Início SÉRIE Crítica CRÍTICA – Ted Lasso (2ª temporada, 2021, Apple TV+)

CRÍTICA – Ted Lasso (2ª temporada, 2021, Apple TV+)

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A segunda temporada de Ted Lasso chegou ao fim na última sexta-feira, 15 de outubro de 2021. Com Jason Sudeikis no papel principal, o seriado recebeu dezenas de reconhecimentos importantes por seu primeiro ano, inclusive 20 indicações ao Emmy Awards 2021.

Com episódios lançados semanalmente, a produção original da Apple TV+ agora se encaminha para o terceiro ano, que já estava confirmado antes mesmo do lançamento da temporada atual. O lançamento está previsto para 2022, ainda sem data oficialmente divulgada.

SINOPSE DA 2ª TEMPORADA DE TED LASSO

Ted Lasso encara o desafio de trazer o AFC Richmond de volta à Premier League, a primeira divisão do campeonato inglês.

Após o complicado divórcio à distância, Ted também precisa lidar com a tristeza que tenta esconder, ao mesmo tempo em que procura construir relacionamentos mais sólidos com as pessoas de seu círculo.

ANÁLISE

Após a sensacional primeira temporada, digna do amplo reconhecimento recebido, Ted Lasso tinha a difícil missão de manter o alto nível diante da atenção cada vez maior do público.

O desafio se tornou ainda maior porque o primeiro ano construiu não apenas os excelentes personagens principais – o treinador Lasso (Jason Sudeikis) e a proprietária do AFC Richmond, Rebecca Welton (Hannah Waddingham), – como também despontaram muitos personagens secundários. Coach Beard (Brendan Hunt), Nathan Shelley (Nick Mohammed), Keeley Jones (Juno Temple) e Roy Kent (Brett Goldstein), apenas para mencionar alguns.

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O desenvolvimento de personagens é um dos grandes méritos da produção da Apple TV+. No entanto, a tentação de desenvolver mais, ao mesmo tempo em que surgem novos na história, é sempre uma aposta arriscada que muitos seriados pagam para ver – especialmente os de comédia.

Ted Lasso gira em torno do dia a dia de um time de futebol. Ou seja, um clube que conta com no mínimo 18 jogadores, além do seu staff. Nesse caso, há ainda o acréscimo de que se trata de uma equipe técnica nada convencional.

Tudo isso cria um contexto muito tentador para desenvolver histórias de dezenas de personagens. E é exatamente esse o rumo escolhido para a segunda temporada.

O futebol serve como plano de fundo para o seriado que é muito mais sobre sentimentos e relações humanas do que esporte. Com novas histórias desenvolvidas, o futebol fica ainda mais ofuscado.

Felizmente o conjunto da obra é muito satisfatório. Personagens já presentes na primeira temporada, como Roy Kent e Sam Obisanya (Toheeb Jimoh), são muito bem desenvolvidos e contribuem para o avanço da história. A adição da psicóloga Dra. Sharon Fieldstone (Sarah Niles) também é importante para o seriado como um todo, especialmente por conta da exploração do passado de Ted.

Eu percebo Ted Lasso como Modern Family: uma comédia inteligente que faz a audiência rir em boa parte do tempo, mas também é efetiva ao promover importantes reflexões, que por vezes farão as pessoas viverem sentimentos variados, nem sempre bons. Não há um episódio completamente descartável.

No entanto, em termos de história, é seguro dizer que o capítulo destinado à jornada reflexiva de Coach Beard é o famoso filler. O episódio pouco acrescenta ao conjunto da obra, e o relacionamento abusivo vivido pelo auxiliar técnico se torna um pouco cansativo de ver em tela por tanto tempo.

Esse episódio é o ponto baixo da temporada, embora novamente destaque que ele não é tempo perdido. Afinal, é nele que vemos em tela os astros Thierry Henry (ex-Arsenal) e Gary Lineker (ex-Tottenham e Barcelona) fazendo uma pontinha divertida no seriado.

Ainda sobre desenvolvimento de personagens, as escolhas ousadas para a personalidade de Nathan particularmente não agradaram. No entanto, não são absurdas, pois o background dele comprova que os comportamentos adotados pelo jovem auxiliar técnico são naturalmente possíveis.

Ted Lasso tem um futuro promissor

A segunda temporada deixou diversas “pontas soltas” que podem ser responsáveis por um novo ano espetacular. Mais do que isso: podem tornar Ted Lasso um seriado histórico e inesquecível.

A falta de revelações em diversas questões vai manter os fãs pensando por mais um ano. Cenas como a conversa entre Ted e Nathan no último episódio também pavimentam o seriado para algo grandioso, mas que se não for bem lapidado poderá colocar a perder muito do que foi construído no desenvolvimento de ambos.

Outra situação arriscada, mas que creio que trará surpresas positivas no futuro, é saber ao certo o que Ted leu em uma determinada mensagem…

Vale destacar também a abordagem de assuntos delicados, muitas vezes encarados como tabu, como ansiedade e relacionamentos amorosos. Tudo o que diz respeito à saúde mental é tratado com responsabilidade. É importante que haja uma história como essa que mostra que lideranças também são vulneráveis, e é natural (e necessário) que elas falem sobre isso.

Enfim, mesmo com o episódio filler e o desenvolvimento de dezenas de personagens, acredito que muito do que foi visto nessa segunda temporada fará ainda mais sentido quando o seriado se encerrar. Digo isso porque os roteiristas e produtores até aqui se mostram altamente competentes, e confio que o segundo ano de Ted Lasso receberá muitas honrarias, assim como ocorreu com sua temporada de estreia.

VEREDITO

Ted Lasso cumpre a difícil missão de manter em alto nível uma produção que, em sua temporada de estreia, recebeu diversas honrarias. O seriado novamente rende boas risadas, ao mesmo tempo que estimula importantes reflexões.

Apesar de algumas escolhas deixarem a sensação de que havia alternativas melhores, a segunda temporada pavimenta a história para um rumo muito promissor e que, no conjunto da obra, todas as escolhas poderão se encaixar perfeitamente.

4,8 / 5,0

Assista ao trailer da segunda temporada de Ted Lasso:

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