Início GAMES Crítica CRÍTICA – RE:CALL (2023, Whitethorn Games)

CRÍTICA – RE:CALL (2023, Whitethorn Games)

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RE:CALL

RE:CALL é um game independente do estúdio de desenvolvimento argentino maitan69, estúdio responsável pelo adorado Evan’s Remains. O game nos apresenta a princípio uma história confusa, que rapidamente cresce e se torna algo ainda mais confuso. Pouco antes de seus minutos finais, o game revela a história que quer contar, de maneira cuidadosa, com mecânicas interessantes, tudo isso enquanto nos permite controlar 10 diferentes personagens.

RE:CALL é um game feito inteiramente em pixel art, com uma identidade única e uma vasta gama de personagens jogáveis, ele se faz feliz em suas escolhas. Quando o game deixa de ser um game – visualmente – um game de 16 bits, ele se torna um belo visual novel, em que nossas escolhas influenciarão e mudarão o presente, enquanto descobrimos o que aconteceu no passado.

SINOPSE

Em RE:CALL, os jogadores embarcam em uma aventura no estilo visual novel que destaca o poder da retrospectiva. O protagonista exerce o poder de alterar sua memória de eventos passados para afetar imediatamente o presente. O mundo ao redor dos personagens mudará com base em como os jogadores navegam por esses flashbacks. Um guarda pode estar parado perto da porta com um pequeno ferimento na cabeça, mas e se o protagonista se lembrasse de pegar uma arma em vez de uma pedra? Resolva quebra-cabeças, mude os corações e mentes de amigos e inimigos e remodele o futuro!

ANÁLISE

RE:CALL nos coloca no controle de 10 personagens únicos, mas mesmo com todos possuindo as mesmas habilidades no momento em que os controlamos, somos apresentados às histórias únicas que cada um deles tem a contar. O game conta basicamente uma mecânica de tentativa e erro, de modo que os mistérios do game só podem ser resolvidos de uma maneira específica.

O personagens com quem passamos mais tempo ao longo do game é Bruno Gallagher. Um jovem não tão popular que após ser tomado pelos “fantasmas”, passa a ver o mundo de uma maneira bem diferente. Como as histórias do game são baseadas inteiramente em memórias, o mesmo se aproveita do fato delas serem maleáveis, permitindo que nós as alteremos quando perguntados acerca de um determinado evento. Durante os momentos investigativos do game, ele muda completamente, tomando um tom de visual novel.

O game se baseia fortemente em games visual novel como Ace Attorney, Steins;Gate e até mesmo Digimon Survive. Mas ele inova com as novas mecânicas. O fato de as memórias funcionarem como puzzle, faz com que os jogadores testem diferentes dinâmicas e diferentes possibilidades a fim de chegar na resolução dos desafios. Ou seja, todos eles possuem uma resolução específica.

NARRATIVA, VISUAL E MECÂNICAS

O visual do game nos permite compreender como aquele mundo é diverso. Não apenas pelos personagens, mas também por suas histórias únicas. Um dos pontos mais interessantes do game, é mostrar como se dão as dinâmicas de poder daquele mundo. Não apenas pelas cores dos vilões vivas e chamativas dos vilões, mas também, por como os personagens que o game parece fazer questão de que nos apeguemos, quase sempre morrem. Não vou dizer que morrem de maneira difinitiva, mas suas interações naquele mundo, podem matar ou trazer indivíduos de volta à vida.

Uma das coisas mais interessantes do game, é como essas dinâmicas funcionam. O aspecto puzzle do game, vem da nossa habilidade de perceber as informações que nos são dadas à todo momento, e nas linhas de diálogos. Pois por mais que o game incentive a tentativa e erro, ele também te pune a cada vez que você volta no tempo e não obtém êxito.

Os game overs são um elemento corriqueiro do game, algo que os próprios personagens entendem como parte dos ciclos que vivem a fim de entender mais das histórias. E essas investigações, quase sempre tem um caminho pré-definido, ou seja, uma única solução a ser descoberta.

As soluções do puzzle em RE:CALL nos obriga à concluir e finalizar os ciclos diversas e diversas vezes, pois só por meio deles, conseguimos descobrir mais daquelas histórias.

A mecânica de mudar o passado e o presente ao mesmo tempo – no meio de um relato – é o que funciona como o charme do game desenvolvido pela maitan69. Ainda que o game tenha se apresentado para esse que vos escreve como um visual novel, ele me saltou e me surpreendeu muito positivamente ao se aprofundar e chafurdar em suas próprias dinâmicas e histórias.

VEREDITO

O que a maitan69 fez ao desenvolver RE:CALL, vai além da surpresa da beleza gráfica. RE:CALL funciona como um brilhante respiro do gênero visual novel e estabelece o estúdio indie como um dos que merecem receber toda nossa atenção daqui pra frente. Enquanto nos cativa por suas narrativas, ele nos pega de surpresa pelo brilhantismo de suas mecânicas.

Ao encontrar Bruno, nos emocionamos por como o game nos envereda por sua história, mas não apenas isso, causa nos jogadores um tipo de identificação. A habilidade do game de nos pegar na mão e nos cativar em seus diversos momentos o fazem ser algo único.

5,0 / 5,0

Confira o trailer do game:

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