Início SÉRIE Crítica CRÍTICA – Freud (1ª temporada, 2020, Marvin Kren)

CRÍTICA – Freud (1ª temporada, 2020, Marvin Kren)

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Freud: Pai da psicanálise confronta serial killer em nova série da Netflix

A plataforma de streaming Netflix lançou a sua primeira produção austríaco-alemã. A produção apresenta o jovem  Sigmund Freud (Robert Finster) que vive na cidade de Viena em 1886. Com isso, a trama retrata o período no qual as teorias do psiquiatra começaram a ganhar visibilidade no meio crítico dos doutores e suas teses, ao passo que enfrentava resistência dos intelectuais.

O diretor Marvin Kren e seus co-roteiristas Stefan Brunner e Benjamin Hessler, reimaginam ele de uma forma similar a um investigador. Logo no primeiro episódio, dá para notar o quão difícil a série lida com a personalidade do personagem e tenta incrementa-lá.

Durante a série, Freud sofre com uma tentativa para se tornar uma espécie de Sherlock Holmes, ao mesmo tempo que ele precisa se esforçar para que suas teorias sejam aceitas pela comunidade médica, em uma época idealista.

No decorrer da história, o nosso protagonista se une à um policial, Alfred Kiss (Georg Friedrich) e uma médium chamada Fleur Salomé (Ella Rumpf) para resolver um crime. A investigação revela uma grande conspiração criminosa na cidade.

A produção da Netflix mostra métodos que ele utilizava no qual podemos assim ter ideia justamente de tudo que ele pesquisou, sobretudo por conhecer profundamente a mente humana.

Ella Rumpf (do cult francês Grave) por sinal é o grande destaque do elenco. A atriz surpreende por sua entrega à personagem que passeia entre o medo do que está vivendo e sua personificação como Táltos, uma espécie de entidade da mitologia húngara que a domina.

O austríaco Robert Fisher, que faz o ainda inexperiente Dr. Sigmund Freud, já é mais apagado em sua atuação, mas encarna bem o médico determinado, e viciado – na vida real Freud realmente acreditava que a cocaína tinha efeitos terapêuticos, consumindo-a e indicando a pacientes –, convencendo numa suposta reconstituição de como ele poderia ter sido na juventude.

A saúde mental é tratada na série de uma forma um tanto superficial, já que eles fazem a história se entrelaçar com um mistério de assassinato, com o trabalho do Freud com Fleur e o mundo dos sonhos e pesadelos que ele vive.

A série começa com uma proposta interessante, que entrega boas reviravoltas, mas a real ação é tardia, e a trama acaba se tornando inadequada para todo o enredo central.

A trama permite distinguir três tipos de ficções:

  • Aquelas que preservam fatos históricos acrescentando-lhes novos fatos “fictícios”;
  • As ficções que preservam fatos históricos, mas os interpretam de um modo “alternativo”;
  • As ficções que criam um universo ordenado de fatos e interpretações que preservam ou derrogam a “estrutura de ficção” referida a uma verdade.

Vejamos como isso funciona em um exercício de aplicação da lógica bivalente aos oito primeiros episódios da primeira temporada da série.

É inegável que as descobertas do pai da psicanálise para a humanidade são inestimáveis. Sua obra certamente poderia render uma ótima série biográfica, a exemplo da antologia Genius do History Channel, que já trouxe temporadas com personalidades como Einstein e Picasso.

Na série da Netflix, a escolha foi por ir na contramão disso tudo. Resta a seus criadores torcerem para que ela não caia no escuridão do inconsciente. Talvez assim ainda possa ter sua vida prolongada.

Assista ao trailer:

A primeira temporada de Freud está disponível na Netflix. E você, já assistiu a série do pai da psicanálise? Deixe seus comentários e sua avaliação!



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