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CRÍTICA – Mães Paralelas (2022, Pedro Almodóvar)

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Mães Paralelas

A habilidade de Pedro Almodóvar de adentrar a mente humana e suas particulares não vem de hoje. Seus filmes sempre retrataram mulheres de maneiras únicas, quase sempre se destacando no que fez no passado. Mas ainda que únicas, elas representavam não só parte do público do diretor, como também mulheres anônimas espalhadas pela Espanha, e pelo mundo. Mães Paralelas é o primeiro filme do diretor espanhol em sua parceria com a Netflix.

Tendo em sua galeria de filmes protagonistas quase que inteiramente femininos, o diretor as retrata de forma instigante, não fazendo uso exacerbado de cenas de sexo, nem as retratando a partir de um ponto de vista masculino.

SINOPSE

Duas mulheres, Janis e Ana, dividem o quarto de hospital onde vão dar à luz. As duas são solteiras e ficaram grávidas acidentalmente. Janis, de meia-idade, não se arrepende e nas horas prévias ao parto sente-se pletórica, a outra, Ana, é uma adolescente e está assustada, arrependida e traumatizada. Janis tenta animá-la enquanto passeiam como sonâmbulas pelo corredor do hospital. As poucas palavras que trocam nessas horas vão criar um vínculo muito profundo entre as duas, e esse acaso vai encarregar-se de desenvolver e complicar de forma tão retumbante que mudará a vida de ambas para sempre.

ANÁLISE

A história de Mães Paralelas se desenrola muito antes do momento em que o filme tem início. Janis (Penélope Cruz) se mostra como uma mulher interessada em acabar com a impunidade e os últimos traços de uma ditadura trazida pelo Golpe de Julho de 1936 e a ditadura de Franco.

Após muitos anos, Janis que buscava desenterrar os corpos dos homens levados na noite do Golpe de 36 de uma cova rasa, vê durante o ensaio fotográfico de um investigador forense uma oportunidade.

Almodóvar conduz o filme e nos leva por caminhos tão íntimos e contundentes quanto responsáveis. A habilidade do diretor em nos ambientar ao mundo em que somos lançados falando de temas que já são sua cara, não foge da sua habilidade de abordar temas que ainda expõe a ferida aberta que apenas a morte de grupos menos favorecidos e a ditadura Franquista foi capaz de fazê-lo.

Sem ser leviano, a história criada pelo diretor espanhol nos apresenta a história de Janis e sua forma de viver, sem fazer qualquer tipo de juízo de caráter. Enquanto sua história se desenvolve, nossa protagonista passa a dividir seu tempo de tela com a jovem Ana (Milena Smit) enquanto suas histórias se cruzam na maternidade enquanto as duas esperam para dar a luz à seus filhos.

Por meio de saltos temporais e sem fazer questão de nos localizar em qualquer período de tempo – a não ser no início do filme – o diretor é capaz de fazer com que nos localizemos sem muitos problemas, inclusive na história.

Enquanto assistia, fui lançado em uma espiral de sentimentos que apenas Pedro Almodóvar é capaz de fazê-lo.

Com rostos conhecidos de outros filmes do diretor como Rossy de Palma e Julieta Serrano, Almodóvar nos lança em uma trama que em determinado momento nos causa uma quebra de expectativas e muda completamente qualquer conceito pré-concebido de Janis, ou Ana.

VEREDITO

Fugindo de fazer juízo de caráter dos personagens da trama, a história que Almodóvar tem intenção de contar nos apresenta aquele mundo e a trama que se desenrola em segundo plano. Com muitos problemas referentes às personagens e seus sentimentos, sem ser leviano e sendo até mesmo profundo, vemos o quão linda aquela relação e a trama em que somos lançados nos faz ver desenrolar diante do nossos olhos.

A forma como o diretor conta a história de maneira cuidadosa, nos mostra sua habilidade de adentrar e entender a alma feminina enquanto explicita que pessoas são tão falhas quanto peculiares, mesmo diante de tramas como as que testemunhamos e vemos se desenrolar.

Ainda que Mães Paralelas seja genial no que se propõe e seja maravilhoso ver o novo momento da carreira de Almodóvar, não se compara a alguns dos melhores filmes do diretor como Má Educação e Volver.

4,0 / 5,0

Confira o trailer do filme:


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