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CRÍTICA – Elvis (2022, Baz Luhrmann)

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CRÍTICA - Elvis (2022, Baz Luhrmann)

Elvis é a mais nova cinebiografia feita por Hollywood, em uma tendência que parece ter se intensificado nos últimos anos. Dirigido por Baz Luhrmann (Moulin Rouge), a produção é estrelada por Austin Butler e Tom Hanks.

O longa estreia nos cinemas brasileiros no dia 14 de julho, e você já pode conferir a nossa crítica.

SINOPSE DE ELVIS

Desde sua ascensão ao estrelato, o ícone do rock Elvis Presley (Austin Butler) mantém um relacionamento complicado com seu enigmático empresário, Tom Parker (Tom Hanks), por mais de 20 anos. No meio de sua jornada e carreira, o ícone do rock encontrará Priscilla Presley (Olivia DeJonge), fonte de sua inspiração e uma das pessoas mais importantes de sua vida.

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ANÁLISE

Baz Luhrmann possui estéticas muito particulares em suas produções. Seja em Romeu+Julieta (1997), com o uso do neon nas cenas dramáticas, ou em Great Gatsby (2013) e o grande apelo visual dos anos 1920, a direção de arte e o design de produção são peças vivas e extremamente importantes na criação de seus projetos.

Em Elvis, o diretor incorpora o estilo excêntrico do ícone do rock para criar um longa intenso, vibrante e arrebatador. Reconstruindo décadas de carreira, Luhrmann passeia pelas diversas fases do artista, elucidando em tela acontecimentos que vão desde o início da juventude até os seus últimos dias de vida.

Para cada fase, uma estética diferente de montagem e paleta de cores. Luhrmann brinca com os sonhos de Elvis sobre ser um super-herói, enquanto passeia pelas referências dos quadrinhos que ele mais admirava. Na adolescência, o frenesi de roupas coloridas, a construção do visual que ficou mundialmente conhecido e o impacto de suas danças que mudaria, para sempre, a indústria fonográfica mundial.

Chegando em 1960, acompanhamos sua fase em Hollywood, navegando pelos diversos filmes em que ele esteve presente. E é aqui que o filme começa a se aprofundar nos conflitos e problemas de Elvis, afunilando seus embates com seu empresário, o famigerado Coronel Tom Parker.

Dos anos de 1960 para a frente é onde Luhrmann foca em desenvolver Elvis, mostrando as escolhas de negócios – que foram sempre conduzidas por Parker -, e a vontade de ser o artista que a multidão esperava dele. É nesse momento, também, que o filme desacelera um pouco, tomando o tempo necessário para construir a tensão entre seus protagonistas.

O primeiro ato do filme, que contempla a infância e o início da trajetória de Elvis, é marcado pelo excelente trabalho de edição. É fato que a condução de Tom Hanks como narrador da história é bem utilizada por Luhrmann, e Austin Butler é, sem dúvida nenhuma, uma ótima escalação para o papel. Entretanto, é na montagem de cenas, suas transições inventivas e a capacidade de condensar situações sem perder a profundidade, que o longa brilha e se diferencia de outras biografias apresentadas no cinema até então.

O trabalho de edição desempenhado por Jonathan Redmond e Matt Villa é, simplesmente, impecável. A forma como a trilha sonora, que tem Elliott Wheeler como responsável, complementa os acontecimentos da trama – fazendo ainda mais sentido com os acontecimentos que presenciamos em tela -, torna tudo ainda mais especial.

Eu realmente espero ver essa produção indicada nas categorias técnicas na temporada de premiações, não só em montagem como, também, em design de produção e figurino. A parceria de longa data entre Luhrmann e Catherine Martin é sempre frutífera, e Elvis é mais uma beleza visual desenvolvida pela dupla.

A história por trás da lenda

O roteiro de Elvis é escrito a quatro mãos. O argumento da história é feito por Luhrmann e Jeremy Doner, mas a história também é desenvolvida por Sam Bromell e Craig Pearce. Por se desenvolver em arcos, abordando infância, juventude, vida adulta e declínio, é perceptível que os roteiristas tiveram um trabalho intenso para compilar todos os acontecimentos e contar uma história com significado.

É importante dizer que a produção aborda não só a carreira de Elvis, como a de Tom Parker, que é o narrador dos acontecimentos. O time de roteirista opta, portanto, por apresentar as situações pela ótica de Parker, mas muitas vezes mesclando com momentos solitários e privados de Elvis.

Ao optar por essa forma de narrativa, a produção ganha espaço para analisar o personagem, por vezes, em uma perspectiva de terceira pessoa, tentando conduzir o público a acreditar nas informações repassadas pelo narrador. Essa dinâmica funciona muito bem e traz mais um elemento interessante na construção da biografia.

Quando falamos das atuações, Hanks e Butler são os destaques, pois a trama gira ao redor de sua relação e como esse relacionamento abusivo levou Elvis ao declínio absoluto. Os atores coadjuvantes não possuem espaço suficiente para brilhar, e é bem difícil lembrar do nome dos muitos parentes de Elvis ao término do filme.

Mas apesar das ótimas atuações, é a história e a forma como ela é contada que impactam a nossa nostalgia. São as referências a grandes momentos da carreira de Elvis, como sua primeira apresentação na televisão, ou o grande especial de comeback em 1968 que colocou o artista de volta no topo das paradas. Momentos esses que são fielmente retratados, tanto nos figurinos, quanto nos cenários.

O roteiro, obviamente, faz escolhas quanto às polêmicas da vida do cantor. Desde o som de sua música, as regravações de canções criadas por artistas negros da época e as acusações de apropriação cultural, até seus vícios em remédios: há uma escolha criativa na forma como esses pontos são trazidos para a tela e cabe a cada espectador decidir se são satisfatórios ou não.

VEREDITO

Mesmo com o mercado de Hollywood sendo inundado por filmes biográficos após o estrondoso sucesso de Bohemian Rhapsody (2018), Elvis é uma produção que se destaca pela sua qualidade técnica e ótima direção.

4,0 / 5,0

Assista ao trailer:

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