Quando foi anunciado originalmente com outro nome em Dezembro de 2016, ninguém poderia imaginar o que a Atlus guardava em sua manga. Desenvolvido em parceria com o Studio Zero, ‘Metaphor: Refantazio‘ brinca com o fantástico, o real e a irreal, só para gerar discussões sobre discriminação, xenofobia e acima de tudo, vontade e a necessidade de vencer.
Quando o rei é misteriosamente morto, e muitos acreditam que o príncipe do Reino de Euchronia jaz morto, um indivíduo de uma tribo misteriosa chega à capital com uma missão imponente e importante. O JRPG nos lança por missões difíceis, profundas e histórias que brincam com o real e o irreal, flertando com elementos bem conhecidos do nosso mundo, como o preconceito, os horrores da guerra e a ganância.
Dividido entre 9 tribos distintas, existe um sistema de segregação muito claro neste mundo. Com povos deixados à própria sorte, cabe a nós unir os Elda, Clemar, Rouissante, Eugief, Nidia, Paripous, Ishikia, Rhoag e os Mustari.
Sendo algumas delas mais misteriosas que as outras, alguns segredos deste mundo só serão descobertos com muito afinco. Trago aqui a minha análise de Metaphor: Refantazio, um game que me fez ir atrás de outros games da Atlus e me fez apaixonar pela desenvolvedora.
SINOPSE
Esta é uma história de como as pessoas devem encontrar unidade para eleger um novo rei.
Nossa história se passa no Reino Unido de Euchronia, onde o assassinato do rei traz caos e agitação à terra. Então, em um dia fatídico, uma magia conhecida apenas pelo rei, chamada de Magia Real, é invocada, e o mundo se envolve em um torneio real pelo trono. No meio disso, o protagonista, junto com sua parceira, a fada Galica, deve encontrar uma maneira de quebrar a maldição que foi colocada no príncipe que o reino acredita estar morto. Para isso, eles partem em uma jornada pela vasta terra.
ANÁLISE
Seja por mergulhar em um mundo completamente desconhecido, ou não saber o que me esperava, tive algumas das melhores e mais frustrantes experiências ao longo da minha gameplay. Voltando sempre o save a fim de me preparar melhor, comecei a entender que um dos passos de dar um passo em direção ao combate e a história, é preciso sempre dar um passo atrás. Rico em tudo que se propõe, seja de detalhes, mecânicas e narrativas, acompanhamos a história de um jovem Elda, um jovem clemar, uma jovem rouissante e mais pra frente, um pouco de cada tribo.
Com mistérios relacionados a este mundo desde seus primeiros momentos, acompanhamos como a Igreja Sanctária controla essas 9 tribos com punho de ferro. Sendo um claro exemplo de como religião e política não devem se misturar, crenças se misturam com “opinião,” o que parece enveredar claramente as decisões de como estes povos serão “governados.”
Ao lado da pequena fada Galica, o nosso personagem sem nome – dei o nome do meu de Aegon, afinal, quando comecei o game Casa do Dragão ainda estava no ar – precisamos ascender a um lugar de prestígio nas primeiras posições do Torneio Real a fim de se tornar rei.
Quando suspeitas se provam reais, parceiros inesperados surgem graças a um inimigo em comum.
MAGLA, MAGIA, TROTADOR, ÁRVORE DE ARQUÉTIPOS E GAMEPLAY
Produzido pela Studio Zero, o game mistura conceitos já conhecidos dos mundos fantásticos, enquanto nos apresenta novos. O conceito de Magla, é a base conhecida da magia neste mundo. Alguns seres, como a fada Galica, conseguem vê-la no ar e em todas as coisas, graças à sua “visão feérica.” Sendo assim, magia são técnicas que consomem poder mágico, mas precisam de ignitores a fim de ser usadas. Os ignitores, são ferramentas que convertem poderes mágicos em magia, sendo de necessários para realizar feitiços e materializar a magia que rodeia a todos.
Graças as particularidades de cada uma das tribos e suas habilidades inatas, algumas delas acabam não precisando de uma ferramenta para materializar seus poderes. Por isso, algumas delas são temidas não apenas pela população, como pela Igreja Sanctária.
Com segredos profundos sendo revelados ao longo do caminho, nossos personagens descobrem mais sobre si, suas jornadas e aquele mundo do que em um primeiro momento. E isto só serve para amontar em suas já infinitas listas de motivos para se tornarem reis. Ao passo em que nossa jornada avança, desafios cada vez maiores surgem. Portanto, não recomendamos subestimar seus inimigos, tampouco fugir de lutas o tempo todo.
Nosso avanço na história se dá em um mapa muito grande, pelas cidades que formam o Reino de Euchronia. Sendo assim, nossa movimentação dá por meio de um veículo enorme e inesperado. O Trotador Couraçado, um veículo operado por meio de poderes mágicos, propicia nossa viagem pelos ermos com agilidade sem igual. E assim como os trotadores dos outros candidatos ao trono, o nosso não é diferente. O trotador que nos levará por essa viagem possui particularidades diferentes a de qualquer outro.
Com uma gameplay focada como nas dos games da franquia Persona, o ciclo de dia e noite, é de extrema importância. Nosso avanço e missões possuem prazos a ser cumpridos, o que torna nossa história familiar aos fãs de Persona, o que é incrível. Com missões que nos garantem virtude, popularidade e poder, precisamos avançar com cuidado, levando em conta os prazos. Por meio de um mundo fantástico, o game pode ser por vezes frustrante, e eu deixo aqui uma dica: deixe saves de diferentes momentos do game – não salve por cima de outro save.
Diferente das personagens, temos em Metaphor: Refantazio, os Arquétipos. Habilidades que são desbloqueadas a partir das relações, dos vínculos que você forma ao longo da história.
Os arquétipos são os mais variados, desde Polímata que possui habilidades de combate versáteis, até ladrão, focado em roubar itens e pontos de magias inimigos. Cada um desses arquétipos possuem vantagens ante inimigos específicos. O que nos força a sempre melhorá-los e os evoluir.
O game está localizado em Português do Brasil, com legendas e menus localizados para nós. E este trabalho é absurdo!
GRÁFICOS E VISUAL
Com o game tendo sido produzido na engine proprietária da Atlus, vemos aqui um dos maiores avanços gráficos da desenvolvedora. No meu PC com um SSD de 500gb, uma RTX 3060, 16gb de RAM e um 5600GT pude rodar o game em alto, sem limitações de FPS e o game se mostrou bem fluído, o que é cativante.
Um game desta proporção, otimizado como este está, é incrível. Tendo recebido apenas uma atualização desde que o recebi há algumas semanas, este já se mostrava bem semelhante à versão final do game, o que é absurdo.
Com um visual rico em detalhes, menus incríveis e estilizados, vemos aqui um dos maiores avanços gráficos da Atlus. Sendo ainda mais bonito do que o Persona 3 Reload, ficamos abismados por como este mundo se faz visualmente gratificante e absurdo. Com detalhes de mapa, a exploração das dungeons e entender as dicas visuais como um padrão a ser seguido, fazem do game ser algo muito além do que foi feito até aqui.
Os trailers do game mostravam grande parte da gameplay do game e da história, com a história se desenrolando em in-engine, e para a minha surpresa, a história é costurada com cenas animadas. Mas não como um anime de baixo orçamento, mas um anime rico, como os feito pela WIT Studios, o que só dá mais profundidade ao game.
Sendo um forte concorrente à The Game Awards, a riqueza de detalhes, enredo e narrativa evocam a este, um ar de favorito à premiação – pelo menos pra mim.
VEREDITO
Metaphor: Refantazio é muito mais do que eu poderia imaginar. Enquanto brinca com uma história de um livro banido naquela realidade, nosso grupo almeja criar um lugar com a utopia que este descreve. Um mundo pacífico, sem distinções de raça, ou segregação. Fantástico, com o pé no chão, o game nos faz sentir imersos durante toda sua gameplay. Após pouco mais de 42 horas neste mundo, posso dizer que nem tudo é o que parece.
Com histórias que emocionam, cativam e quase nos fazem chorar, o mundo de Metaphor é rico em detalhes de uma realidade dura e profundamente embasada no mundo real. Violento e hostil, o controle forçado sobre as tribos deste mundo, garante uma manutenção daquela sociedade. Enquanto promove rixas e disputas pífias, a Igreja Sanctária se mantém inabalável, no controle daquela sociedade.
Me peguei por diversas vezes achando que a próxima missão seria a última da história. Só para entender que ainda havia muito mais depois. Se eu posso reforçar um elemento mais uma vez é: Estude seus inimigos, os arquétipos e esteja sempre preparado para avançar. Sendo assim, avance com cuidado, entenda que as relações que você formará aqui, vai guiar sua jornada neste mundo.
Se você ama a franquia Persona, também vai amar Metaphor: Refantazio. Não deixe de jogar quando o game for lançado em 11 de outubro e não deixe a fantasia morrer.
5,0 / 5,0
Confira o trailer do jogo:
Metaphor: Refantazio chega no dia 11 de outubro para PC, PlayStation 5, Xbox Series X/S.
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