Ainda que muitos vejam o cinema nacional apenas como um apanhado de clichês narrativos e comédias pastelão, o cinema nacional sempre se mostrou como muito mais do que isso. Retratando por vezes a dura realidade do povo brasileiro em diferentes, esferas, os filmes nacionais se afastaram há muitos anos do que alguns consideram como “cinema nacional”.
Alguns conceitos tão antigos refletem um desejo quase que estadunidense de ver apenas o cinema do país norte americano como o “verdadeiro cinema”. E entender que outras narrativas como histórias as quais temos mais contato em nosso cotidiano precisam ser contadas, é romper com um retrógrado pensamento de que cinema só pode ser feito fora do Brasil e te priva de brilhantes narrativas dirigidas e escritas por incríveis escritores nacionais.
Tenha em mente, que alguns dos filmes nacionais na lista são tão brutais como a nossa realidade, mas mesmo assim, merecem e precisam ser assistidos.
Bicho de Sete Cabeças (2000, Laís Bodanzky)
Em Bicho de Sete Cabeças, Seu Wilson (Othon Bastos) e seu filho Neto (Rodrigo Santoro) possuem um relacionamento difícil, com um vazio entre eles aumentando cada vez mais. Seu Wilson despreza o mundo de Neto e este não suporta a presença do pai. A situação entre os dois atinge seu limite e Neto é enviado para um manicômio, onde terá que suportar as agruras de um sistema que lentamente devora suas presas.
Estômago (2007, Marcos Jorge)
Raimundo Nonato (João Miguel) mudou-se para a cidade grande na esperança de ter uma vida melhor. Ele trabalha como faxineiro em um bar e descobre que seu talento é mesmo na cozinha. Raimundo faz do local um sucesso e acaba sendo contratado para trabalhar em um restaurante italiano da região como assistente de cozinheiro. A cozinha italiana é uma grande descoberta para Raimundo, que agora tem uma casa, roupas melhores, relacionamentos sociais e um amor, a prostituta Íria (Fabiula Nascimento).
Gonzaga: De Pai Para Filho (2012, Breno Silveira)
Luiz Gonzaga (Land Vieira e Adelio Lima) decide mudar seu destino e sai de casa jovem para a cidade grande para apagar uma tristeza amorosa. Ao chegar conhece uma mulher por quem se apaixona, a Odaleia (Nanda Costa). Após o nascimento do filho e complicações de saúde da esposa, ele decide voltar para a estrada para garantir os estudos e um futuro melhor para o herdeiro. Ele tem um amigo no Rio de Janeiro e com ele deixa o pequeno e sai pelo Brasil afora. Só não imaginava que essa distância entre eles faria crescer uma complicada relação, potencializada pelas personalidades fortes de ambos.
O Som ao Redor (2013, Kleber Mendonça Filho)
A presença de uma milícia em uma rua de classe média na zona sul do Recife muda a vida dos moradores do local. Ao mesmo tempo em que alguns comemoram a tranquilidade trazida pela segurança privada, sob liderança de Clodoaldo (Irandhir Santos), outros passam por momentos de extrema tensão. Simultaneamente, casada e mãe de duas crianças, Bia (Maeve Jinkings) tenta encontrar um modo de lidar com o barulhento cachorro de seu vizinho.
Uma História de Amor e Fúria (2013, Luiz Bolognesi)
Como uma animação que flerta o tempo todo com visual de HQs, Uma História de Amor e Fúria é ambientada originalmente no Brasil de 1566. O filme segue sua história por 600 anos seguintes da história do país, enquanto o indígena Abeguar, procura por sua amada Janaína. Com uma história ambientada em diversos conflitos armados e icônicos do Brasil, o longa nos leva por uma viagem em nossa própria história e nos leva por um futuro distópico.
Que Horas Ela volta? (2015, Anna Muylaert)
A pernambucana Val (Regina Casé) se mudou para São Paulo com o intuito de proporcionar melhores condições de vida para a filha, Jéssica (Camila Márdila). Anos depois, a garota lhe telefona, dizendo que quer ir para a cidade prestar vestibular. Os chefes de Val recebem a menina de braços abertos, porém o seu comportamento complica as relações na casa.
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Aquarius (2016, Kleber Mendonça Filho)
Clara (Sonia Braga) tem 65 anos, é jornalista aposentada, viúva e mãe de três adultos. Ela mora em um apartamento localizado na Av. Boa Viagem, no Recife, onde criou seus filhos e viveu boa parte de sua vida. Interessada em construir um novo prédio no espaço, os responsáveis por uma construtora conseguiram adquirir quase todos os apartamentos do prédio, menos o dela. Por mais que tenha deixado bem claro que não pretende vendê-lo, Clara sofre todo tipo de assédio e ameaça para que mude de ideia.
Boi Neon (2016, Gabriel Mascaro)
Boi Neon se passa nos bastidores das Vaquejadas, onde Iremar (Juliano Cazarré) e um grupo de vaqueiros preparam os bois antes de soltá-los na arena. Levando a vida na estrada, o caminhão que transporta os bois para o evento é também a casa improvisada de Iremar e seus colegas de trabalho: Zé (Carlos Pessoa), Galega (Maeve Jinkings) e sua filha Cacá (Alyne Santana). O cotidiano é intenso e visceral, mas algo inspira novas ambições em Iremar: a recente industrialização e o polo de confecção de roupas na região do semiárido nordestino. Deitado em sua rede na traseira do caminhão, sua cabeça divaga em sonhos de lantejoulas, tecidos requintados e croquis. O vaqueiro esboça novos desejos.
M8: Quando a Morte Socorre a Vida (2020, Jeferson De)
Maurício (Juan Paiva) começa a estudar na renomada Universidade Federal de Medicina. Em sua primeira aula de anatomia, ele conhece M8 (Raphael Logam), o cadáver que servirá de estudo para ele e os amigos. Durante o semestre, o mistério da identidade do corpo só pode ser desvendado depois que ele enfrentar suas próprias angústias.
7 Prisioneiros (2021, Alexandre Moratto)
Mateus (Christian Malheiros), um jovem de 18 anos, sai do campo em busca de uma oportunidade de trabalho em um ferro-velho de São Paulo. Uma vez lá, Mateus e alguns outros meninos são vítimas de um sistema de trabalho análogo à escravidão moderna comandada por Luca (Rodrigo Santoro), forçando Mateus a tomar a difícil decisão entre trabalhar para o homem que o escravizou ou arriscar seu futuro e o de sua família se ele não for cúmplice.
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