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CRÍTICA – Sea of Stars (2023, Sabotage Studio)

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Sea of Stars

Sea of Stars é uma incrível viagem ao passado e ao mesmo tempo, ao futuro. Enquanto vemos como games em pixel art reinaram até aqui e são hoje exemplo para games atuais, Sea of Stars chafurda na história e os homenageia com toda pompa e circunstância. Referenciando Illusion of Gaia, Breath of Fire e o brilhante Chrono Trigger, o game mostra que é possível fazer um lindo RPG de turno inovando em mecânicas e visuais de tirar o fôlego. Com uma incrível história e o coração no lugar, o game nos leva por suas quase 34 horas o que há de mais belo no mundo dos games.

O game é desenvolvido pela Sabotage Studio, estúdio responsável pelo incrível The Messenger. Até o dia de publicação deste texto, pelo menos 250.000 cópias do jogo foram vendidas.

Enquanto acompanhamos a história de Valere e Zale, dois filhos do Solstício – e de seu amigo humano Garl -, vemos que seus nascimentos estão diretamente ligado à perigos de uma Era anterior à deles, em que o Fleshmancer reinava. O Fleshmancer era uma ameaça temível, que causou desalinho ao mundo e trouxe tudo que existe de pior nos dias atuais, ameaças monstruosas e desafios mais monstruosos ainda. Assim, era profetizada, que a chegada de duas crianças do Solstício salvariam o mundo de antigas ameaças.

Ao vermos que a história é contada do ponto de vista de um narrador, também conhecido como o “Bibliotecário,” ou o “Alquimista Imortal”, descobrimos que aquela é apenas uma das muitas realidades coexistentes naquele mundo.

SINOPSE

Sea of Stars conta a história de duas Crianças do Solstício que combinam os poderes do sol e da lua para realizar a Magia do Eclipse. A única magia capaz de combater as criações monstruosas de um alquimista maligno conhecido como Fleshmancer.

ANÁLISE

Diferente dos games de turno tradicionais, em que os jogadores passam os turnos dos inimigos distraídos, ou longe dos controles, Sea of Stars recompensa os jogadores atentos. Ao proporcionar uma maior satisfação quando realizamos uma defesa bem sucedida – e perdemos menos pontos de vida -, o game brilha em quase todos seus aspectos técnicos e narrativos. Mas para além do que foi citado anteriormente, entraremos em um mundo perigoso, em que o Fleshmancer e seus asseclas criaram algumas das mais terríveis ameaças.

Criaturas que assolam diversas partes do mapa, necromancers e outros magos terríveis serão empecilhos para sua progressão. Mas se você não fugir dos combates, aumentando de nível e se garantir nas mecânicas do jogo, não terá grandes problemas.

Acompanhar a história de Valere, Zale e Garl, no mundo de Sea of Stars é um espetáculo à parte. Além da gameplay refinada e das incríveis linhas de diálogo, o game entrega muito mais do que foi prometido. E se assim como os nostálgicos, ou os fãs dos games anteriormente citados, como Chrono Trigger – como esse que vos escreve -, verá que Sea of Stars é um tesouro em um mundo de games AAA e produções megalomaníacas. E que muito distante de tentar criar um vasto universo, e histórias que se desdobrem em outras no futuro, o que a Sabotage faz é conciso: Uma história que se inicia e se fecha nela mesma, personagens cativantes e um belo e incrível mundo para explorar.

Os desafios do game vão além de aprender o timing de Valere, Zale e Garl, mas sim de como as habilidades deles e de seus adversários funcionam. Quando partimos do pressuposto de que existem 56 tipos diferentes de inimigos e mais 34 bosses únicos, a dificuldade escala consideravelmente.

Muito distante de contar apenas uma história de amizade e ser apenas um game rico, Sea of Stars é uma história sobre destino e como fugir dele, sobre amizade, traição, superação e sacrifício. O que as Crianças do Solstício aprendem desde sua infância vai além de apenas controlar seus poderes. As Crianças do Solstício aprendem sobre a história de seu mundo e como os perigos daquele mundo podem surgir de onde menos se espera. Mas uma coisa eu posso te garantir: os perigos que Valere e Zale hão de enfrentar, não são esperados nem por eles.

JOGABILIDADE, GRÁFICOS E DIFICULDADE

A jogabilidade de Sea of Stars se baseia em turnos. Dentro desses turnos, habilidades de nossos inimigos podem ser interrompidas. Evitando assim, que eles ataquem nos turnos subsequentes. Mas para fazê-lo, requer uma certa habilidade, principalmente quando o assunto são os bosses. Para tirar o turno de alguns bosses, pode ser necessário realizar cerca de doze diferentes ações de 3 personagens diferentes dentro de 3 ou 2 turnos, o que torna impossível. E garante que os inimigos vão atacar de qualquer jeito, nos forçando a improvisar.

Outra mecânica importante para o game, vem do fato de ser possível nos defender no turno de nossos inimigos, como citado anteriormente. E o jogo nos recompensa por isso. Diminuindo consideravelmente o dano recebido, a defesa tem um papel importante também nos combos. Os combos são habilidades de equipe, podendo ser elas habilidades de suporte e ofensivas também. As defesas, bem como os ataques bem sucedidos, tem um papel importante ao encher o medidor do combo. O que nos leva por fim, às habilidades Supremas. Todos os personagens, conforme nossa progressão ganham uma habilidade Suprema. As habilidades supremas causam um dano considerável em nossos inimigos. E quase todas as habilidades supremas causam dano de área afetam mais de um inimigo.

Assim como todo RPG, nossos personagens possuem habilidades e níveis. A cada subida de nível, além dos pontos tradicionais que ganham, podemos escolher quais outras habilidades melhorar, dentre elas estão: Ataque, Ataque Mágico, Defesa, Defesa Mágica, Mana e Vitalidade. A exploração de Sea of Stars dá uma noção de level design complexa e única. Assim, os diversos níveis e diversos lugares daquele mundo têm um senso de trabalho aprofundado. Daí, vem a maioria dos puzzles para avançar.

Com uma exploração que coloca os personagens sempre no centro da tela, controlamos a nossa party de 3 personagens – que podem entrar em combate, mas a party comporta ainda mais personagens – intercambiáveis. Cada um desses personagens possui uma arma, uma armadura, artefatos e itens, que garantem ataque, defesa ou habilidades extras.

Os gráficos do game vão além de belíssimos sprites e um level design complexo e lindo. Os gráficos do game vão desde animações que nos dão uma noção maior de mundo, como também a construção desse mundo a partir de elementos de cenário. Os elementos dos cenários estão intrinsicamente ligados aquele mundo, e assim, nos dão uma sensação maior de riqueza e beleza ímpares.

A dificuldade do game é imposta por como os jogadores entendem às mecânicas de jogo. Sejam essas mecânicas de defesa ou ataque, o que pode ser visto em Sea of Stars é rico e cada virada que a história toma, novas dificuldades surgem, assim como inimigos mais fortes. Mas como citado anteriormente, caso você não fuja de nenhum combate, não terá problema algum com a progressão.

VEREDITO

Sea of Stars funciona quase como um conto de fadas. Em um mundo em que a lua, o sol e a escuridão são muito mais do que um satélite, uma estrela e um conceito efêmero. A história de Valere e Zale, é rica e nos levará ao topo da Terra, à lugares alagados e tropicais, à um navio fantasma, à ilhas congeladas e muitos outros cenários ricos. Mas muito mais do que tudo isso, o game é uma história única, divertida e desafiadora. Para além do que pode ser visto nos trailers, a Sabotage guarda incríveis segredos de enredo e da história. E ouso dizer que assim como quase todos os RPGs, este nos pega no início e de verdade após suas 6 horas de gameplay.

Sea of Stars nos faz ver com brilho nos olhos games com visuais como os que nos encantaram nos anos 80, 90 e 2000. Tudo isso, enquanto nos lança sem pestanejar em histórias que podem funcionar como um soco no estômago, mas também como um cafuné e um abraço caloroso.

O poder do sol, da luz e o da amizade pode e há de destruir qualquer resquício da escuridão que ainda assola o mundo.

5,0 / 5,0

Confira o trailer do game:

Sea of Stars foi lançado para PlayStation 4, PlayStation 5, Nintendo Switch, Xbox One, Xbox Series X | S e PC no dia 29 de agosto.

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