Lançado em um período turbulento para a cultura dos Estados Unidos, o filme Sindicato de Ladrões (On The Waterfront) conta a história de Terry Malloy (Marlon Brando), um ex-boxeador que era considerado promissor mas por conta de alguns imprevistos, teve a sua carreira comprometida ao entrar para a gangue exploradora de Johnny Friendly (Lee J. Cobb).
O desdobramento da trama ocorre quando um trabalhador inocente morre, e Terry começa a se sentir culpado e inicia uma tentativa de consertar suas ações passadas lutando diretamente contra as ideias ocasionais do sindicato, enfrentando também as respectivas consequências. Durante a luta, acaba se apaixonando pela irmã do falecido, a notável e inocente Edie Doyle (Eva Marie Saint).
O filme vencedor de 8 Oscars, incluindo Melhor Filme, Diretor e Ator (Marlon Brando), é dirigido pelo controverso Elia Kazan, o longa ainda é um marco importantíssimo ao discutir os direitos fundamentais do homem e a luta para fazer o que é certo sendo tratados de um ângulo ainda pouco explorado, a corrupção nos sindicatos.
Influenciado pelas ideias de Padre Barry (Karl Malden) e enraivecido por uma série de abusos, Terry decide lutar contra Friendly e toda a sujeira existente no porto.
A análise do filme se torna mais rica ao se aprofundar no contexto histórico à época da sua realização. Nos Estados Unidos, os cidadãos estavam passando por uma fase política do macarthismo, ou a caça às bruxas, na qual vários artistas e jornalistas foram perseguidos acusados de serem comunistas.
O diretor Elia Kazan denunciou várias pessoas a Comissão, fato pelo qual ele é boicotado até hoje.
Saindo dos bastidores, a força do roteiro de Budd Schulberg e Malcolm Johnson é o elemento mais impressionante do filme, a construção do arco do personagem é feita de maneira extremamente sólida e eficaz, trazendo elementos do neorrealismo italiano para Hollywood, mostrando a sociedade tal como ela se apresentava, fazendo um retrato da verdade, com filmes que seriam quase documentários.
Lee J. Cobb, rouba absolutamente todas as cenas em que aparece, sendo igualmente convincente como um homem acolhedor e simpático, e, logo depois, se tornando um chefão da máfia desumano.
Mas, dentre toda estrutura montada, não poderíamos esquecer dele, o herói – ou anti-herói – Marlon Brando. É nesta atuação que, talvez, ele construa seu melhor personagem; como ele cria suas dúvidas, aqui, é justamente a marca que confunde ator e papel, a arte e a verdade.
O que vemos, ao longo dos minutos, é o desenrolar de um caráter simples, um tempestuoso e explosivo jovem que, confrontado com a realidade, se mostra preparado para encarar os problemas com atos que, no caso, possam colocar o próprio indivíduo em risco.
Somos levados, enquanto espectadores, ao mesmo confronto que o personagem: primeiramente porque não nos identificamos com o tal, o cinismo e a distância do mesmo é algo que nos afasta, mas com o passar do tempo e das suas atitudes, fica impossível não criarmos uma afeição e, claro, a esperança de um resultado positivo.
Marlon Brando chama o espectador para a trama com maestria, incluindo-o exatamente com o que ele atua, na construção de uma visão complexa em algo supostamente simples. Brando mais uma vez, visceral.
No mais, resta tecer alguns comentários em relação à trilha sonora e ao uso da câmera. A primeira ficou a cargo de Leonard Bernstein e é interessante notar como é feita a construção do clima e da tensão no filme, alternando-se cenas com música e outras no mais completo silêncio; quanto à segunda, vale a menção da sequência final do filme e o modo como a mesma é utilizada de forma inesquecível.
Confira o trailer legendado:
Sindicato de Ladrões é um filme que retrata e intensifica a nossa consciência. Se tornando um clássico obrigatório que tende a mesclar com as nossas emoções e nos colocam diante de acontecimentos que permite uma reflexão a respeito da temática atemporal.
E você, já assistiu este clássico? Se ainda não, assita e volte aqui para deixar seus comentários e sua avaliação da nossa 14ª indicação no TBT do Feededigno!