Início FILMES Crítica TBT #209 | Fogo Contra Fogo (1995, Michael Mann)

TBT #209 | Fogo Contra Fogo (1995, Michael Mann)

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TBT #209 | Fogo Contra Fogo (1995, Michael Mann)

Você sempre pode recomeçar, até o momento em que não puder mais. Assim se cruzam as vidas do policial Vincent Hanna (Al Pacino) e do assaltante Neil McCauley (Robert De Niro), protagonistas de Fogo Contra Fogo, excepcional duelo construído por Michael Mann, o último assalto do grupo de Neil significa a chance derradeira de Vincent. Tudo é decisivo.

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SINOPSE

Em Los Angeles é cometido um assalto no qual são roubados US$ 1,6 milhão de títulos ao portador e três policiais são mortos no assalto. Assim, um detetive da Divisão de Roubo e Homicídio (Al Pacino) assume o caso. Apesar de contar com poucas pistas, de estar lidando com ladrões profissionais além de ter problemas em sua vida pessoal, ele tenta impedir que esta quadrilha continue operando.

ANÁLISE

Pacino interpreta Vincent Hanna, um agente do Departamento de Roubos e Homicídios de Los Angeles. De Niro dá vida para Neil McCauley, um dos maiores profissionais do crime organizado. O caminho de ambos se encontra a partir do momento em que Hanna passa a investigar um roubo e todas as pistas o levam para o confronto com McCauley. São dois homens inteligentes, talentosos e considerados os “melhores” do seu ramo, e um confronto é inevitável.

O elenco é primordial para toda a construção especificada que Mann propõe, o que nos traz ao duo principal de monstros, onde a absorção deles em cena exige um olhar para trás que, de forma intrigante, percebemos aqui a intenção de propor este embate prestigioso de lendas de dois caras históricos ao cinema policial norte-americano. De figuras que foram partícipes, no eixo viral da Nova Hollywood.

É impressionante como Michael Mann consegue introduzir tanta informação útil e desenvolver o background de muitos personagens secundários sem parecer que está apenas enrolando e gastando o nosso precioso tempo. Aliás, vale dizer que são quase três horas de duração de filme. A narrativa é tão eficiente que nem sentimos os 172 minutos. Do lado dos “mocinhos”, uma subtrama é dedicada para desenvolver a enteada de Hanna, que é um dos primeiros trabalhos no cinema da atriz Natalie Portman.

Desde o início, o impecável roteiro entrelaça de maneira consistente os caminhos de seus diversos personagens, criando uma narrativa sempre envolvente e dinâmica, que jamais soa confusa, graças também ao bom trabalho dos montadores Pasquale Buba, William Goldenberg, Dov Hoenig e Tom Rolf, que alternam num ritmo interessante entre a investigação de Vincent e as ações do grupo de Neil, acertando ainda nas cenas de ação.

Com a evolução da narrativa, os núcleos dramáticos diminuem e a tensão se concentra nos protagonistas. Os demais personagens estão lá, são os companheiros da polícia ou do crime, mas os dramas não surgem; desprendem-se da vida de ambos – a enteada e a mulher de Vincent, o amigo e a esposa de Neil – para deixá-los ainda mais dependentes dos seus trabalhos, isto é, um do outro. Isolados pela ambição desenfreada, apenas as armas – as quais recebem atenção quando aparecem – e as luzes de Los Angeles, esse labirinto interminável, os acompanham.

VEREDITO

Com uma rara profundidade dramática e um complexo estudo de personagens pouco comum no gênero, Fogo Contra Fogo é um excepcional filme de ação, que traz ainda uma das mais sensacionais cenas de tiroteio já vistas no cinema. Ao estudar personalidades tão parecidas em corpos inimigos, Michael Mann entrega mais do que um ótimo filme de ação, trazendo dois homens obstinados por suas profissões, que, numa melancólica ironia, dependiam um do outro para se sentirem completos, mesmo estando em lados opostos da lei.

4,5 /5,0

Assista ao trailer:

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