O ano era 1994, uma época em que os vampiros das telonas costumavam morrer e não brilhar de maneira estranha. Apesar de muita polêmica, desistências e incertezas, estreava Entrevista com o Vampiro (Interview with the Vampire), baseado na obra homônima de Anne Rice, e dirigido por Neil Jordan.
A crítica da época não sabia, mas o filme tão mal avaliado e rejeitado (até mesmo pela escritora do livro) antes de seu lançamento, envelheceu muito bem e é hoje uma das referências do cinema mundial.
“Vou dar a você a escolha que eu nunca tive!”
Em uma destas aventuras, ele chamou a atenção de Lestat de Lioncourt (Tom Cruise) um poderoso vampiro, que viu no belo jovem um possível companheiro para sua eterna jornada ensanguentada.
“O mal é um ponto de vista, Deus mata indiscriminadamente e nós também”
Após ser transformado em vampiro, Louis fica assustado e evita ao máximo matar para poder se alimentar. Na esperança de não se tornar o assassino cruel que vê em Lestat, ele aplaca sua sede matando ratos ou outros animais, no intuito de não vir a matar humano algum.
Em sua obsessão por evitar a proximidade com humanos e por consequência o aumento de sua tentação, ele põe fogo em sua rica propriedade e tenta viver de uma maneira a não prejudicar e até mesmo ajudar os humanos que ele encontra.
Tentando fazer o bem ele encontra uma criança que perdeu sua mãe para uma doença, e tentando poupá-la de tamanho sofrimento, ele à ataca e assustado, à deixa para morrer. Para seu azar, Lestat a “salva” e eles transformam a pequena e órfã Claudia (Kirsten Dunst, com seus 12 aninhos) em uma vampira.
“O inferno existe, não importa para onde formos estarei nele!”
É neste ponto que o enredo aborda temas mais polêmicos, porque com o passar do tempo, a pequena vampira percebe que seu corpo não envelhece, e mesmo com idade adulta, ela segue com sua aparência infantil. Porém, apesar das aparências, ela começa a nutrir um afeto diferente por Louis, muitas vezes chamando-o de seu amante.
“Vampiros que fingem ser humanos que fingem ser vampiros, que vanguarda!”
A alegoria do vampirismo sendo retratado como outros sentimentos humanos é muito bem trabalhada, à exemplo do livro, e muitas vezes causa até mesmo algum desconforto. A clara atração entre os vampiros é tratada com certa sutileza, apesar da nítida paixão repentina que Armand (Antônio Banderas) se tornar mais clara e fundamental para a história ao final do filme.
Ainda que o livro seja muito mais sexual do que o longa, em nada se perde na intenção e apresentação das inteligentes linhas que Anne Rice escreveu. A própria escritora, que antes do lançamento do filme criticava fervorosamente, se surpreendeu e reconheceu ao final que a obra de Neil Jordan era realmente um primor, fidelíssima ao seu livro, e muito bem transferida para a tela.
Vale destacar também as brilhantes interpretações (sem trocadilho com Crepúsculo, por favor) de Brad Pitt e Tom Cruise (que não teria um protagonismo tão grande se não fosse sua extrema dedicação ao papel). Além do exposto, fundamental foi também o esforço de David Geffen, produtor, que convenceu Pitt a não abandonar as filmagens por não estar contente com a forma como o longa era gravado.
VEREDITO
A dedicação com os efeitos e maquiagem (alguns dos atores chegavam a ficar 3h pendurados de ponta cabeça para que as veias ficassem mais nítidas e a maquiagem fosse a partir delas) foi um dos pontos altos (e também um dos motivos para Pitt querer desistir). As filmagens eram feitas todas à noite para contribuir com o clima sombrio do filme e certamente fizeram a diferença.
Apesar de algumas pequenas falhas e cenas “forçadas”, o longa é uma ótima memória da década noventista e merece ser bem degustado e elogiado. Se ainda não conheceu o filme, vale lembrar que ele está disponível no catálogo da Netflix.
Assista ao trailer:
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