Hoje irei falar da minissérie Drácula, da BBC e que está disponível na Netflix. Desenvolvida pelos criadores da série Sherlock – Steven Moffat e Mark Gatiss – , ela conta com um elenco menos famoso; tendo Claes Bang como o icônico protagonista.
Se você curte o centenário conde chupador de sangue, e quiser saber desde a origem, as principais adaptações, curiosidades e referências, veja nosso especial de 122 anos do Drácula no texto abaixo:
PUBLICAÇÃO RELACIONADA | Drácula: Dissecando a criatura mais popular da cultura pop
A minissérie Drácula estreou na Netflix no último sábado (4 de Janeiro) e conta com 3 episódios de pouco mais de uma hora cada um. E por isso esse texto terá uma analogia dividida em 3 partes; uma para cada episódio.
ALERTA DE SPOILER: Se você ainda não assistiu a minissérie, recomendo que leia mesmo assim. Eu provavelmente irei salvar umas 3 horas da sua vida. Sim, a série é ruim e é como um salto de paraquedas mal sucedido.
Episódio 1: O salto
O primeiro episódio, A Regra das Trevas (1h29min), começa como a adrenalina inicial do salto de paraquedas. Ao ver as referências ao romance de Bram fiquei extasiado. Temos ali a chegada de Jhonatan Harker (Thomas Hutter) aos Cárpatos e o medo quase palpável do povo local, temos também o cocheiro, a transação imobiliária dos imóveis em Londres, incluindo a Abadia de Carfax, um castelo sombrio e soturno e um Conde Drácula (Claes Bang) que é nitidamente uma homenagem ao Drácula de Christopher Lee; com direito à icônica frase:
“Eu não bebo… vinho.“
Mas… aos 30min do episódio você descobre que seu paraquedas não abriu.
Temos zumbis, com direito a um bebê zumbi que deixariam a equipe de efeitos especiais de The Walking Dead com vergonha, o professor Abraham Van Helsing aqui é uma freira chamada Agatha Van Helsing (ok, até temos uma série na Netflix de uma Van Helsing e a gente precisa realmente de mais representatividade feminina), mas termos Johnatan Harker como um zumbi-vampiro (WTF!?) e Mina Harker como “A” esnobada, foi triste.
O bom é que podemos pensar: Temos o paraquedas reserva (o segundo episódio).
Episódio 2: A queda
Com personagens inéditos, o episódio traz uma versão totalmente diferente do romance, porém com um desenvolvimento arrastado. Posso dizer que aqui é “o momento em que aproveitamos a queda-livre para admirar um ângulo que não costumamos ver”, porém ao final do episódio, os diretores nos apresentam o plot twist: você descobre que o seu paraquedas reserva também não abriu.
Assista ao trailer legendado:
Episódio 3: O impacto
Em Bússula Sombria (1h31min) temos uma “tataraneta” da freira Agatha Van Helsing também vivida pela atriz Dolly Wells; descobrimos também que personagens clássicos foram repaginados, com direito a Lucy Westenra (Lydia West) como uma “instagramer” com um amigo gay (lembre-se que Mina foi esnobada pela série) e Drácula no Tinder! Me desculpe Claes Bang, mas para seu “cosplay de Lucifer” ficar bom, tem que chupar muito sangue pra ter o charme do Estrela da Manhã de Tom Elis.
Como descobrimos que o paraquedas reserva não vai mesmo abrir, agora é só curtir a queda… e torcer pra que seja rápida e indolor. Mas nada é como queremos, e temos aí o velório de Lucy ao som de Robbie Williams com a canção “Angel“. SENHOR! Forçaram no quesito ressuscitar os mortos!
Nesse último episódio tudo é corrido, confuso e personagens que deveriam ser importantes são apresentados sem nenhum aprofundamento. É como se a produção tivesse se dado conta de que perderam muito tempo no segundo episódio e que ainda tinham uma história pra contar. Bom, pelo menos a queda está sendo rápida… mas, aí vem o impacto.
No fim, além das diversas bizarrices que transformam a minissérie em um verdadeiro freak show, Drácula não queima ao Sol. Pensei: “Bram, perdoe-os eles não sabem o que fazem“. Temos mais um Blade! Sério, eu rezei com muita força pra ele não brilhar ao Sol.
Resumindo: Steven Moffat e Mark Gatiss fizeram uma reunião com a equipe de produção, e após ler até a 5ª página do romance de Bram Stoker, perguntaram:
“Gente, o que está em alta?”
E provavelmente a equipe foi respondendo, aleatoriamente, sem entender:
- The Walking Dead?
- Lúcifer?
- Tecnologia?
- Diversidade?
- Representatividade?
E então, jogaram o livro no lixo e disseram:
“Blz, vamos fazer essa p#%@ do nosso jeito.“
Existem diversas adaptações de livros que são sucesso seja no cinema ou na TV, temos: Jurassic Park, Harry Potter, O Senhor dos Anéis, Game of Thrones e por mais que não sejam adaptações perfeitas e possuam suas liberdades criativas, ainda assim seguem próximas de sua fonte. Mas Drácula da BBC/Netflix é o oposto disso. É como um salto para a morte. E espero que não tenha uma pós-vida. E você, assistiu a minissérie ou não irá assistir?
Deixe seus comentários e sua avaliação (caso tenha encarado essa ingrata tarefa).
Ser um site independente no Brasil não é fácil. Nossa equipe que trabalha – de forma colaborativa e com muito amor – para trazer conteúdos para você todos os dias, será imensamente grata pela sua colaboração. Conheça mais da nossa campanha no Apoia.se e nos ajude com sua contribuição.