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CRÍTICA – Chants of Sennaar (2023, Rundisc)

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Chants of Sennaar

Chants of Sennaar é um game guiado pela história e por puzzles. Com diferentes glifos para traduzir, atuamos como um filólogo, um tradutor de símbolos que eventualmente contarão uma história. E para entendê-la se faz necessária a observação de diferentes civilizações que não mais interagem entre si. Divididos entre diferentes “castas”, vemos como esse mundo é singular.

Os primeiros que conhecemos, são os devotos. Indivíduos da mais baixa casta, acima deles, estão os guerreiros, acima deles, os bardos e acima destes, os alquimistas tentam mudar o mundo. Com o foco em um mundo estruturado na Torre, acompanhamos a história a partir do ponto de vista de um protagonista silencioso.

Nosso personagem, possui uma simples missão. Traduzir os glifos expostos nos diferentes níveis da torre a fim de entender a história e assim, avançar. Os glifos são desenhos, cujas estruturas funcionam nesse mundo como palavras – diversos desses glifos reunidos formam frases, que eventualmente precisarão ser usadas. Todos 5 dialetos presentes no game possuem peculiaridades, em alguns frases são formadas da esquerda para a direita, de maneira ocidental, outras da direita para esquerda, como algumas escritas orientais.

Desenvolvido pela Rundisc e publicado pela Focus Home Interactive, Chants of Sennaar foi lançado no dia 5 de setembro de 2023 para Nintendo Switch, PlayStation 4, Xbox One e PC.

SINOPSE

Reza a lenda que, um dia, uma pessoa viajante voltará a unir os Povos da Torre, que não mais são capazes de comunicar-se uns com os outros. Observe, escute e decifre os idiomas ancestrais em um universo fascinante, inspirado pelo mito de Babel.

ANÁLISE

O mito da Torre de Babel, idealizada por Ninrode e construída pelo imperador Nabucodonosor. A lenda dizia, que a torre foi construída para impedir que as pessoas vagassem e se espalhassem pelo mundo. Mas quando Deus desceu dos céus para observar a cidade, e ao perceber a ousadia do imperador, resolveu intervir. Dando início ao fim, Ele criou diversos idiomas, impedindo que aquele povo se comunicasse e se entendesse.

O game criado pela Rundisc tem muito mais aspectos de puzzle do que eu consideraria necessário, mas também mecânicas de stealth e também exige um quê de habilidade analítica. Não apenas por como as línguas e os idiomas se comportam, precisamos traduzir 5 diferentes tipos de glifos a fim de completar toda a história.

Idiomas são um problema na comunicação destes 5 diferentes povos. Mas o mais estranho e curioso deles, é o Exílio. O exílio tem um papel importante na interrupção da manutenção do povo que criou a Torre no mundo do game, os Anacoretas. Esses, indivíduos extremamente tecnológicos pararam de fazer a manutenção da torre, seja servindo de intermediários entre os povos, ou até mesmo de tradutores entre eles.

Assim, a não realização das atividades dos Anacoretas, fez com que todos os indivíduos da Torre deixassem de realizar seus deveres e o caos foi instaurado. Nenhum tipo de vínculo, entendimento ou comunhão entre os povos da torre os tornou cada vez mais distantes.

VISUAL, LEVEL DESIGN E GAMEPLAY

O visual de Chants of Sennaar parece é desenhado a mão. As peculiaridades, as cores e os design únicos de cada um dos povos, dão ao game uma sensação de fluidez e uma noção de mundo singular. Se povos tão distintos em cada um dos andares se desenvolveram sem qualquer tipo de contato, de que maneiras seus visuais poderiam se diferenciar?

As cores, os trajes, suas tecnologias e até mesmo os ambientes em que estão inseridos os diferenciam e distanciam, bem como seus idiomas. As cores dos devotos são vivas e quentes, com seus grandes capelos e longas vestes. Os guerreiros, com suas armaduras em cores sóbrias, assim como seu mundo parecem os terem tornado duros e rígidos. O mundo dos bardos é tão colorido quanto as histórias que contam, e suas roupas possuem as mais diversas cores chamativas. O lar dos alquimistas, possuem um esquema de cor que mistura os três anteriores e visuais como grandes chapéus pontudos e longas vestes.

O level design da Torre nos lança por peculiares níveis que vão desde pequenas salas, corredores inundados e puzzles curiosos, até grandes salões repletos de inimigos. O que a Rundisc faz nos lança por níveis profundos e tão complicados quanto a missão que precisamos desempenhar, entender o mundo e traduzi-lo de maneira que possamos compreender sua história e como ajudá-lo.

A gameplay de Chants of Sennaar é incrível e guiada por sua história única, acompanhamos nosso personagem por um mundo em que a falta de comunicação levou diversos povos à beira da aniquilação. Com puzzles de algo que são basicamente o cerne do game, a tradução dos glifos são difíceis e requerem atenção e observação. A observação nos faz entender como funcionam as estruturas de cada um dos símbolos e de cada um dos dialetos.

VEREDITO

186 glifos separam os jogadores do entendimento completo da história de Chants of Sennaar. Assim, o game nos permite entender que muito mais do que um jogo guiado por puzzles, ele é um game que romantiza uma antiga lenda, em que o mundo e a falta de comunicação causaram o fim de um povo. A dificuldade torna Chants of Sennaar tão curioso quanto instigante.

Ao longo de suas mais de 7 horas de gameplay, entre tentativa e erro, pude compreender que a observação vai nos levar por mais lugares do que é possível compreender. E que a comunicação e a compreensão pode tanto nos salvar, quanto a falta dela, pode nos encaminhar diretamente ao fim.

Chants of Sennaar diverte, cativa e desafia, mas acima de tudo, nos surpreende a cada esquina que a história ousa virar.

5,0 / 5,0

Confira o trailer do game:

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