. Peter Dinklage consegue ser um bom rival para a personagem de Pike, rendendo não só cenas sombrias e angustiantes, como também momentos extremamente engraçados. Eiza González com sua Fran é o calcanhar de Aquiles da protagonista, mas também serve como sidekick para as loucuras de Marla.

A parte mais inacreditável de Eu me Importo não está na ação e no embate entre Marla e seus inimigos, mas sim no sombrio mundo das curatelas e dos maus-tratos aos idosos. É impossível finalizar a experiência sem pensar em tantas pessoas que estão passando por esse tipo de situação e nesse sistema que já virou um mercado. O futuro nesse segmento é obscuro, e Eu Me Importo sabe bem como mostrar isso.

O último ato do filme é um grande ponto da história, mas também o mais acelerado e com uma montagem um pouco apressada. É fácil imaginar que Eu me Importo poderia virar uma franquia, ou ganhar um segundo filme, pois o ato final deixaria ótimos ganchos para o futuro. Mesmo assim, sua conclusão é uma catarse que encaixa perfeitamente nas loucuras do roteiro.

VEREDITO

Eu me Importo é sombrio, cômico e eletrizante, garantindo entretenimento do início ao fim. Apesar de alguns deslizes, tudo se encaixa na proposta da produção, que acerta em cheio na escolha de Rosamund Pike no papel principal.

4,0/5,0

Assista ao trailer:

 

Curte nosso trabalho? Que tal nos ajudar a mantê-lo?

Ser um site independente no Brasil não é fácil. Nossa equipe que trabalha – de forma colaborativa e com muito amor – para trazer conteúdos para você todos os dias, será imensamente grata pela sua colaboração. Conheça mais da nossa campanha no Apoia.se e nos ajude com sua contribuição.

Sair da versão mobile