Início FILMES Crítica TBT #29 | Sociedade dos Poetas Mortos (1989, Peter Weir)

TBT #29 | Sociedade dos Poetas Mortos (1989, Peter Weir)

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TBT #29 | Sociedade dos Poetas Mortos (1989, Peter Weir)

“Fui para os bosques viver livre como quisesse. Para sugar todo o tutano da vida. Para aniquilar tudo o que não era vida. E para, quando morrer, não descobri que não vivi.”

Sociedade dos Poetas Mortos é um clássico de 1989 e dirigido pelo australiano Peter Weir (O Show de Truman). Na trama, que se passa em 1959, em uma tradicional escola preparatória chamada Academia Welton, um ex-aluno, John Keating (Robin Williams), se torna o novo professor de literatura, mas logo seus métodos de incentivar os alunos a pensarem por si mesmos cria um choque com a ortodoxa direção do colégio, principalmente quando ele fala aos seus alunos sobre a “Sociedade dos Poetas Mortos”.

O longa, que completou 30 anos, recebeu quatro indicações ao Oscar de 1990 (Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator, vencendo na categoria de Melhor Roteiro Original) – no Globo de Ouro foi indicado nas mesmas categorias. Além disso, Sociedade dos Poetas Mortos venceu o César de Melhor Filme Estrangeiro.

O filme teve um orçamento de aproximadamente US $ 16,4 milhões e faturou, apenas em solo americano, US $ 96 milhões, ficando entre as dez maiores bilheterias do ano nos Estados Unidos e uma das cinco maiores internacionais.

“Não importa o que digam a vocês, palavras e ideias podem mudar o mundo” – John Keating

Muitos dos acertos do filme se devem ao incrível trabalho de Peter Weir e Tom Schulman, diretor e roteirista, respectivamente. Boa parte do que é apresentado na produção foi baseado nas experiências pessoais de ambos. O roteiro de Schulman, por exemplo, vem de sua própria vida acadêmica, passada na Montgomery Bell Academy, uma escola preparatória para meninos em Nashville, nos Estados Unidos.

O roteiro faz um excelente trabalho ao criar e estabelecer a relação do professor Keating com os alunos. A projeção carrega inúmeros momentos memoráveis carregados de reflexões, e a maioria deles resulta dessa dinâmica.

É indiscutível que o texto de Tom Schulman aliado á direção de Peter Weir deixou a química entre os personagens ainda mais genuína e convincente. A escolha do diretor de gravar o longa todo em ordem cronológica contribuiu para o resultado brilhante que vemos na tela. Para deixar ainda mais verossímil essa relação, o cineasta optou por manter os atores no mesmo quarto para estreitar os laços entre eles e deu bastante liberdade para o Robin Williams fazer o seu trabalho.

O diretor de fotografia australiano John Seale (Mad Max: Estrada da Fúria, 2015) é o responsável pela brilhante cinematografia de Sociedade dos Poetas Mortos. Ele utiliza o recurso de luz e sombra de maneira muito interessante em alguns momentos e consegue passar um senso de aventura muito grande em cenas noturnas com neblina, podemos perceber isso no momento em que os garotos fogem da escola para a primeira reunião da Sociedade.

A trilha sonora do compositor francês Maurice Jarre (Ghost – Do Outro Lado da Vida, 1990) é outro ponto alto da película. A canção Keating’s Triumph é umas das mais lindas, forte e que eleva ainda mais a cena final, que é uma das mais empolgantes e sublimes de todo o filme.

#OCAPTAINMYCAPTAIN

“Meu brado bárbaro ecoa acima dos telhados do mundo” – Walt Whitman

Robin Williams faz aqui um de seus trabalhos mais brilhantes. Ao dar vida ao professor John Keating, o ator injeta no personagem um ar paternal e de tranquilidade que encanta logo de cara. Ademais, ele consegue despertar uma inquietude, não apenas nos seus alunos, mas também no espectador. Uma inquietude que nos motiva a pensar fora da caixa e a seguirmos naquilo que acreditamos.

Luke Buckmaster, crítico de cinema do The Guardian, destaca em seu artigo de comemoração do 30º aniversário do filme, o impacto cultural de Sociedade dos Poetas Mortos. Ele aponta que esse impacto pode ser observado na maneira como, para toda uma geração, a frase “O Capitão! Meu Capitão” não evoca o poema de onde se originou – a elegia de Walt Whitman, ao então recém-assassinado presidente americano Abraham Lincoln -, mas o ator Robin Williams.

Em 2014, após a morte por suicídio de Williams, a hashtag #ocaptainmycaptain se tornou viral, destacando mais uma vez o quanto esse papel e essa frase se tornaram símbolos atemporais da história da sétima arte capaz de marcar a vida de um ator e de uma geração inteira.

“CARPE DIEM”

Sociedade dos Poetas Mortos é um dos títulos que fazem parte da lista de filmes mais inspiradores de todos os tempos do AFI (American Film Institute). Além disso, a frase latina “Carpe Diem” entrou para a história do cinema e ficou entre as 100 frases mais citadas em longas-metragens de acordo também com o AFI.

Trabalhando questões como a supervalorização da tradição, conformismo, a importância da arte e da cultura na vida de uma pessoa e fazendo uma dura crítica aos sistemas educacionais que querem formar máquinas e não cidadãos pensantes, o longa de Weir deve ser visto por quem ainda não viu e revisitado sempre por quem já assistiu. É uma experiência incrível, com lições valiosas, e necessárias, passadas através de uma das mais belas artes, o cinema.

Ah, e não posso esquecer:

“Carpe diem. Aproveite o dia, garotos. Torne sua vida extraordinária.”

Confira o trailer legendado abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=2j8xOH0udMA


Sociedade dos Poetas Mortos
está disponível no catálogo da Netflix. Corra para assistir essa obra de arte e depois conta para a gente aqui nos comentários o que achou. Não esqueça de conferir os outros textos da campanha TBT do Feededigno e de compartilhar essa indicação com os seus amigos nas suas redes sociais.

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