Início FILMES Crítica TBT #97 | A Caça (2012, Thomas Vinterberg)

TBT #97 | A Caça (2012, Thomas Vinterberg)

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TBT #97 | A Caça (2012, Thomas Vinterberg)

Ao lado de Lars Von Trier (Melancolia), o cineasta Thomas Vinterberg é atualmente um dos diretores mais conceituados da Dinamarca. Com uma filmografia caracterizada por dramas pesados, focados nas relações familiares, como o excelente Festa de Família, Vinterberg aplica em A Caça, um longa com uma temática tensa e espinhosa, que pode causar arrepios nos espectadores mais sensíveis.

SINOPSE

Lucas (Mads Mikkelsen) acaba de dar entrada em seu divórcio. Ele tem um novo emprego na creche local, uma nova namorada e está ansioso pela visita de natal de seu filho, Marcus (Lasse Fogelstrom). Mas o espírito natalino desaparece quando Klara (Annika Wedderkopp), uma aluna de cinco anos de idade, faz uma acusação de abuso sexual contra Lucas, o que desencadeia o ódio de toda a comunidade em que ele vive.

ANÁLISE

É interessante olhar como Thomas Vinterberg jamais posiciona seu protagonista em um dos extremos da acusação. Nós até vemos que ele não cometeu tal ato e, ao mesmo tempo que o defendemos, também ficamos com um pé atrás sem ter a certeza absoluta de sua inocência, tornando a situação ainda mais ambígua.

É um filme sobre um assunto delicado e abordado de maneira realista: os close-ups no rosto dos personagens, a câmera fora do eixo (sugerindo um olhar quase documental), os diálogos naturais e precisos, o uso recorrente do zoom-in e muitas outras técnicas são bem aplicadas de forma magistral. Há também uma forte carga simbólica na encenação de certos momentos e planos.

A Caça tem uma paleta de cores centralizadas em tons quentes para simbolizar o suspense e temática da obra.

O diretor consegue capturar com maestria todo o sentimento de Lucas, é impressionante como ele começa o filme de forma leve, descontraída e harmoniosa, de repente uma nuvem negra cega todos e a história vira um verdadeiro terror, passando a tempestade o sol ilumina todos, mas Lucas ainda causa desconfiança e fica sob o alvo do desconhecido.

Aliás, é imprescindível destacar a atuação substancialmente primorosa de Mikkelsen, afirmo peremptoriamente que é uma das melhores atuações que já tive o prazer de vislumbrar. O personagem Lucas impedem conclusões simplórias, foi vivido pelo ator sob uma verdade tal que para olhares atentos, a sensação de pesar para com sua delicada situação e a incerteza presente em suas excêntricas reações se alternam com uma constância assombrosa.

A fotografia, dirigida por Charlotte Bruus, é deslumbrante, eventualmente segue ótimos planos seja em cenas mais fechadas dentro de casas e demais locações ou em planos abertos, como os momentos em que somos contemplados às cenas nas florestas com uma excelente estética.

VEREDITO

A Caça é um dos filmes mais complexos da última década, embora pareça simples. Ele critica o movimento de manada, o tribunal passional do achismo que se potencializou com o advento da internet, mas ainda faz com que nos questionemos: será que nesse caso, nós também não julgaríamos? O filme mostra como que o vigilantismo pode destruir a vida de um potencial inocente.

Sem contar que a personagem Klara que, apesar de ser uma criança, consegue ser a personagem mais complexa da história. Ela absorve influências nocivas e acaba cometendo um erro por uma inocência até comovente, mas que acaba gerando um efeito bola de neve colossal. Filme humano, real, reflexivo, ambíguo e extremamente intenso. O cinema dinamarquês em extrema boa forma.

Assista ao trailer:

E você, já assistiu A Caça? Deixe seus comentários e lembre-se de conferir as indicações anteriores do TBT do Feededigno.



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