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CRÍTICA – Tenet (2020, Christopher Nolan)

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O mais novo filme do diretor Christopher Nolan está disponível nos cinemas. Tenet também é roteirizado por Nolan e conta com John David Washington, Kenneth Branagh, Robert Pattinson e Elizabeth Debicki no elenco.

SINOPSE

Um agente da CIA conhecido como O Protagonista (John David Washington) é recrutado por uma organização misteriosa, chamada Tenet, para participar de uma missão de escala global. Eles precisam impedir que Andrei Sator (Kenneth Branagh), um renegado oligarca russo com meios de se comunicar com o futuro, inicie a Terceira Guerra Mundial.

ANÁLISE 

Não é surpresa que Tenet causou um verdadeiro tumulto na indústria cinematográfica. Em meio a pandemia de 2020, o bem orquestrado Christopher Nolan bateu o pé que seu novo longa estaria nas bilheterias mundiais. Dito e feito, apenas com alguns meses de atraso, Tenet estreou nos cinemas brasileiros em outubro.

No entanto, se não fosse por um Coronavírus, Tenet passaria batido entre as estreias do ano. Ainda que o filme carregue toda a complexidade que as obras de Nolan necessitam, também é vazio quanto aos seus personagens. Por isso, é fato afirmar que o longa só se sustenta por ser um belíssimo filme de ação.

Dessa forma, Nolan não esconde suas inspirações em James Bond. O estigma do grande espião ganha um novo olhar por Chis Nolan que também se apropria de alguns clichês do gênero. Tenet não só tem um rico vilão estrangeiro, mas também uma mulher em constante perigo e um protagonista disposto a tudo.

Contudo, Christopher Nolan é esperto ao introduzir uma trama que nunca faria parte do mundo de Bond. Nesse quesito, Tenet trata sobre a inversão da entropia, indo muito além da “simples” viagem do tempo. Para começar, a entropia seria a tradução da multiplicidade de eventos. Ou seja, como o tempo tem só uma direção, os eventos ou objetos caminham para o caso de maior probabilidade.

Porém, o filme de Nolan quebra a lei da entropia ao apresentar eventos e objetos que estão invertidos. Em outras palavras, os eventos e objetos de Tenet estão “andando para trás” no tempo, em relação a nós. Como de praxe, Chris Nolan reserva uma cena para que espectador se familiarize com o conceito. Na cena, O Protagonista visita a cientista Laura (Clémence Poésy) que lhe explica que objetos de uma futura guerra então surgidos com suas entropias invertidas.

Logo, em um estande de tiros, O Protagonista usa uma arma para disparar balas. Mas ao invés de balas saírem da arma, elas estão entrando na arma. O mesmo acontece quando ele tenta pegar uma bala que está caída, para que o objeto responda é preciso ter a intenção da ação. Esse momento, Nolan faz uma pausa na grande ação que vinha desde o começo do filme, o que se torna essencial para mostrar o que está por vir.

À primeira vista, a premissa do Tenet pode parecer extremamente confusa e de difícil compreensão. Mas, à medida que o filme avança e compreendemos os conceitos impostos por Christopher Nolan é fácil entender o porquê é preciso deixar de lado os aspectos físicos do filme e focar somente na emoção. Dessa forma, Nolan não deseja que seu filme seja decifrado até porque alguns paradoxos e teorias apresentadas são irreversíveis até então para a Física.

O próprio Neil (Robert Pattison), amigo d’O Protagonista, literalmente fala que não tem uma explicação. Nesse sentido, é o filme pedindo para que o espectador abra mão do didático. Acaba que Tenet aposta em uma abordagem muito mais filosófica do que física. Já que ao trabalhar a inversão da entropia dos objetos, o caos e a desordem são evitáveis.

Filme de ação com personagens fracos 

Nolan é um exímio diretor e nos últimos anos propôs grandes experiências ao cinema. Contudo, seu roteiro em Tenet não consegue passar a mesma segurança que o diretor transmite através das câmeras. A começar que ao criar um grande plot que tem como base uma guerra fria entre o presente e o futuro, o filme não se mostra nada alarmista ou interessante.

É como se os atores estivessem tão absortos com as ações da trama que esquecem de dar vida e motivações a seus personagens. Nesse sentido, Tenet fica entre o meio de outros dois grandes e controversos filmes de Chris Nolan: nem tão profundo quanto Amnesia (2001) e nem tão mastigado quanto Interestelar (2014). Logo, Tenet é um “quase” na filmografia do diretor.

O filme cresce muito em suas cenas de ação que praticamente sem computação gráfica transmitem a excelência da produção. Desde do embate (muito bem coreografado) dentro da galeria de quadros ao avião explodindo tudo é muito verossímil e mostra o empenho de Christopher Nolan. Já a mixagem de som tem um efeito de estranheza que mais atrapalha os diálogos dos personagens.

Ainda assim, o que mais torna Tenet difícil de ser gostável são os seus personagens. Nem o carisma de Washington e Pattinson ou o ótimo cast de atores foi o bastante para que houvesse alguma ligação entre público e personagens.

No que diz respeito a personagem de Elizabeth Debicki é extremamente frustrante que em pleno século XXI, as mulheres em filmes de ação e ficção científica precisam estar associadas a maridos e filhos para serem relevantes. Já o vilão caricato e sem força de Kenneth Bragagh prova que ser um ator não é o bastante quando o roteiro não colabora. De fato, Nolan, por si só, ainda não consegue criar bons personagens em seus filmes.

VEREDITO

O âmbito de um filme consiste em construir um bom roteiro atrelado a uma direção segura. Infelizmente, Chris Nolan só tem o último.

3,0 / 5,0

Assista ao trailer:

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