Início FILMES Crítica TBT #20 | As Memórias de Marnie (2014, Hiromasa Yonebayashi)

TBT #20 | As Memórias de Marnie (2014, Hiromasa Yonebayashi)

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As Memórias de Marnie é um longa de 2014, até o presente momento, o último longa produzido pelo famoso Studio Ghibli, o estúdio de animação japonês criado por Hayao Miyazaki e Isao Takahata.

O longa é dirigido por Hiromasa Yonebayashi e conta a história de Anna, uma jovem solitária e descolada, que após severas crises de asma, é enviada para o interior por sua guardiã, para respirar ares frescos. Lá, Anna faz amizade com uma misteriosa garota que mora em uma mansão do outro lado do rio.

Se As Memórias de Marnie fosse de fato o último filme da história do estúdio Ghibli, seria um final melancólico. Marnie representa todo o potencial cru do estúdio e ao mesmo tempo, perpassa por diversos temas explorados por outros filmes Ghibli. Com uma indicação ao Oscar de Melhor Animação, o longa é uma adaptação de um livro homônimo.

Um dos pontos de maior discussão sobre As Memórias de Marnie é o ritmo da trama, em especial nos primeiros minutos. No primeiro ato, o filme parece se arrastar, mas o ritmo lento reflete a depressão de Anna e sua falta de perspectiva frente a mudança de ares, repleto de monólogos internos e momentos de intenso desconforto da personagem. Anna não sente que foi enviada para o interior para se curar, e sim que Yoriko, sua mãe adotiva, não a aguentava mais e queria se livrar dela. Sendo assim, Anna se sente isolada e um estorvo a todos que a cercam, sem conseguir compreender o carinho que recebe.

Sua agorafobia chega ao extremo quando Anna xinga a colega que tenta se aproximar dela numa celebração. A cena parece deslocada da realidade, algo que não pertence a esse filme assim como a personalidade não pertence a protagonista, que se descola de si mesma; e nesse momento que a presença e figura de Marnie começam a se formar em sua vida.

Apesar da grosseria praticada, ou tios que cuidam de Anna não a recriminam ao enxergarem como a garota está abalada com o ocorrido. Esse momento de ruptura narrativa que inicia a relação de Anna e Marnie é também um momento de mudança no ritmo, e até mesmo nos temas músicas do longa.

Ao passo que sua amizade com Marnie floresce, Anna parece se reconectar, se relaciona melhor com os tios e de forma geral, seu bem estar parece evoluir. Assim, mesmo com o desaparecimento de Marnie, Anna se relaciona de forma mais articulada com Sayaka, quando buscam solucionar o mistério de Marnie. Assim também o é com seu talento artístico, e sua relação com a pintora Hisako.

As Memorias de Marnie explora a importância da ancestralidade e da amizade. Ao relembrar sua história, Anna também se reconecta consigo mesma e com seus próprios defeitos, aprendendo a lidar melhor com eles. Nesse sentido, o reconhecimento em Marnie como uma igual, alguém que parece ter tudo que Anna sempre quis e ainda assim tem suas razões de sofrimento, retira Anna de seu isolamento e sentimento de não pertencimento.

O longa de Hiromasa Yonebayashi é uma história sensível, com um desfecho que mais parece um soco na alma, mas que ainda assim é capaz de arrancar um sorriso do rosto. Uma história que não teria o mesmo impacto não fosse adaptada como uma animação, onde os limites da realidade e do sonho se dissolvem em um só.

Para amantes de animação, fãs do Studio Ghibli ou apreciadores do bom cinema dramático, é uma experiencia imprescindível.


Confira o trailer nacional:

E você, é fã de animações? Então confira nossas indicações anteriores do TBT do Feededigno, nelas além de outras animações, também temos muito filmão!

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