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CRÍTICA – Twelve Minutes (2021, Annapurna Interactive)

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Twelve Minutes

Twelve Minutes é um game point-&-click publicado pela Annapurna Interactive e desenvolvido pela Nomada Studio – estúdio responsável pelo brilhante Gris – e com roteiro do português Luis Antonio. O game de loops temporais focado em narrativa conta com James McAvoy, Daisy Ridley e Willem Dafoe em seu elenco.

Com uma mecânica top-down e loops temporais, as formas de encarar aquele mundo podem mudar, e saber da sua – possível – iminente morte pode ser a única coisa que vai te fazer ir a fundo na história e evitar que você morra novamente como no primeiro loop.

SINOPSE

TWELVE MINUTES é um suspense totalmente interativo e de tempo real com uma interface acessível de clicar e arrastar. Com a participação das vozes de James McAvoy, Daisy Ridley e Willem Dafoe. O que era para ser uma noite romântica com a sua esposa acaba se tornando um pesadelo quando um detetive policial invade sua casa, acusa sua esposa de homicídio e lhe espanca até a morte. De repente, você volta ao exato momento em que abriu a porta da frente, preso em um looping temporal de DOZE MINUTOS, condenado a reviver inúmeras vezes o mesmo horror.

ANÁLISE

Desde seu lançamento, Twelve Minutes me interessou, mas por muito tempo voou abaixo do meu radar. Ao me deparar com o game na gigantesca biblioteca do Game Pass, decidi que já havia passado a hora de mergulhar na história e foi o que eu fiz. Em seus primeiros 12 minutos ao fim do primeiro loop, Twelve Minutes me deixou com o seguinte pensamento: o que acabou de acontecer aqui? (Para a minha surpresa, esse foi meu pensamento até mesmo quando me deparei com o último loop que testemunhei ao zerar o game.)

Quando foi anunciado em 2015 como uma experiência baseada em um thriller narrativo com loops temporais, o game deixou algumas pessoas com uma pulga atrás da orelha. Em uma entrevista, o português Luis Antonio revelou que a princípio tinha intuito de contar uma história ambientada em uma cidade, como a pequena Bodega Bay de Os Pássaros. Mas nessa ocasião, o game seria baseado em um “mistério de assassinato.” Ao refinar sua história, Antonio decidiu contar uma história centrada em um pequeno apartamento.

Enquanto mergulhamos em uma trama com ligações profundas às origens de nossos personagens, precisamos descobrir como dar início as linhas de diálogos que nos permitirão continuar a investigação do “marido” a fim de evitar que o primeiro loop aconteça novamente.

Com uma trama que nos remete à O Iluminado, Janela Indiscreta, Amnésia e até mesmo Psicose, o roteiro de Luis Antonio nos apresenta diversos aspectos da natureza humana. Enquanto contrastamos esses aspectos com o pequeno apartamento, nos damos conta de que assim como na vida, nossas ações precisam ser pensadas e planejadas. A fim de evitar que o loops se reiniciem no meio de alguma ação, você precisa tomar diversas precauções.

“Uma simulação viva na qual o jogador deve manipular o conhecimento e as emoções dos outros personagens para mudar a forma como eles se comportam (e assim descobrir novas linhas do tempo).”

De acordo com Luis Antonio, Westworld teve um importante papel no desenvolvimento do game. O roteirista do game notou que colocar a importância nas relações entre os NPCs era mais importante do que a gameplay e a nossa interação com aquele mundo em si. Ou seja, não apenas as escolhas amorais do personagens da série de TV, como as do marido ou da esposa e suas vivências têm uma enorme importância naquele contexto. Enquanto se veem naquela situação após terem feito escolhas duvidosas ao longo do caminho, para sair dessa confusão precisam tomar mais escolhas ambíguas a fim de desenrolar essa trama. Atitudes como fechar portas antes de realizar alguma ação, ou usar um interruptor em curto-circuito como “ferramentas” narrativas, nos permitem desenvolver a história da forma como quisermos, desbloqueando diferentes linhas do tempo.

HISTÓRIA

Ao longo de pouco mais de 4 horas de gameplay, me vi tomando caminhos dúbios, escolhas amorais, que foram corroboradas e sustentadas pelo arco final do game que me deixaram estarrecido. Esses acontecimentos que tem como intuito chocar e surpreender o jogador tem como função também, nos deixar sem ação diante dos acontecimentos da história, que em determinados loops, não temos nada a fazer a não ser testemunhar seu desenrolar. Muito distante de contar uma história inspiradora, ou leve, Twelve Minutes te deixará de estômago revirado sem sequências de ação incessante e sair de um pequeno apartamento.

Com um brilhante elenco de voz, com James McAvoy (marido), Daisy Ridley (esposa) e Willem Dafoe (policial), o game brilha em seus diferentes arcos e loops. Enquanto deixa a desejar na gameplay, o game alça voos gigantescos ao nos lançar em uma brilhante captura de voz.

Tenha em mente que Twelve Minutes tem 7 finais diferentes. Ainda que o meu tenha me deixado feliz – e perturbado -, foi o que consegui chegar de acordo com o que me foi apresentado ao longo dos meus 18 loops.

Ainda que a progressão esteja limitada à interagir com o apartamento e “nossa” esposa, a exploração das mais diversas interações é livre, ou seja, você pode utilizar itens como faca, canecas, interruptores em curto-circuito, trancas de portas e até mesmo um closet para progredir na história.

VEREDITO

O cuidado do roteiro ao nos preparar para os arcos finais do loop é quase zero. Ou seja, o game não te preparará de maneira alguma para o que vai se desenrolar. Com uma simples mecânica de “causa e efeito” o que você descobrir ao longo dos loops, pode e deve ser usado para solucionar arcos futuros – e alguns deles possuem um desfecho dentro do próprio loop -, te levando assim até um dos 7 finais. Em Twelve Minutes não existe escolha errada – ou melhor, existe, mas isso não tem importância – pois em algum momento, o loop será reiniciado e você poderá tentar solucionar a história mais uma vez.

O choque ao chegar na solução do game, é o que nos deixa na ponta da cadeira, principalmente quando vemos em alguns arcos as histórias se desenrolarem sem poder fazer nada. Ainda que tenha chegado a apenas um dos 7 finais, ele foi o suficiente para esse que vos escreve.

Twelve Minutes está disponível no Xbox Game Pass. O game foi lançado para Xbox One, Xbox Series X/S, PC, PlayStation 4, PlayStation 5 e Nintendo Switch.

3,5 / 5,0

Confira o trailer do game:

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