Aqui no site, não é segredo que temos uma admiração por bons jogos indie e B.I.O.T.A é mais um destes títulos. Produzido pelo Small Bros, um estúdio italiano de um homem só (Ivan Porrini), teve a parceria da Retrovibe Games, uma publisher polonesa dedicada a desbloquear novos níveis de diversão distribuindo jogos com alma retrô.
B.I.O.T.A. teve seu lançamento em versão completa no dia 12 de abril de 2022 para PC.
SINOPSE
Um metroidvania de plataforma 2D repleto de ação ambientado em uma colônia de mineração infectada por uma praga alienígena. Em B.I.O.T.A. você estará inserido em um selvagem e perigoso ambiente sci-fi desenvolvido em uma bela pixel-art. Você pode escolher seu herói entre 8 opções desbloqueáveis, lutar contra monstros horrorosos e customizar sua experiência em 8 bits com quatro paletas de cores diferentes.
ANÁLISE DE B.I.O.T.A.
B.I.O.T.A. é um metroidvania de ação em 2D na sua mais pura essência. Com seus gráficos em 8 bits, sinta-se jogando os primeiros títulos que deram nome ao gênero. Ao contrário de Metroid, onde explorávamos o planeta Zebes, em B.I.O.T.A. somos enviados ao asteroide Fronteira do Horizonte no ano de 2177.
Você controla uma equipe de mercenários, o Gemini Squad II, contratada pela V-Corp – uma empresa que controla uma colônia de mineração neste asteroide.
Arte
Um dos primeiros pontos que salta aos olhos em B.I.O.T.A. é o seu gráfico totalmente em 8 bits. Num primeiro momento, torci o nariz porque só parecia um jogo simples com gráficos que remetiam ao retro para tentar fisgar pela nostalgia.
Imagens estáticas não nos permitem apreciar toda a maestria que 8 bits e paletas de 4 cores escondem. A dinâmica que temos jogando B.I.O.T.A. é linda, com animações agradáveis e gráficos muito bonitos, ainda que pouco detalhados.
Um dos diferenciais em suas cores são justamente as opções. São 54 opções de paleta de cores (a maioria desbloqueáveis) que você pode escolher qual mais lhe agrada ou se parece adequada ao momento do game.
Não bastassem os gráficos, as trilhas sonoras (por Maxim Tolstov) e efeitos são um primor, reproduzindo estilos chiptune e synthwave ricos em qualidade e detalhes. Os efeitos sonoros ajudam a dar peso às ações do personagem, tornando mais “palpável” a experiência.
Jogabilidade
Por se tratar de um metroidvania muito baseado nos clássicos da Nintendo, esperava uma dificuldade bastante elevada (lembrando dos perrengues que passei em Super Metroid). No entanto, o que experimentei foi muito diferente – ainda que cheio de semelhanças.
Chegando no asteroide, podemos interagir com alguns dos sobreviventes do caos que lá se instaurou após a praga alienígena ter se espalhado pela colônia. Mas sem mais delongas, somos “convidados” a penetrar no recôndito do asteroide em busca de ajuda e respostas.
Com acesso a um mapa ainda sem informações, começamos a exploração de maneira orgânica, conhecendo já de cara alguns monstros nada simpáticos. Apesar dos monstros, os maiores obstáculos são os desafios de plataforma. Morri algumas vezes nas primeiras partes do mapa.
Sentindo o jogo
Mas metroidvanias consistem exatamente nisto: exploração constante, tentativa/erro e revisitação de pontos. E após algumas mortes, entendi as mecânicas que aquele trajeto queria me ensinar. E o jogo vai evoluindo em meio a essa dinâmica de novidade, tentativa e aprendizado.
Parece simples, mas eu me assustei quando comecei a testar “só por uma hora” e me vi preso em quase quatro horas de gameplay sem pausa. O level design e a fluidez do jogo são muito envolventes e te prendem de maneira quase imperceptível.
Cada forma nova de combater os inimigos ou de suplantar desafios de plataforma instigam a querer tentar “só mais uma vez”. E assim vamos entrando cada vez mais fundo no asteroide e na trama que se constrói.
Mas não era um metroidvania?
O jogo não contente em te permitir desafios de plataforma muito instigantes, ainda oferece trechos e fases onde podemos pilotar um submarino, um mecha e uma nave espacial.
Além destas fases que chamam a atenção por se distanciarem totalmente das mecânicas que foram construídas ao longo da gameplay, existem também trechos em que o jogo muda levemente seu mote para proporcionar novidade em meio ao já experimentado.
Personagens de B.I.O.T.A.
Além do mecha e do submarino, precisamos destacar os personagens jogáveis de B.I.O.T.A. e suas características. Cada personagem possui armas únicas, tanto básicas quanto especiais, além de 3 atributos: velocidade do ataque, precisão e força.
Dos 8 personagens jogáveis, 4 são desbloqueáveis. Os 4 iniciais, ou seja, os membros do esquadrão de mercenários são:
- Ace, o veterano, um capitão do exército americano, empunhando uma submetralhadora e jogando granadas;
- Zeed, o perseguidor, um soldado marciano, com sua escopeta, é mais propício para o combate de curta distância, oferece uma gameplay mais tática munido de seu escudo;
- Kirill, o mutante, um tenente da CCCP, tem um estilo mais agressivo com sua thermo-gun e seu arsenal de C4s, e;
- Flynt, o saqueador, um soldado brasileiro, munido de seu rifle de precisão, proporciona uma gameplay estratégica, graças a seus tiros de longa distância.
Cada personagem é mais adequado para determinadas partes do jogo, fazendo com que analisemos as circunstâncias do ambiente pensando em qual a melhor estratégia para suplantar inimigos ou desafios.
O jogo também conta com uma boa variedade de monstros e chefes, sem muita complexidade, mas oferecendo um bom adicional à diversão, principalmente em suas animações de ataque e dinâmicas de movimentação.
VEREDITO
Durante as quase 8 horas de gameplay do modo história, me senti sempre instigado em querer saber o que viria após. B.I.O.T.A. certamente foi um dos metroidvanias que mais captou minha atenção nos últimos tempos.
Não digo que ele é perfeito. Possui pequenos pontos como alguns níveis que podem ser “pulados” por algum glitch (raras vezes). A música, às vezes, por compor níveis mais extensos ou mais difíceis que exijam muitas mortes para sua conclusão acaba saturando, mas são bem poucos os momentos em que isto ocorreu.
Algumas das paletas de cores também não são das mais confortáveis e parecem ter sido adicionadas mais por preciosismo (ou para aproveitar todos os testes do desenvolvedor), pois não têm tanta funcionalidade. Entretanto, existem outras paletas de cores que se destacam e fazem a alternância valer a pena.
Ainda assim, B.I.O.T.A. brilha e conquista. Por seus diálogos, suas divertidas animações, seus desafios, chefes e monstros caricatos e por ter uma história bem desenvolvida. Talvez não inesperada, mas ela envolve e conquista, fazendo com que queiramos viver o que já sabemos que está por vir.
B.I.O.T.A. é um jogo bastante recomendado por mim, não só por ser um ótimo jogo, mas também porque possui menus e legendas em português, dando fácil acesso para que o público nacional possa também disfrutar deste game.
4,7 / 5,0
B.I.O.T.A. está disponível para PC via Steam e GOG.
Confira o trailer de B.I.O.T.A.:
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