“O vento se ergue, é preciso tentar viver”

Em que tempo se passa, afinal?
A precisão de um engenheiro e a sensibilidade do artista
“Os nazistas são uma gangue de bandidos. Aqui é um lugar bom. Não tem mosquitos, não é quente, o agrião é delicioso. É bom para esquecer coisas ruins […]. Aqui é ‘Der Zauberberg’. ‘A Montanha Mágica’, Thomas Mann? Um bom lugar para esquecer. Esquece que está lutando com a China. Esquece que fez um estado fantoche na Manchúria. Esquece que abandonou a Liga das Nações. Esquece que se tornou inimigo do mundo. O Japão vai explodir. A Alemanha também vai explodir. A Alemanha vai guerrar de novo se não impedirmos.”Após este denso diálogo, o misterioso senhor alemão some. Fica claro, ao menos para mim, que a ideia desta precisa adição ao filme, tal qual uma nova peça nos aviões, é a mensagem de Miyazaki mostrando que o filme é a sua “Der Zauberberg“. O diretor fez do filme a sua “Montanha Mágica”, contando a história de Jiro Horikoshi apenas sob a ótica de sua eterna admiração pela aviação. É um ótimo lugar para esquecer todo o conflito, e se concentrar apenas no vento, na construção do sonho, mesmo que o sonho construído por Horikoshi tenha resultado em mais guerra.