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CRÍTICA – Assassin’s Creed Valhalla (2020, Ubisoft)

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Valhalla

A franquia Assassin’s Creed desde seu lançamento tem gerado um enorme burburinho por si só. Seja por seus games controversos, ou até mesmo pela mudança no protagonismo do game, nos levando a tempos imemoráveis para contar histórias tão lúdicas quanto fantásticas, mas que os fãs acabam optando por deturpar uma mensagem clara passada pela Ubisoft. Assassin’s Creed Valhalla é o 12º game da franquia a ser lançado e continua a história dos Ocultos, e se passa algum tempo depois de Assassin’s Creed Odyssey.

O CONTROLE ABSOLUTO É PERIGOSO, OS OCULTOS PRECISAM AGIR

Diferente de Odyssey, em que somos apresentados ao Credo dos Assassinos ou algo análogo ao que ele viria a ser no futuro apenas em uma DLC, Valhalla mergulha de cabeça no mythos do Credo, quebrando alguns costumes, regras, tradições do grupo secreto e vai além. Optando por trazer importantes elementos da franquia que haviam sido deixados de lado, AC Valhalla se aproxima mais dos jogos de Ezio Auditore da Firenze do que os games pós-trilogia do famoso assassino italiano.

Por meio da história real, somos apresentados a icônicos personagens que nos fazem sentir mais imersos na história, e familiarizado se você é um fã da história viking, ou da mitologia nórdica.

Ainda que se aproxime imensamente dos games originais, Assassin’s Creed Valhalla se distancia ao nos dar pela primeira vez a opção de definir as dificuldades de Exploração, Combate e Furtividade, permitindo que os jogadores mais experientes, ou os que gostam de explorar, um maior desafio in-game.

SE PREPARE PARA ATRAVESSAR A BIFROST E CONQUISTAR OS 9 REINOS

Eivor é a/o personagem central do game, que assim como Odyssey, te permite escolher o gênero do seu personagem, mas também te permite jogar com um personagem de gênero fluído, mudando para o gênero masculino ou feminino dependendo da situação.

O cuidado que a Ubisoft teve com o desenvolvimento do game, é absurdo seja para a geração de consoles atual (PS5 e Xbox Series X/S), como a anterior, não deixando-o a desejar em nada em relação a nova geração.

Assassin’s Creed: Valhalla retrata um importante período histórico, fruto de enormes elucubrações, mas também de fatos, como a exploração marítima por parte dos daneses que aportaram em terras ao leste de onde habitavam a fim de se estabelecer, e sobrepujar qualquer força militar que os tentasse expulsar.

O game não mudou muito a forma de adaptar a história do mundo real, romantizando alguns acontecimentos e incluindo um personagem original do game que tem a função de nos tornar protagonistas da história, enquanto costura toda a trama com personagens reais, como Sigurd, Ubba, Ivar e até mesmo Björn.

QUEM PERDE A GUERRA, NÃO TEM O DIREITO DE CONTAR SUA HISTÓRIA

Apesar de conhecermos muito da história das incursões vikings, por serem considerados pagãos, grande parte de seus feitos foram destruídos pela história e por aqueles que controlavam que rumo o mundo tomaria na época.

Assim como em grande parte do mundo, a Igreja Católica tinha um papel extremamente importante na Europa no que se refere a guardar a história do mundo, assim como escolher como ela seria contada.

Dado o fato dos daneses serem considerados pagãos por não louvarem ao Deus católico, ainda que tenha tido um enorme sucesso ao conquistar parte da Europa na época das incursões, a história acabou por mitigar seus esforços, e onde a história não chega, AC Valhalla continua.

SOPREM SEUS CHIFRES, VAMOS REALIZAR INCURSÕES!

A gameplay de Assassin’s Creed Valhalla se mostra uma mistura dos games originais, e dos últimos games da franquia. Com habilidades físicas presentes no botão R2 (no PlayStation) ou RT (no Xbox), e os botões de ação.

Diferente de Odyssey e Origins, as habilidades não mais estão presentes nas árvores de habilidades e sim espalhadas pelo mundo, ou seja, as gameplays podem ser as mais diversas possíveis, dependendo da sua forma de jogar.

As incursões ainda que incríveis e quase cinematográficas, podem se mostrar extremamente frustrantes caso você tente realizar uma em que o poder recomendado é acima do seu. Mas com cautela – e precaução – uma rápida análise, seguida de uma limpeza de área podem se mostrar recompensadoras na obtenção de Matérias Primas para fazer com que seu assentamento progrida e traga cada vez mais vantagens para sua gameplay.

A exploração do game te dará imensas recompensas, mas vá com cuidado, por mais que você tente, alguns itens, ou áreas só podem ser exploradas conforme você progride na história e recebe itens para acessar certas áreas.

Elementos como o diálogo pós-Execução, em que a derradeira face dos nossos inimigos é mostrada, eram um importante elemento narrativo nos primeiros games na franquia – que por alguma razão com o desenvolvimento e crescimento da série, foram deixados de lado, e agora retornam com merecido destaque.

Valhalla traz também a jogabilidade stealth, que foi brilhantemente utilizada em games como os primeiros da franquia, até Unity e Syndicate, mas em Origins e Odyssey, foram esquecidos.

O PREDADOR ANALISA SUA PRESA ANTES DE ATACAR

Dependendo da dificuldade de exploração que você escolher, Synin, seu confiável corvo não te ajudará muito – me fazendo acreditar que se Odin utilizava Hugin e Munin como seus olhos nas histórias da mitologia nórdica, ele deveria ser bem cego.

Até mesmo o modo normal de exploração coloca alguma dificuldade ao nos fazer explorar o mundo, entregando pouco, ou quase nada de para onde devemos ir ao aceitar uma missão.

Synin tem um papel importante no game, e como Senua e Ikaros, possui habilidades únicas. Dedicando tempo o suficiente para aperfeiçoá-las, seu corvo se tornará um aliado valioso quando você for realizar alguma incursão, ou até mesmo bater de frente com algum seguidor da Ordem dos Anciões em níveis acima do seu.

A DIFERENÇA ENTRE A GRÉCIA ANTIGA E A INGLATERRA DO SÉCULO IX É GRITANTE

A diferença mais gritante entre Valhalla e Odyssey, é que Valhalla conta de fato a história dos Assassinos que dão nome ao game, mas não apenas por meio de uma DLC.

O game nos apresenta personagens que introduzem o Credo àqueles que vivem uma realidade tão distante da deles, mas que sofrem o mesmo na mão da Ordem dos Anciões, que é similar ao Culto, visto em Odyssey.

Se você curte aprender mais sobre o passado da Credo dos Assassinos, ou dos Ocultos, vai se maravilhar, e entender a razão de nenhum game ter contado a história deles na Inglaterra até esse momento.

Valhalla traz de volta e investe pesadamente em mensagens espalhadas pelo mundo. Fragmentos de histórias que são contadas em bilhetes enriquecem a história tanto do mundo quanto do Credo dos Assassinos e revela o que aconteceu ao grupo que pareceu precisar fugir da Inglaterra alguns séculos antes da chegada de Eivor.

O SANGUE CORRE VERMELHO E  OS PORTÕES DE VALHALLA NOS ESPERAM

O forjar de alianças com os primeiros daneses a chegar à Inglaterra torna o Clã do Corvo ainda mais mortal. E as alianças são cruciais, pois aliados espalhados pelo mapa impedirão a progressão da Ordem dos Anciões, assim como um eventual controle absoluto por parte deles.

O combate se tornou extremamente mais fluído do que era em Odyssey. O equipar de armas, ou escudos na mão principal ou na mão secundária, ou até mesmo uma arma de duas mãos fazem a gameplay ser única para cada jogador.

O feedback que o game dá ao jogador ao realizar assassinatos aéreos, finalizações, ou até mesmo golpes relacionados à habilidades, é extremamente satisfatório – ainda que seja visualmente gore –, e nos mostra que a Ubisoft não ficou parada no tempo, e parece ter percebido que ouvir os jogadores da franquia é importante, e trouxe de volta a fluidez que combos e finalizações devem ter, se afastando de golpes desconexos, como o que víamos com Alexios e Kassandra.

VALHALLA NÃO É UMA SKIN PARA ASSASSIN’S CREED ODYSSEY, É UM GAME INTEIRAMENTE NOVO 

A história de Layla Hassan que teve início em Origins continua e mostra que os efeitos do Bastão de Hermes Trismegisto teve na personagem vão muito além do que vimos em Odyssey, e traz de volta personagens clássicos.

Os ex-parceiros de aventura de Desmond Miles, como Shaun Hastings e Rebecca Crane, continuam em sua empreitada de mitigar a qualquer custo os esforços da Abstergo – a atual fachada dos Templários/Culto/Ordem dos Anciões – de dominação mundial.

Valhalla se tornou uma enorme surpresa para mim, que recebi o game no dia do lançamento pela Ubisoft. Apesar de ter sido pego no hype muito antes do seu lançamento, o game não quebrou a barreira de Expectativa/Realidade. Ele se mostrou muito mais do que esse que vos escreve esperava.

Com pouco mais de 300 horas de jogabilidade do Odyssey, acho que posso dizer com propriedade que Valhalla vai muito além do que seu antecessor ousou ir, nos deixando boquiabertos com a grandiosidade tanto das missões, como da história que ele se dispõe a contar.

Habilidades espalhadas, disputas repentinas e qualidade na progressão na história nos tornam mais aptos para querer imergir no mundo do game. Estes fatores também nos deixam preparados para missões de quick-time event, que enriquecem ainda mais a experiência, pois nos mostram como o mundo do game tem vida e precisa de nós para o seu desenrolar.

Atreva-se a desbravar a antiga Inglaterra, alie-se e conquiste, mas acima de tudo, aproveite a bela obra que é Assassin’s Creed Valhalla. Mas, como diria um famoso escritor, lembre-se: Wyrd bið ful aræd!

4,5 / 5,0

Assassin’s Creed Valhalla foi lançado no dia 10 de novembro de 2020 e está disponível para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X | S e PC.

Assista ao trailer de lançamento do game:



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