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CRÍTICA – Magazine Dreams (2023, Elijah Bynum)

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Magazine Dreams

Magazine Dreams estreou no Festival de Sundance 2023 na sessão de Competição Dramática dos Estados Unidos. O longa é dirigido e escrito por Elijah Bynum, no elenco estão Jonathan Majors, Haley Bennett e Harrison Page

SINOPSE

Killian Maddox (Jonathan Majors) mora com seu avô, William (Harrison Page), veterano doente, trabalhando obsessivamente em seu corpo entre as consultas de terapia e os turnos de meio período em uma mercearia onde ele nutre uma paixão por uma colega. Em meio a um mundo hostil, nada o impede de seu sonho de estrelato no fisiculturismo, nem mesmo os médicos que alertam que ele está causando danos permanentes ao seu corpo.  

ANÁLISE

Jonathan Majors é um dos atores do momento, especialmente pelo seu grande papel na Marvel, mas engana-se quem acha que ele tem apenas isso para oferecer. Longe dos blockbusters, Majors entrega uma das atuações mais dilacerantes e comoventes do ano ao interpretar o retraído fisiculturista Killian Maddox em Magazine Dreams. O filme é um longo estudo de personagem que vai às estranhas de seu protagonista para abordar uma vida de traumas, transtornos mentais e obsessão. 

O diretor e roteirista Elijah Bynum está apenas em seu segundo longa, mas entrega uma maturidade assombrosa para seu filme. A todo o momento estamos cientes que Killlian é o tipo de pessoa que dificilmente se encaixa na sociedade, ele se comunica com as outras pessoas o mínimo possível sempre com respostas monossilábicas, seu andar é tímido e curvado como se não quisesse ser facilmente notado apesar do seu tamanho. Apenas quando está nas competições de fisiculturismo que Killian consegue se sobressair enquanto faz poses que ressaltam seus músculos para os jurados, mas até mesmo seu sorriso é desengonçado.   

E aqui é necessário ressaltar o trabalho físico de Majors para este personagem, o ator não apenas empresta seu talento e esforço para compor Killian, mas seu corpo se torna o verdadeiro reflexo do que o personagem vive e acredita. Logo, para Killian apenas o aprimoramento do seu físco importa, ela está tão focado em se tornar o melhor que nos raros momentos em que não está treinando, comendo porções de calorias, usando anabolizantes ou cocaína é que ele percebe o tamanho de sua solitude e invisibilidade. 

Ele mora com seu avô, um ex veterano do Vietnã que está doente, Killian o trata com respeito e cuidado. Em seu trabalho de meio turno em um mercado, ele está interessado na colega Jessie (Haley Bennett) e antes mesmo de terminar de convidá-la para sair ele já volta atrás. O medo da rejeição e insegurança são sentimentos frequentes para Killian, o que fez com que o personagem criasse um muro gigante dentro de si. 

Mas Jessie está interessada, ela o acha atraente e engraçado, porém a falta de tato e sociabilidade de Killian espanta a moça que vai embora antes mesmo deles jantarem. Então o longa entra em uma espiral de acontecimentos que levam Killian ao seu limite, ele está a todo momento sendo maltratado pela sociedade seja por sua cor, seu corpo ou sua personalidade. 

O longa descamba para mostrar situações que irão aos poucos quebrar o espírito de Killian: ele apanha violentamente de homens que o chamam de “macaco”; recebe comentários repulsivos de usuários na internet que sugerem que ele se mate; seu ídolo Brad Vanderhorn (Mike O’Hearn), campeão de fisiculturismo, é brutal. 

Sendo assim, o longa chega ao seu ponto derradeiro quando Killian compra um arsenal de armas, apesar de ser um acréscimo um pouco abrupto, funciona pelo simples motivo que Killian está instável e alheio ao seu redor. Nem suas consultas com sua psicóloga parecem fazer algum tipo de sentido para a sua vida, dessa forma, Bynum recorre a um recurso que normalmente é utilizado em filmes com personagens mentalmente quebrados, mas o diretor é inteligente em apenas flertar com as possibilidades.  

Killian não é um assassino ou um suicida, quando o personagem se comunica através de suas cartas com seu ídolo fica evidente o tamanho de elucidação e de seus desejos mais íntimos, algo que ele não consegue expressar para fora em seu convívio social. Mas Killian almeja e sonha em ser reconhecido, o que torna Magazine Dreams um filme tocante, mas também extremamente perturbante.

VEREDITO

A direção de Elijah Bynum é um esplendor ressaltando a atuação corporal de Jonathan Majors sempre que possível e criando ótimas sequências que por vezes parte do ponto de vista do protagonista e por outras do espectador. É como se estivéssemos vendo Killian de fora para dentro. Logo, Magazine Dreams é um filme para ficar de olho nas premiações. 

5,0 / 5,0 

O longa estreou no Festival Sundance deste ano e ainda não possui trailer disponível.

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