Poucas vezes um game conseguiu me prender como Alan Wake 2 fez. Mergulhar na história de Saga Anderson, Alan Wake, Scratch e toda Bright Falls nos força atravessar um lugar em que toda a crença precisa ser deixada de lado, para aí sim, entender o mundo sem sentido do game. Em um mundo desafiado pela lógica, mortos ganham vida na mesa de necropsia e os terrores mais obscuros da alma passam a habitar o mundo conhecido.
Com o retorno de Sam Lake na direção, Ikka Villi, Matthew Porreta na dublagem de Alan Wake, e a apresentação de Melanie Liburd, somos lançados em um game investigativo rico em detalhes, cujos perigos se escondem nos mais perversos pesadelos.
Quando uma pessoa é assassinada por um culto no interior de Washington, uma dupla de agentes do FBI é enviada para investigar. No controle de Saga Anderson, nos deparamos em uma rede de intrigas e mistérios surgentes, entraremos em uma história com perigos que habitam muito mais do que a mente de um escritor enlutado.
Depois de pensar que a Remedy não faria de novo após Control, ela arriscou-se ao alçar o sarrafo em um lugar impossível de alcançar novamente. Misturando gameplay e – sua marca registrada – filmes live-action, testemunhamos um dos maiores avanços técnicos da história dos games. Tendo merecido imensamente mais ganhar o The Game Awards em 2023, ouso dizer que aqui Alan Wake 2 é absurdo em tudo que se propõe.
“Não é um círculo, é uma espiral.”
SINOPSE
13 anos após o desaparecimento do escritor best-seller de horror Alan Wake, uma onda de assassinatos ritualísticos assola a cidade de Bright Falls, Washington, e a agente do FBI Saga Anderson é designada para investigar os crimes.
ANÁLISE
Ambientado 13 anos após o fim do primeiro game, que ganhou um remaster em 2021, pudemos testemunhar os avanços significativos da indústria. Após Death Rally, Max Payne, Quantum Break e Control, testemunhamos um dos maiores amadurecimentos da indústria que um estúdio poderia ter.
Riquíssimo em detalhes, Alan Wake 2 chegou em 2023 com o intuito de contar a continuação da história do escritor que ficou preso no Lugar Obscuro ao final do primeiro game. Com a apresentação de Saga Anderson como uma das personagens jogáveis, é possível notar como aqui, a Remedy se afastou da demo do game lançada pela Polygon em 2015 que era basicamente mais do mesmo – em relação ao primeiro game. (A demo pode ser assistida clicando aqui).
Entendendo o amadurecimento da Remedy Entertainment como um todo e vendo o que foi feito aqui, fica claro que a desenvolvedora entendeu onde sua franquia de maior sucesso poderia chegar.
Fazendo parte do universo compartilhado da Remedy, encontramos pistas de como estes mundo podem se conectar espalhados pelo mundo, mas não apenas assim. Com rostos conhecidos como Shawn Ashmore, Sam Lake – como Alex Casey no lugar obscuro como uma clara referência à Max Payne -, mas também referências à Jesse Faden, Death Rally e muito mais.
PROCESSAMENTO, ELEMENTOS GRÁFICOS E GAMEPLAY
Ao passo que entendemos a riqueza deste mundo e de seus mínimos detalhes, podemos ver que a Remedy brilha quando o assunto é processamento. Sair de ambientes compactos e carregando grandes áreas com o SSD permitem uma maior imersão no mundo, fazendo com que os jogadores estejam prontos para ação.
Com texturas e uma capacidade de processamento absurda, o game faz com que este mundo seja rico em detalhes e por vezes, nos faz pensar que gameplay é na verdade cutscene. O que pra mim, é absurdo.
Esta mistura de gameplay e cutscene fazem com que Alan Wake sejam mais do que pensamos em um primeiro momento. Ao se distanciar da engine engessada até mesmo do remake, temos aqui
Com diferentes dinâmicas e habilidades entre os dois protagonistas, edições instantâneas estão entre as habilidades de Alan, e sua capacidade de mudar o mundo ao se redor tira muito proveito do processamento do SSD. Com mudanças feitas diante dos nossos olhos, podemos mudar o mundo, entrar na Sala do Escritor, e também avançar tranquilamente sem perda de frames ou qualquer peso no processamento.
Já com Saga, seu Lugar Mental e suas dinâmicas a fazem ser uma das mais interessantes e talvez a melhor personagem dos games de 2023. Sendo multifacetada, sensível e forte ao mesmo tempo, o game da espaço para que compreendamos a profundidade da personagem, de Alan e de alguns outros.
Com as luzes, lanternas e armas tendo um importante papel aqui, Alan Wake 2 se aproveita do que foi feito no passado para brilhar.
Mergulhando de cabeça nos aspectos de puzzle, este se aproveita de dicas visuais, detalhes e áreas que normalmente não seriam solucionados apenas para enriquecer ainda mais este enredo.
ENREDO, HISTÓRIA E MAIS
Brincando muito com metalinguagem, é possível entender que Wake não é bem-vindo no Lugar Obscuro, mas talvez seja muito difícil sair de lá. Abordando 2 livros distintos nesta história – diferente do 1º, que abordava apenas um -, acompanhamos a história de Saga que começa a encontrar páginas do manuscrito de “Return” no mundo real. Enquanto no Lugar Obscuro Alan luta contra as páginas de “Initiation,” um livro que parece ter sido escrito por ele, mas que ele não possui qualquer memória de o ter escrito.
Quando pessoas no mundo real começam a ser infectadas pelo Lugar Obscuro, Saga precisa tirar tudo em seu caminho a fim de progredir.
Com arcos bem definidos, prólogo e fim bem longos, é difícil mensurar ao longo da gameplay em que momento o game acabará. Podendo alterar entre as jornadas de Alan e Saga, preciso dizer que a história de Wake é mais curta, mas não menos rica que a de Saga.
É impossível perder algum elemento de cada uma das histórias, pois cada capítulo destas precisa ser encerrado antes de prosseguir para o fim.
Com uma trilha sonora absurda e o retorno da fictícia “The Old Gods of Asgard”, temos um incrível número musical. A banda “Poets of the Fall” traz uma atmosfera às trilhas que foge por vezes do que é visto ao longo do game, o que é brilhante. Com uma espécie de metal melódico – que deveria ser na verdade um thrash metal -, acompanhamos detalhes inerentes à história de Wake e Saga que são contados em cada uma das trilhas.
Com personagens cativantes, jornadas repletas de perigos hão de aparecer. Sendo relativamente fácil de prosseguir, os puzzles aqui tem um importante papel com fatores até limitadores.
VEREDITO
Alan Wake 2 possui uma história profunda que nos leva por um caminho repleto de questionamentos. Colocando em Saga o peso da protagonista que foi imposto a ela, precisamos avançar por sua jornada a fim de salvar alguém querido. Quando Wake a põe em rota de colisão com perigos conhecidos e outros inteiramente novos, ela e Alex Casey precisam mergulhar na história de Bright Falls, deles mesmos, enquanto Wake precisa fugir.
Avançar em meio aos perigos que Scratch e o Lugar Obscuro insistem em lançar em nossa direção nos causam desconforto, sustos e um pavor por vezes horrendo (pelo menos nas primeiras 5 horas). Com jumpscares muito bem encaixados, a história tenta impedir nosso avanço nos mostrando o que se passa não apenas na mente de Wake, como também de Saga.
Brincando com a mente dos protagonistas e a nossa, a Remedy faz com que este seja um dos maiores avanços narrativos e de gameplay. Feliz em tudo que se propõe, podemos avançar sem medo de ser feliz, ou melhor, de se assustar. Tudo isso em uma jornada narrativa profunda e repleta de mistérios.
Alan Wake 2 merece ser jogado não apenas pelo burburinho, mas pelos seus próprios méritos. Agradeço à Epic Games por nos ter enviado o game para review. Em breve, nossas impressões em relação às DLCs do game serão lançadas aqui.
5,0 / 5,0
Confira o trailer do game:
Alan Wake 2 está disponível para PlayStation 5, Xbox Series X/S e PC via Epic Games Store.
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