Os conflitos sempre foram uma marca presente nos quadrinhos, tornando-se uma temática bastante explorada neste meio. Desde ideologias de super-heróis americanos à graphic novels aclamadas pelo público sobre as grandes batalhas. Os desafios, a dor das perdas e as crueldades da guerra foram retratadas com muita habilidade em diversos quadrinhos. Listamos alguns que consideramos marcantes.
1. PERSÉPOLIS
A autora nos conta sua infância até o início da fase adulta e nos mostra como foi crescer em um ambiente opressor durante conflitos e guerras.
A narrativa é espontânea, chegando a ser divertida em alguns momentos, conduzindo o leitor a ter um conhecimento profundo sobre a cultura iraniana, assim, nos dando uma visão diferente e mais compreensiva daquele povo.
Com ilustrações simples, a artista iraniana Marjane Satrapi nos leva a uma viagem no tempo. É uma obra emocionante que representa a luz e o brilho de uma civilização riquíssima em meio ao caos.
A HQ teve uma adaptação para as telonas com um longa animado homônimo.
PUBLICAÇÃO RELACIONADA | #52filmsbywomen 38 – Persépolis (2007, Marjane Satrapi)
2. MAUS
O livro é considerado um clássico contemporâneo das histórias em quadrinhos. Foi publicado em duas partes, a primeira em 1986 e a segunda em 1991. No ano seguinte, o livro ganhou o prestigioso Prêmio Pulitzer de literatura.
Nas tiras, os judeus são desenhados como ratos e os nazistas ganham feições de gatos; poloneses não-judeus são porcos e americanos, cachorros. Esse recurso, aliado à ausência de cor dos quadrinhos, reflete o espírito do livro: trata-se de um relato incisivo e perturbador, que evidencia a brutalidade da catástrofe do Holocausto.
3. OS VAMPIROS
Um grupo de nove soldados portugueses atravessam a fronteira para uma operação aparentemente simples. No entanto, à medida que avançam pelo mato, estes soldados vão mergulhar num verdadeiro pesadelo.
Inspirado pela canção homônima de Zeca Afonso, este livro é o resultado de quatro anos de pesquisa e a história é baseada em mais de cinquenta horas de depoimentos testemunhos de ex-combatentes.
É uma reflexão sobre o subconsciente, sobre a guerra e sobre o medo.
4. O XERIFE DA BABILÔNIA
Acompanhamos três linhas narrativas que se entrelaçam:
Christopher, oficial dos EUA, está no país para treinar a nova força policial iraquiana;
Sophia foi exilada nos Estados Unidos após a sua família ser assassinada e é uma das cotadas para assumir o governo do novo Iraque;
E Nassir, um policial iraquiano que se transformou em um investigador com trânsito pelos labirintos do que restou do poder da época de Saddam.
Trata-se de um gibi policial repleto de intrigas e mistérios. Tudo é extremamente cru e jogado na cara do leitor, sem filtros para suavizar os acontecimentos.
A experiência do autor Tom King em seu período na CIA certamente contribuiu para essa pegada realista que encontramos nas páginas de O Xerife da Babilônia, onde nada é feito para minimizar os efeitos de uma guerra onde todos, no final das contas, são vítimas.
5. ERA A GUERRA DE TRINCHEIRAS
Ganhadora de prêmios internacionais, Era a Guerra de Trincheiras mostra a situação brutal e desumana dos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial.
No traço marcante do mestre Tardi, a obra se revela um relato realista e uma indispensável denúncia do absurdo de todas as guerras.
O uso do preto e branco usado de forma expressionista pelo autor, tem o objetivo de levar o leitor a olhar lentamente para os quadros buscando uma narrativa reflexiva para consumir todo tipo de informação possível.
Sendo exposto uma arte nua e crua mostrando um dos maiores acontecimentos da história da humanidade.
6. JUSTICEIRO: NASCIDO PARA MATAR
A história se passa já no final da guerra, os Estados Unidos estavam sofrendo uma grande pressão popular para trazer seus jovens de volta.
O Presidente Nixon passa a reduzir as tropas americanas a números cada vez menores e os vietnamitas do sul passam a reassumir suas responsabilidades militares no confronto. É nesse cenário que conhecemos o Capitão Frank Castle.
O roteiro de Garth Ennis é visceral, detalhando seus personagens, a relação de medo e respeito entre os personagens, fazendo o uso de conceitos deturpados de justiça aplicados pela mente doentia de seu protagonista, além de todo um esmero em escrever um retrato de uma época.
7. GEN PÉS DESCALÇOS
Gen Pés Descalços foi primeiramente lançado em série, nos anos 1972 e 1973, na Shonen Jump, uma das principais revistas semanais de histórias em quadrinhos do Japão.
É um relato comovente da difícil vida de uma família japonesa, vítima da bomba atômica, durante e após a Segunda Guerra Mundial.
Teve um grande sucesso não somente entre os leitores jovens, mas também com pais, professores e críticos.
Gen foi transformado em longa-metragem de animação, três filmes e até uma ópera. As edições em livro venderam mais de 5 milhões de exemplares só no Japão.
A obra mostra sua clara intenção de não só entreter com a história autobiográfica do autor mas também de educar o leitor e mostrar como a mentalidade da população japonesa funcionava e porque o Japão continuou na guerra mesmo sabendo da sua inevitável derrota.
8. O FOTÓGRAFO
Naquela época, o país estava em guerra, com tropas da União Soviética lutando contra os guerrilheiros Mujahidin (que mais tarde instalaria o Talibã no poder). Lefèvre achou a experiência tão marcante que resolveu transformá-la em livro.
Dividida em três volumes, a obra traz o relato pessoal da experiência de Lefévre no país, com as dificuldades e perigos enfrentados pelo profissional e pela equipe de Médicos Sem Fronteiras.
A história é contada através da mistura de fotos em preto e branco do autor e quadrinhos assinados por Emmanuel Guibert, com diagramação e cores de Frédéric Lemercier.
O Fotógrafo é essencial tanto como arte quanto para entender a complexa história do Afeganistão.
9. ÁS INIMIGO – UM POEMA DE GUERRA
No decorrer do quadrinho, ambos compartilham experiências (Edward Mannock, o jornalista, serviu no Vietnã) e falam sobre morte e vida, escolhas, medos e compaixão.
A certa altura, em uma das páginas duplas mais lindas do gibi, Von Hammer recorda de uma noite de Natal durante a Primeira Guerra, onde soldados ingleses e alemães confraternizaram em meio às trincheiras, enquanto bebiam rum e falavam sobre suas famílias.
A HQ foi lançada no Brasil em 1995 e tornou-se muito rara no país.
10. KOBANE CALLING
A partir dessa viagem, Zerocalcare produz uma reportagem de sinceridade pungente, um testemunho indispensável e perturbador que transmite a complexidade e as contradições de uma guerra muitas vezes simplificada pela mídia internacional e pelos discursos políticos.
Tudo isso com um tom inimitável, extremamente bem-humorado e ao mesmo tempo tocante – a linguagem e o universo de um autor que sabe como ninguém representar as pessoas, o cotidiano, os medos e as aspirações de sua geração.
Blogueiro e autor de quadrinhos com viés autobiográfico, Zerocalcare é um fenômeno editorial de um sucesso sem precedentes na história dos quadrinhos italianos, pronto para conquistar o mundo.
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