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CRÍTICA – Os 7 de Chicago (2020, Aaron Sorkin)

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Os 7 de Chicago

Os 7 de Chicago conta a história real de Abbie Hoffman, Jerry Rubin, David Dellinger, Tom Hayden, Rennie Davis, John Froines e Lee Weiner – acusados pelo governo americano de incitar revolta, enquanto promoviam protestos pacíficos em Chicago durante a Convenção do partido Democrata em 1968.

O diretor Aaron Sorkin sempre acertou ao abordar temas incômodos em seus filmes e em seus roteiros, e que em sua grande maioria se debruçavam em cima de corrupções morais e faziam um recorte histórico, como no roteiro que escreveu para o filme Questão de Honra de 1992.

O grupo que protestava pelo fim da Guerra do Vietnã, organizou uma manifestação que sem o aval da polícia tinha como ponto de partida o Anfiteatro Internacional e teria como ponto de chegada a Convenção Nacional Democrata – que era para onde todas as câmeras do país estavam direcionadas aquele dia -, pois era onde o candidato a presidência dos Estados Unidos daquele ano seria escolhido.

AMBIENTAÇÃO

O filme em seu título original – The Trial of the Chicago 7 -, faz menção ao tema que o filme aborda, o julgamento dos sete e todas as falhas, desde o processo de investigação até o de condenação.

Ao mostrar a corrupção dentro do governo americano, assim como a disposição de uma presidência que tenta se apoiar em atos tão falhos, como uma guerra que durou cerca de 25 anos, o equivalente ao mandato de 5 presidentes e mais de 1 milhão de soldados mortos – entre aliados e vietnamitas – , Aaron Sorkin mostra que o problema relacionado à tentativa de se tornar uma supremacia em relação às outras potências é antigo, e o problema da ignorância, e o resolver tudo na base da guerra está longe de acabar.

As atuações de maior destaque vem de Mark Rylance, como o incansável advogado defensor dos 7, William Kunstler, de Yahya Abdul-Mateen II como Bobby Seale, o líder dos Panteras Negras preso injustamente, e o odiável juiz interpretado brilhantemente pelo veterano Frank Langella, capaz de toda e qualquer coisa a fim de manipular o sistema jurídico americano, para mostrar sua obediência ao atual presidente, levou o grupo ao tribunal por cerca de 151 dias, antes que os julgassem culpados.

O filme nos causa sensações adversas, nos deixando por vezes com o estômago embrulhado, tanto pela desonesta ignorância da época, quanto por vermos que o que presenciamos no filme, não se difere em nada às prisões que vemos hoje nos Estados Unidos, assim como juízes nada imparciais e neutros, como exige a lei.

VEREDITO

Todo o processo desde o início da prisão dos sete, se mostrou político e Sorkin soube passar tanto o incômodo da situação, como causar no espectador uma sensação de algo preso na garganta.

Principalmente ao colocar Yahya Abdul-Mateen II como Bobby Seale, um líder dos Panteras Negras em meio aos manifestantes presos. Um homem negro, que esteve por Chicago durante 4 horas para palestrar, ficou preso por grande parte do julgamento sem qualquer tipo de defesa, ou fiança, apenas para servir como uma figura que causasse alguma sensação de perigo para os membros do júri.

Atuações brilhantes como a de Sacha Baron Cohen, Eddie Redmayne e Joseph Gordon-Levitt, nos mostram que a Netflix está jogando pesado ao apostar em roteiros contundentes e corajosos que contam uma parte da história americana, se colocando na janela dos lançamentos das premiações de 2021, e vai além, mostrando que o mundo estava assistindo a história dos Sete de Chicago, e nada, nem ninguém foi esquecido. 

5,0 / 5,0

Confira o trailer de Os 7 de Chicago:

Os 7 de Chicago estreia no dia 16 de Outubro na Netflix e é uma das grandes apostas do gigante do streaming para o Oscar de 2021.

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