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CRÍTICA – Marvel 616 (1ª temporada, 2021, Disney+)

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CRÍTICA - Marvel 616 (1ª temporada, 2021, Disney+)

A série antológica documental Marvel 616 mostrou que a Marvel Studios e a Marvel Comics estão em perfeita sintonia nessa nova fase. A produção faz parte de um projeto criado em 2018 para a Disney que também conta com a série Marvel’s Hero Project.

O documentário estreou na última sexta-feira (29/01) na Disney+ com a premissa de explorar os impactos culturais, sociais e históricos do universo da Marvel Comics e sua inversão com o mundo. Através de episódios distintos o espectador é apresentado a histórias que influenciaram várias vidas.

Nesse sentido, Marvel 616 cria um sentimento de nostalgia ao mesmo que entrega algo totalmente novo. Desde o homem aranha japonês, passando pela representação feminina, artistas estrangeiros e chegando aos incríveis cosplays; são episódios que constroem uma narrativa mais interessante e engajada.

O fato da série trabalhar com diferentes diretores contribui para que cada episódio tenha um efeito único, ainda que alguns sejam mais sucedidos que outros. Dessa forma, cada cineasta expõe sua visão sobre esse universo maravilhoso que felizmente se passa na nossa Terra – 616.

Confira uma breve análise de cada episódio:

E1 – O Homem-Aranha Japonês 

É impressionante, mas muita gente não sabe que o Homem-Aranha estreou uma série japonesa que gerou grande influência no país. O primeiro episódio de Marvel 616 dirigido por David Gelb conta como essa história surpreendente começou.

No final dos anos 70, o produtor Gene Pelc viajou ao Japão e percebeu que apesar da infinidade de mangas não havia sequer um quadrinho da Marvel.

Pelc então ligou para Stan Lee e lhe deu a ideia de fazer quadrinhos do Amigão da Vizinhança voltado para o público japonês. O sucesso foi tão grande que rendeu uma série chamada Supaidāman com cinquenta episódios para a televisão.

Apesar do uniforme e alguns poderes serem iguais ao de Peter Parker, o Homem-Aranha japonês era algo completamente oriental com direito a robôs gigantes e vilões extravagantes.

Consequentemente, o episódio utiliza um extenso material como vídeos e imagens da série japonesa, além de contar com os principais atores da série.

A narrativa de forma orgânica cativa qualquer um que ame o teimoso ou adore as produções orientais. Logo, não é difícil entender o impacto cultural e técnico que Supaidāman provocou no mundo.

2 – Mais Alto, Mais Longe, Mais Rápido

Ao longo dos oitenta anos da Marvel Comics, muitas mulheres passaram pelas mesas de desenhos. Ainda que nem todas tenham ganhado seus devidos créditos, seus trabalhos foram eternizados em histórias e contribuíram para a representatividade e inclusão do público feminino no ramo.

O segundo episódio de Marvel 616 dirigido por Gillian Jacobs (Community) é intimista e vai ao cerne de questões polêmicas. Porém, tem um olhar maduro e esperançoso ao apresentar editoras como Kelly Sue DeConnick e Sana Amanat.

DeConnick criou a Capitã Marvel que conhecemos nos atuais quadrinhos e filmes, já Amanat criou a super-heroína muçulmana chamada Kamala Khan codinome Ms. Marvel.

Além de apresentar a trajetória dessas fantásticas mulheres que revolucionaram a Marvel, o episódio também conta como na década de 50, as histórias em quadrinho foram “acusadas de colocar em risco a juventude da América”.

Dessa forma, a narrativa constrói tanto uma visão histórica, como social sobre a força feminina na Marvel.

3 – Artistas Incríveis

Com a globalização da Marvel, seus artistas são pessoas de todos os cantos do planeta com vivências diferentes daqueles que originalmente fundaram a Marvel Comics. Logo, mesmo que a maioria das histórias da Marvel tenha Nova Iorque como palco principal, é através da pluralidade que crianças de todo mundo se identificam com seus personagens favoritos.

O terceiro episódio de Marvel 616 dirigido por Clay Jeter relata a jornada de dois artistas espanhóis que estão por trás de duas grandes HQs de sucesso.

O artista Javier Garrón nunca desistiu do seu sonho de trabalhar para a Marvel e atualmente, todo estilo visto nas histórias de Miles Morales é obra sua. Já a artista Natacha Bustos é responsável por Garota da Lua e Dinossauro Demônio.

Ambos os artistas desenham histórias que carregam representatividade e inspiram empoderamento. O episódio aborda também seus processos criativos e quais caminhos esses artistas tomaram em suas vidas. Além disso, é um episódio que desmistifica os Estados Unidos como centro da Marvel.

4 – Achados e Perdidos

O quarto episódio é sem dúvida o mais deslocado da série Marvel 616. Na premissa, o comediante Paul Scheer vai atrás de personagens da Marvel que mal tiveram mais de dez edições em quadrinhos e nunca foram vistos ou ouvidos novamente. Contudo, a comédia exacerbada e direção desinteressante de Scheer torna o episódio maçante.

Ainda assim, é surpreendente ver como alguns heróis simplesmente não dão certo e são esquecidos pela eternidade. Com uma variedade de 50 mil personagens, Paul Scheer escolhe as quatros edições de Força Animal para resgatar do esquecimento.

Força Animal é um grupo de heróis metade animal e metade robôs que lutam contra crimes ambientais. Logo, Scheer constrói um novo designer para esses personagens a fim de vender como um possível sucesso aos executivos da Marvel.

5 – O Traje Perfeito

A arte de fazer cosplay é tanto uma forma de prestar homenagens aos personagens, como fazer parte de um grupo.

O quinto episódio é dirigido por Andrew Rossi e acompanha cinco cosplayers na Comic Con de Nova Iorque. É um olhar bastante intimista sobre a vida dessas pessoas que visa entender o que os move a fazerem cosplays.

Nesse sentido, o episódio acompanha suas trajetórias na montagem de uma roupa, desde a concepção do visual até a costura do traje. Logo, ao focar na vida pessoal dos cosplayers, o episódio aborda todo processo cansativo que é fazer essa arte. Porém, a gratificação acontece na convenção de Nova Iorque.

Fazer cosplay é uma arte que transmite alegria e externaliza sentimentos pessoais. Além disso, o episódio mostra a importância de estar em uma comunidade saudável que aceita seus membros.

O episódio também fala como a arte pode ajudar com questões sobre gênero e distúrbios psicológicos.

6 – Tirando da Caixa

A Marvel sempre esteve presente no mundo dos brinquedos; seus colecionáveis geram milhões de dólares por ano. Logo, é inevitável não falar sobre como a indústria de brinquedos da Marvel se transformou ao longo das gerações.

O episódio Tirando da Caixa dirigido por Sarah Ramos aborda desde do surgimento dos primeiros brinquedos Marvel até os famosos Funko.

Nesse sentido, o episódio tem uma narrativa lenta mostrando momentos históricos, como as primeiras propagandas da linha Marvel Legends inicialmente produzida pela Toy Biz. Contudo, em 2007 a empresa fechou e as figuras de ação passaram a ser produzidas pela Hasbro.

Além disso, as entrevistas com CEOs e funcionários das empresas mostram os pontos positivos e negativos de se estar no ramo dos brinquedos.

Apesar do episódio ser consistente, o foco na indústria tira o mais interessante de ser visto, justamente os colecionáveis.

7 – O Método Marvel

Dan Slott.

O sétimo episódio de Marvel 616 dirigido por Brian Oakes é um agrado aos fãs mais antigos. O Método Marvel de fazer quadrinhos foi criado por Stan Lee e Jack Kirby nos anos 70 e ainda é usado por alguns veteranos como Dan Slott.

No processo é apresentado ao desenhista um roteiro curto, no qual o artista tem a liberdade de criar novas cenas. Em seguida, ao retornar ao escritor os personagens ganham suas falas de acordo com o que foi desenhado. O método trabalhoso e estressante é pouco usado atualmente, mas rendeu histórias como A Morte do Homem-Aranha e Homem de Ferro 2020.

Nesse sentido, o episódio mostra o dia a dia do roteirista e desenhista passando por seus conflitos e agendas apertadas.

Infelizmente, é um episódio fraco e que deixa a desejar. A falta de criatividade em mostrar como é aplicado O Método Marvel torna o episódio entediante.

8 – No Holofote

Para o último episódio de Marvel 616, a gigante dos quadrinhos mostrou que é capaz de transformar até mesmo os jovens.

No Holofote dirigido por Alison Brie (Community) acompanha duas turmas de uma escola em Brandon, na Flórida. No clube de teatro, a professora Courtney Kyle produz duas peças sobre a antologia Marvel Spotlight.

A primeira turma irá apresentar Garota Esquilo Vai Para Universidade e apesar de serem jovens mais experientes ainda sofrem com o nervosismo. Já a segunda turma está sentindo a pressão de estar no palco pela primeira vez ao interpretarem a peça Ms. Marvel.

A direção e narrativa no episódio foca principalmente nos adolescentes mostrando suas vivências, medos e alegrias.

Logo, sendo o episódio mais longo é fácil se emocionar com os alunos de Brandon. Percebemos um sentimento de descobrimento e pura verdade em cada fala, os jovens se sentem de fato ligados aos personagens da Marvel. Com isso, No Holofote encerra uma série que sem dúvida merece uma segunda temporada.

3,5 / 5,0

Assista ao tralier legendado:

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