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CRÍTICA – Wandinha (1ª temporada, 2022, Netflix)

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CRÍTICA - Wandinha (1ª Temporada, 2022, Netflix)

Wandinha é a nova série original do catálogo da Netflix. Criada por Alfred Gough e Miles Millar, a produção conta com episódios dirigidos por Tim Burton, James Marshall e Gandja Monteiro.

Fazem parte do elenco principal os atores Jenna Ortega, Gwendoline Christie, Catherine Zeta-Jones, Luis Guzmán e Christina Ricci. O seriado estará disponível na Netflix no dia 23 de novembro.

Confira abaixo nossa crítica sem spoilers da produção.

SINOPSE DE WANDINHA

Inteligente, sarcástica e apática, Wandinha Addams (Jenna Ortega) pode estar meio morta por dentro, mas na Escola Nunca Mais ela vai fazer amigos, inimigos e investigar assassinatos.

ANÁLISE

A Família Addams é uma franquia muito conhecida e adorada no mundo todo. Desde o seu surgimento, o grupo familiar gótico e sombrio dominou a cultura pop, sendo uma marca forte e lembrada até os dias atuais. Seja por meio dos quadrinhos, das adaptações live-action para o cinema e TV, ou dos jogos de videogame, a família se saiu muito bem em diversos formatos, angariando fãs de diversas gerações.

Dentre os personagens mais carismáticos da família está Wandinha, uma pequena garota com ar apático, mas que possui muita empolgação para assuntos macabros. Para o novo mundo da Geração Z, talvez Wandinha seja a personagem ideal para exemplificar a fadiga social que toma conta do contexto pós-pandêmico: uma jovem fiel à sua originalidade e que simplesmente tem aversão à opinião alheia.

Portanto, adaptar a personagem para uma série solo foi uma ótima sacada dos criadores Alfred Gough e Miles Millar. Mesmo que a produção já tenha ganhado o status de “série do Tim Burton”, o famoso diretor só participa de alguns episódios e, mesmo sendo produtor executivo, o seriado está longe de imprimir suas marcas registradas na história – principalmente quando falamos de visuais.

Trazer a personagem para o século XXI, como feito com outros personagens clássicos em produções recentes, é uma atitude ousada e que, de certa forma, tira um pouco o charme da história. Porém, quando bem adaptado, pode ser um grande acerto. Entretanto, Wandinha possui diversos deslizes em sua história, o que torna o resultado um pouco decepcionante.

Em Wandinha, a personagem principal já foi expulsa de diversas escolas comuns ao longo dos anos. Se vingando dos colegas (com requintes de crueldade), Wandinha cria grandes problemas para a sua família, que acaba decidindo matricular a menina na Escola Nunca Mais para Excluídos.

Com uma pegada Hogwarts macabra, a Escola Nunca Mais abriga diversos tipos de criaturas. Lobisomens, Sereias, e outros tantos “monstros” que conhecemos na cultura folclórica. Mortícia (Catherine Zeta-Jones) e Gomez (Luis Guzmán) também fizeram parte da escola em sua época de juventude, e entendem que esse seja o caminho ideal para Wandinha encontrar satisfação via sofrimento.

A série, portanto, se passa boa parte na escola e também na cidade de Jericho, município que se mantém às custas do dinheiro provido pela escola. Jericho é um município fundado por peregrinos e historicamente existe um desdém da população com os Excluídos, tornando esse impasse uma tensão entre moradores e alunos.

Com 8 episódios, Wandinha avança lentamente em sua história, criando uma possível ameaça para a personagem principal com uma trama adolescente de suspense. Verdade seja dita, não fosse pelo nome Wandinha, a série poderia se encaixar como qualquer outra trama juvenil de suspense da Netflix.

Visualmente, o seriado também não se diferencia dos demais. Por se tratar de uma série com uma personagem de A Família Addams, eu esperava que os visuais fossem melhor aproveitados, criando uma atmosfera mais parecida com o que vemos nas mídias da franquia. Entretanto, tirando a ótima Jenna Ortega como Wandinha, todo o restante parece… comum.

Apesar do roteiro não ter uma ótima história para a Wandinha, a direção é muito bem executada. Não só os episódios dirigidos por Burton como, também os encabeçados por James Marshall e Gandja Monteiro. O recurso de utilizar Mãozinha em momentos que valorizam a história, acabam nos lembrando do charme que a franquia possui e quebram um pouco o ritmo de drama infantil do roteiro.

Dentre Harry Potter e A Família Addams, Wandinha vai mais para a primeira opção, mas infelizmente há diversos dramas desnecessários envolvendo outros personagens que acabam atrasando a trama e deixam os episódios do meio da temporada um tanto quanto morosos.

Apesar da consistente season finale, o melhor episódio da temporada é o número 5. Com ótimas atuações e uma subtrama interessante, o capítulo dá uma pequena amostra do que a série poderia ser se mantivesse um pouco mais fiel às suas raízes.

Quanto ao elenco, todos funcionam muito bem em cena. Apesar de alguns atores não parecerem adolescentes, como é o caso de Hunter Doohan que dá vida ao personagem Tyler Galpin, o elenco possui uma boa química. Além de Jenna Ortega, Christina Ricci, Emma Myers e Gwendoline Christie também estão ótimas em seus papéis, e é bem legal ver Ricci – a Wandinha das produções clássicas – e Ortega atuando juntas.

A primeira temporada de Wandinha é, portanto, uma produção interessante, mas longe de alcançar as expectativas criadas para a personagem e para o elenco envolvido. Se houver a possibilidade de uma segunda temporada, é torcer que haja espaço para a trama investir em um suspense mais complexo e interessante, deixando as amarras dos clichês adolescentes um pouco de lado.

VEREDITO

Com bom humor e um ótimo elenco, Wandinha é um entretenimento regular, mas que provavelmente fará bastante sucesso devido à personagem principal. Os personagens são cativantes e, apesar das derrapadas de roteiro e ritmo, a série é muito bem dirigida.

Com potencial para alcançar o Top 10 da Netflix e se tornar muito popular no TikTok e Twitter, talvez Wandinha possa ser renovada para um novo e trazer uma trama mais coesa e interessante, à altura da perspicácia da filha exemplar dos Addams.

3,0 / 5,0

Assista ao trailer:

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