Dirigido por Sam Mendes, Beleza Americana (American Beauty) é um filme norte-americano de drama, lançado em 1999, que arrebatou os corações do público. Um enorme sucesso entre os críticos, o longa-metragem venceu o Oscar de 2000 em diversas categorias, com destaque para Melhor Filme e Melhor Diretor.
SINOPSE
Acompanhando a rotina de um grupo de cidadãos comuns, a trama retrata uma família em processo de ruptura. O casamento de Lester (Kevin Spacey) e Carolyn (Annette Bening) é um mar de frieza e discussões. De repente, ele começa a se fantasiar com Angela (Mena Suvari), uma adolescente que é amiga da sua filha. Daí em diante, o protagonista faz grandes mudanças na sua vida que acabam de um modo trágico.
ANÁLISE
O grande mote do filme é a beleza que há na vida, e como nós não a percebemos. As vendas que impedem os personagens de verem a beleza que há no mundo são mantidas em todos os personagens, exceto em Lester e em Jane (Thora Birch) – e o único que entende o mundo é Ricky (Wes Bentley).
No entanto, a primeira centelha que atinge o protagonista de modo a se propor uma mudança de vida é Angela, a amiga de sua filha. Ela se mostra ao mundo como uma garota sensual, muito segura de si e que sabe como lidar com o assédio masculino. No entanto, Ricky, ao se encantar por Jane, acaba por mostrar que Angela usa Jane como companhia para se sentir melhor sobre sua amiga “sombra”, ordinária.
Aliás, Beleza Americana não se enquadra sequer nas definições de um melodrama clássico, como os que Hollywood tão bem produziu na metade do século passado. O melodrama tradicional tem certos modelos estruturais que vêm desde sua popularização na literatura. Opõe personagens que representam valores bem definidos, normalmente o vício e a virtude. Alterna momentos de desolação extrema com outros de euforia ampla, muito rapidamente, transformando a linha narrativa num eletrocardiograma constante, renovando também de forma constante a atenção da plateia.
Por estar continuamente suprimindo o bem, o lado do mal costuma ser mais dinâmico – por isso, para muitos, mais interessante. Gira habitualmente entre dois temas: a reparação de uma injustiça ou a busca pela felicidade amorosa. Nenhum desses aspectos formulaicos conduz a narrativa escrita por Alan Ball.
A beleza é a chave do filme, e as rosas a metáfora da mesma. Desde a Antiguidade, elas são consideras um símbolo de perfeição. No entanto, a rosa é uma flor traiçoeira, de aparência delicada e frágil pelas suas pétalas, que contrasta com a dureza do seu talo e espinhos. Do mesmo modo, as “famílias perfeitas” norte-americanas só são perfeitas na aparência.
As pétalas das rosas têm conotações sexuais, por isso não é de se estranhar que estejam ligadas à personagem de Angela. Além disso, essas pétalas caem lentamente, deixando entrever a fugacidade da beleza.
Ao mesmo tempo, Sam Mendes trata de aproximar o exotismo dessa nossa sociedade à suposta esquisitice de viver verticalmente a vida. Trata-se de um estudo realista sobre a podridão e vazio da falta de sentido na vida. A sua mensagem é densa e dramática decorrente do ódio calado, da agressividade contida e da mediocridade da classe média consumista que busca satisfação e não consegue ser feliz dentro deste paradigma imposto, raso e cruel.
VEREDITO
Sátira ao comportamento hipócrita e materialista do estilo de vida consumista da família tradicional norte-americana, o efeito bola de neve na trama que faz com que os personagens percam as rédeas da sua vida é o que chama mais atenção fazendo a gente se questionar várias vezes.
Beleza Americana é um filme à altura de tudo que conquistou, fazendo críticas sociais e ao estilo de vida que, apesar de carregar o adjetivo “americana”, é muito mais universal do que podemos imaginar.
5,0 / 5,0
Assista ao trailer legendado:
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