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CRÍTICA – The Dropout (Minissérie, 2022, Star+)

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CRÍTICA - The Dropout (Minissérie, 2022, Star+)

The Dropout é a nova série da Star+ inspirada no caso de fraude da empresa Theranos fundada por Elizabeth Holmes. A produção, criada por Elizabeth Meriwether, é baseada no podcast The Dropout apresentado por Rebecca Jarvis e produzido pela ABC News

No elenco da série estão Amanda Seyfried, Naveen Andrews, William H. Macy, Laurie Metcalf, Stephen Fry, Dylan Minnette, Alan Ruck e mais. Os três primeiros episódios de The Dropout já estão disponíveis na Star+, o resto será liberado semanalmente. 

LEIA TAMBÉM: The Dropout: Conheça a história real que inspirou a minissérie.

SINOPSE

Elizabeth Holmes (Amanda Seyfried) é uma jovem empresária que afirmou ter criado uma forma revolucionária de analisar exames de sangue, utilizando apenas uma pequena gota tirada do dedo. Rapidamente, Holmes conquistou investidores e se tornou uma das pessoas mais ricas e influentes, criando a promessa de uma revolução na medicina. Mas logo descobriram que tudo não passava de uma grande fraude e Elizabeth Holmes se tornou uma pária.

ANÁLISE

Histórias sobre fraudes sempre chamam atenção. Assistir uma pessoa com credibilidade ser desmascarada nacionalmente é, no mínimo chocante, ainda mais impressionante é saber que um país inteiro pode ser facilmente enganado. The Dropout segue essa linha principal e aproveita uma história inacreditável para criar um enredo cheio de tensão. 

O que faz uma série sobre fraude ou true crime ser interessante é o quão caótica ou fora da realidade ela pode ficar. É difícil acreditar que uma jovem de 19 anos fez empresários, cientistas e políticos comprarem uma ideia que sequer tinha funcionado em testes. Mas é exatamente o que Elizabeth Holmes fez após largar a faculdade de engenharia química em Stanford em 2003.

Em uma época onde a tecnologia andava a passos largos e cada vez mais inventores considerados “gênios” deixavam a faculdade para se dedicar a suas startups, Holmes viu uma maneira de se tornar bilionária de forma rápida. Logo, surgiu a Theranos, uma empresa de biotecnologia que prometia a revolução na coleta de exames de sangue. 

A máquina idealizada por Holmes coletaria apenas uma pequena amostra de sangue do paciente e conseguiria em pouco tempo analisar e detectar quais anomalias ou doenças o paciente poderia ter. Em termos estatísticos, a máquina chamada de Edison seria um grande avanço para a medicina, contudo, carecia da real ciência. A tecnologia era extremamente complexa e de verdade nunca deu certo, mas isso não impediu Holmes de construir um império em cima de uma falsa promessa. 

A série da Star+ constrói lentamente esse gigante escândalo tecnológico e médico. Em um primeiro momento, Holmes (vivida por Amanda Seyfried) é uma jovem que sonha em mudar o mundo, mas rapidamente, sua ambição se torna maior que sua ética. A interpretação de Seyfried é impressionante. Basta buscar pela real Elizabeth Holmes que será nítido que a atriz conseguiu o olhar vidrado e até mesmo a voz forçada da empresária.

A caracterização é tão parecida que a produção também aborda a obsessão de Holmes por Steve Jobs, sendo sua aparência inteiramente baseada no criador da Apple. Para Holmes, não bastava se parecer com um grande inventor e empresário, ela também criou uma voz grave totalmente artificial para dar ênfase na personagem que construía para ela mesma e para a mídia. 

Em produções sobre crimes é comum a vilanização dos personagens responsáveis pelas artimanhas, mas The Dropout passa longe disso e com certeza acerta na escolha. É evidente que Holmes é culpada por colocar inúmeras pessoas em perigo ao entregar testes falsos, mas a série se baseia na construção da loucura da personagem em acreditar que tudo que ela está fazendo é certo. Em nenhum momento ela se sente culpada ou tem remorso, sendo algo assustador. 

Outro fator que coloca a série em um patamar acima é a tensão construída em volta da própria empresa. Sabemos que é questão de tempo para que as fraudes de Theranos sejam descobertas, mas, sempre que estamos mais próximos, estamos mais distantes do fim das mentiras de Holmes. É certamente agoniante ver como ela e seu parceiro, Sunny Balwani, vivido por Naveen Andrews, se safam ao dobrar a lei ou ameaçar ex-funcionários. 

Dessa forma, tanto Andrews como o restante do elenco de apoio estão fenomenais na produção. O ator faz uma bela dupla com Seyfried na sociopatia de seus personagens. Mas, o que não faltará em The Dropout são rostos conhecidos, já que Stephen Fry e William H. Macy são outros dois destaques que além de avançar com a trama, elevam a produção da série. 

O grande trunfo de The Dropout é ter uma história ainda quente nas mãos e um rico material. A bola de neve que se forma a cada episódio compactua com as aberturas em que Holmes aparece dando depoimentos, uma ótima forma de mostrar que ela não sairá imune. Ademais, a série só tem algumas quebras de ritmo quando é preciso parar a tensão dos laboratórios da Theranos e olhar para a burocracia que a produção introduz. 

VEREDITO

O julgamento de Elizabeth Holmes teve início em julho de 2021 e em janeiro foi culpada por quatro crimes de fraude e conspiração, podendo pegar 20 anos de prisão. É interessante notar que The Dropout é o tipo de história americana que a mídia e até mesmo a sociedade gosta: uma pessoa que tinha tudo, mas perdeu ao ser pego na própria mentira. 

O fato de Holmes ser uma jovem mulher também é abordado na série e pesa tanto antes, como depois de sua exposição. Dessa forma, The Dropout explora muito bem esses contextos e, mais do que isso, aposta em ótimas atuações para criar uma série tão cheia de aflições que chegamos ao final revoltados com a tamanha cara de pau de Elisabeth Holmes. 

4,0 / 5,0

Assista ao trailer:

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