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CRÍTICA | Euphoria – S2E4 You Who Cannot See, Think of Those Who Can

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Confira nossa análise do quarto episódio da segunda temporada de Euphoria (HBO/HBO Max), You Who Cannot See, Think of Those Who Can

A segunda temporada de Euphoria é transmitida semanalmente na HBO e HBO Max. O quarto episódio, chamado de You Who Cannot See, Think of Those Who Can, é dirigido e escrito pelo criador da série, Sam Levinson.

Leia a seguir a análise com spoilers.

SINOPSE DE EUPHORIA S2E4

Na festa de aniversário de Maddy (Alexa Demie), os relacionamentos são celebrados e questionados. Enquanto isso, Jules (Hunter Schafer) pede conselhos a Elliot (Dominic Fike), e Cal (Eric Dane) faz uma viagem ao passado.

ANÁLISE

Faltando um episódio para o meio da temporada, Euphoria explora seus personagens de maneira silenciosa. Ou seja, o quarto episódio trouxe um estonteante visual, abordando cada personagem em sua individualidade e deixando um pouco de lado as palavras. O trabalho de produção é certeiro ao querer transmitir o que cada adolescente de Euphoria está vivendo, mas ainda falta alguma coisa. Digo isso, pois às vezes palavras são necessárias.

Rue (Zendaya) está cada vez mais perdida em seu mundo lúdico devido às drogas, e sua relação com Jules parece distante ao ponto dela precisar fingir um orgasmo. Ao mesmo tempo, o triângulo Jules, Rue e Elliot faz com que o rapaz confesse a Jules que ele e Rue estão usando drogas. Muito se comentou sobre o afastamento de Rue ter causado aproximação de Jules e Elliot, no entanto, estamos diante de uma série adolescente. 

Nada disso é dito em palavras. Os cortes e movimentos de câmera em Euphoria dão a entender pretensões, desejos e sentimentos. Cassie (Sydney Sweeney), por exemplo, está se correndo em culpa por ter traído sua melhor amiga. Os olhares obsessivos para Nate (Jacob Elordi) na festa de aniversário e o choro desenfreado pedindo desculpas a Maddy revelam que ela está prestes a falar tudo. Mas, ainda não é a hora. Lexi (Maude Apatow) acompanha o tempo todo a irmã com o olhar e percebe que alguma coisa está errada.  

Por outro lado, Maddy parece saber sobre o relacionamento dos dois. Enquanto expõe as atitudes de Nate, seu olhar desvia para Cassie, como um aviso ou somente uma leve tortura com a amiga. No mesmo modo, é um pouco irritante que o arco de Maddy dependa totalmente de Cassie. Queremos ver essa personagem, mas ainda falta independência a ela. 

Como dito, You Who Cannot See, Think of Those Who Can trabalha bastante com o visual e o que podemos ver desses personagens em seus próprios mundos. Por isso são usados planos fragmentados que destacam a fotografia. Cassie cercada de flores, Lexi em um auditório vazio, Maddy boiando na piscina – essa é a forma da série adentrar os personagens sem precisar quebrá-los.

Por isso, o único personagem que realmente vemos quebrando nesse episódio é Cal. E mais uma vez: é importante ver esse personagem? Ele nos levará a algum lugar?

Começo a fazer essas perguntas, pois apesar do ator Eric Dane ter uma incrível presença e fazer desse episódio um alívio para seu personagem, não há para onde Cal possa ir. Ainda assim, a cena em que ele confronta a família, expondo seus segredos e os de todos, têm um efeito catártico.  

Mas, voltando a Rue. Ela usa as drogas de Laurie, que supostamente deveria estar vendendo, e em sua alucinação ela deslumbra o pai e tem uma conversa sobre não ser uma boa pessoa. Mais uma vez, sua tristeza é tão grande que mina todas as suas relações. Rue é uma personagem imprevisível, tememos por ela e tememos ela. 

Por último, vale citar as incríveis referências do quarto episódio de You Who Cannot See, Think of Those Who Can. Jules e Rue fazem cenas famosas de alguns filmes, como Titanic (1997) e O Segredo de Brokeback Mountain (2005), e também recriam quadros famosos, como o Nascimento de Vênus e o autorretrato de Frida Kahlo. É interessante perceber o quanto a série brinca com essas referências e ressignifica alguns símbolos para se adequar à relação de Jules e Rue. 

VEREDITO

Agora Jules sabe que Elliot e Rue estão usando drogas, e a mentira dos dois pode não ser fácil de perdoar. Por sua vez, o outro triângulo amoroso entre Nate, Maddy e Cassie parece estar prestes a entrar em colapso. Kat continua no mesmo drama com seu namorado, e esse episódio ignora sua existência. 

A segunda temporada de Euphoria opta por explorar seus personagens de maneira individual, de modo que, à medida que os episódios passam, esses adolescentes parecem cada vez mais sozinhos e desconexos uns dos outros (talvez uma falha de roteiro?). Sabemos que não é uma série sobre felicidade, mas é hora de se perguntar o quanto mais fundo Euphoria pode chegar. 

3,5 / 5,0

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