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CRÍTICA – Nona: Se me molham, eu os queimo (2019, Camila José Donoso)

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CRÍTICA - Nona: Se me molham, eu os queimo (2019, Camila José Donoso)

Nona: Se me molham, eu os queimo é o primeiro filme da diretora chilena Camila José Donoso. O longa esteve no Festival do Rio 2019 e estreou no Brasil em 19 de fevereiro de 2021. No elenco estão Josefina Ramírez, Eduardo Moscovis e Paula Dinamarca.

SINOPSE

Aos 66 anos de idade, Nona (Josefina Ramirez) decide finalmente vingar-se de seu ex-amante e comete um atentado que a obriga a fugir para que não seja presa. Depois de finalmente se estabelecer em uma cidade costeira do Chile, um incêndio de grandes proporções obriga seus vizinhos a deixarem suas casas, mas estranhamente sua moradia é a única a não ser afetada.

ANÁLISE

A nova geração de cineastas estreita cada vez mais o laço entre o ficcional e o documental. Não à toa, a diretora Camila José Donoso é considerada uma das grandes revelações do novo cinema latino americano. Nessa perspectiva, “Nona: Se me molham, eu os queimo” entrega um visual contemporâneo com uma narrativa que remete ao tradicional.

Isso porque, o longa conta a história da avó da diretora que fez parte da resistência anti-Pinochet, e se tornou uma especialista na produção de molotovs. Dessa forma, Donoso combina cenas de ficção com cenas reais. Logo, mostrando Nona abandonando a cidade de Santiago para se instalar na pequena cidade de Pichilemu. E mais tarde, passando por uma cirurgia no olho.

A passagem do ficcional para o documental é sempre acompanhada de uma mudança visual. Logo, quando Donoso decide filmar os dias de sua avó na cidade do interior, a câmera adota um comportamento mais invasivo fazendo closes up. Da mesma forma, a edição utiliza técnicas para deixar a imagem deteriorada evocando um sentimento de passado.

Essa linha tênue entre o ficcional e o documental permeia o longa inteiro. Logo, indica que a diretora está mais interessada na filmagem e no filme em si, do que em rotular seu trabalho dentro de um gênero. Todavia, “Nona: Se me molham, eu os queimo” é um filme desafiador. Seja por sua construção diferente, ou por seu roteiro tedioso.

O longa apresenta uma personagem da vida real que carrega um grande potencial para apresentar a história da ditadura chilena sob uma outra perspectiva. Contudo, peca em não apresentar uma narrativa palpável. Dessa forma, o filme se revela melhor quando Nona é entrevistada por sua neta evidenciando sua personalidade livre e nada tradicional. 

VEREDITO

Nona: Se me molham, eu os queimo mostra todo valor visual e contemporâneo da nova geração de cineastas. Camila José Donoso faz um recorte atemporal e íntimo de sua avó levando o espectador a presenciar uma forte mulher. Porém, o filme se perde em sua forma ficcional sendo por vezes exacerbado.

2,5 / 5,0

Confira o trailer:

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