Início FILMES Crítica TBT #200 | Cantando na Chuva (1952, Stanley Donen e Gene Kelly)

TBT #200 | Cantando na Chuva (1952, Stanley Donen e Gene Kelly)

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cantando na chuva

O Feededigno chega a marca de duzentos TBTs e para comemorar os diversos longas que já passaram por aqui, nada melhor do que analisar um filme que fala justamente sobre o cinema. Há 70 anos chegou aos cinemas Cantando na Chuva, um clássico reconhecido mundialmente pela música que leva seu título, mas que é glorioso em sua totalidade. 

O longa é dirigido por Stanley Donen e Gene Kelly, por sua vez, Kelly também protagoniza o filme ao lado de Donald O’Connor, Debbie Reynolds e Jean Hagen. No roteiro estão Betty Comden e Adolph Green. Cantando na Chuva ganhou duas estatuetas no Oscar de 1953, Melhor Atriz Coadjuvante, para Jean Hagen, e de Melhor Trilha Sonora. 

SINOPSE DE CANTANDO NA CHUVA

Don Lockwood (Gene Kelly) e Lina Lamont (Jean Hagen) são dois dos astros mais famosos da época do cinema mudo em Hollywood. Seus filmes são um verdadeiro sucesso de público e as revistas inclusive apostam num relacionamento mais íntimo entre os dois, o que não existe na realidade. Mas uma novidade no mundo do cinema chega para mudar totalmente a situação de ambos no mundo da fama: o cinema falado, que logo se torna a nova moda entre os espectadores.

ANÁLISE

Cantando na Chuva é um exemplo de que para ser um grande filme, não necessariamente precisa ter uma ideia brilhante e nem uma visão de diretor. Nos anos 50, o estúdio MGM buscava reviver o sucesso de seu filme Sinfonia em Paris (1951), ganhador de seis Oscar e que trazia Gene Kelly no papel principal. A aposta do produtor Arthur Freed foi pegar algumas músicas que tinham sido esquecidas pelo estúdio para que os roteiristas Betty Comden e Adolph Green criassem um novo musical. Faltava um protagonista e não tinha nome melhor que Kelly, o ator acabará de sair de uma produção rentável e era uma estrela, tanto que ficou a cargo da direção de coreografias e assinou como diretor ao lado de seu amigo Stanley Donen.

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Logo, o filme que tinha tudo para ser visto como mais um enlatado de estúdio que estava reciclando ideias já conhecidas se tornou um grande clássico ao unir tudo de maravilhoso que existe no cinema. É evidente que Kelly e Donen tiveram algumas liberdades criativas na condução do filme, mas também é inegável que Cantando na Chuva é um filme de estúdio, daqueles que balançam entre arte e mercado, algo que raramente vemos hoje em dia. 

A história por si só é um show à parte. O longa se passa no final da década de 20, quando o cinema mudo foi substituído pelo cinema falado e muitos atores tiveram que se reinventar. É o caso do versátil e carismático Don Lockwood e da esnobe e mesquinha Lina Lamont, ambos são estrelas do cinema mudo, mas quando precisam soltar a voz nas telas, Don se sai melhor, enquanto Lina é péssima.

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Para dublar a artista de cinema, a ingênua e doce Kathy Selden (Debbie Reynolds) é contratada, mas logo, ela e Don desenvolvem um belo romance. Ainda há espaço para o melhor amigo de Don, o hilário Cosmo Brown ( Donald O’Connor). Dessa forma, Cantando na Chuva monta um elenco afinadíssimo, onde cada atuação e interação é digno ou de apaixonantes suspiros ou divertidos risos. 

É certamente um filme para despertar o bom humor e isso fica marcado em seu repertório musical. Seja no humor físico que Donald O’Connor cria na canção “Make ‘em Laugh”, na ilustre coreografia de “Good Morning”, no qual o trio Kelly, Reynolds e O’Connor brincam com cenário de uma casa ou nos irreverentes e espontâneos passos de Kelly no clássico “Singing in the Rain”. Praticamente tudo em Cantando na Chuva é contagiante e transmite uma sensação de maestria. 

E o motivo disso se revela nos bastidores do filme, O’Connor, por exemplo, fumava três carteiras de cigarro por dia e precisou ser hospitalizado ao fim dos movimentos paspalhões dados em seu número, enquanto Reynolds com então 19 anos na época do filme treinou seu sapateado até seus pés sangrarem, já boatos contam que Kelly estava com uma febre de 39º quando gravou na chuva. Talvez, essas sejam as verdadeiras definições de sacrifício pela arte. 

Ainda assim, é preciso comentar o quanto é revigorante assistir um filme que fala sobre o cinema de uma forma tão lúcida. De fato existe o ofício e a beleza da coisa, mas se tratando da indústria cinematográfica existe também o lucro. Isso fica evidente quando o filme foca em mostrar como foi difícil sair do cinema muda para entrar no cinema falado, tanto para os estúdios, como para o público. Mas, quanto Cantando da Chuva dá espaço para sua imaginação musical sem medo de ser feliz é certamente os momentos em que o filme mais cresce. 

VEREDITO

Cantando na Chuva é um clássico do cinema e se você ainda não viu, faça um favor a si mesmo e contemple essa grande obra prima. Em tempo, vale ressaltar o design de produção do filme que transforma cômodos, estúdios de cinema, ruas e até mesmo o abstrato em incríveis cenários. 

5,0/5,0

Assista ao trailer de Cantando na Chuva:

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