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CRÍTICA – Yakuza 0 (2017, Sega)

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Yakuza 0

Yakuza 0 foi lançado originalmente no Japão em 2015 para PlayStation 3, mas em 2017 teve seu lançamento mundial para o Playstation 4. Sendo o primeiro game da ordem cronológica da franquia, o título é ambientado em 1988 e acompanha a história de Kazuma Kiryu em uma jornada para se mostrar como um verdadeiro Yakuza e de Goro Majima em uma punição imposta pela própria organização, suas histórias funcionam como contrapontos que servem para estabelecer e nos mostrar como as relações daquele mundo funcionam.

Embora os personagens tenham histórias e narrativas completamente diferentes, possuem mais em comum do que imaginam.

Ainda que a franquia Yakuza tenha se tornado uma obsessão para esse que vos escreve muito tardiamente, o mesmo pode lhes garantir que essa obsessão trará muitos conteúdos para o Feededigno, como críticas e lives.

SINOPSE

Yakuza 0 é a prequel da popular série de ação com elementos de RPG, que como boa parte dos jogos da franquia, está disponível no Xbox Game Pass. O título de exploração de mundo aberto, mas desta vez é ambientado em Tóquio e Osaka dos anos 80, e traz dois protagonistas, Kazuma Kiryu e Goro Majima.

ANÁLISE

Ainda que se apresente como um game sério de aventura e ação, Yakuza 0 se mostra como muito mais do que isso. Funcionando em grande parte como uma aventura de “mundo aberto”, ele nos apresenta perspectiva em terceira pessoa. Ao controlar Kiryu, nos deparamos com uma missão bem dolorosa, mas que a pedido dos chefes da Família Dojima – uma das mais imponentes famílias do Clã Tojo – precisou ser realizada. Mas que mais para frente, acaba se provando muito mais do que uma simples “coleta de dividendos”.

Atuando em diversas frentes, a Família Dojima tem uma forma de manter o controle sobre os moradores de Kamurocho, controlando e fornecendo “proteção” aos moradores da cidade, mas indo muito além.

Fornecendo serviços de “proteção”, agiotagem, gerenciando prostíbulos, serviços imobiliários, e muitos outros tipos de “serviços escusos”, a Yakuza engendrou um de seus soldados mais leais, Kazuma Kiryu em uma trama à qual o mesmo não merecia. E o controle do agora aprisionado Capitão da família Dojima, Shintaro Kazama pode ser colocado em xeque.

Do outro lado, testemunhamos a “vida” de Goro Majima que tem como punição gerenciar o Grand Cabaret a mando da Yakuza após descumprir importantes ordens. Alguns dos aspectos mais interessantes das histórias dos nossos “heróis” é que Yakuza 0 se leva tão a sério quanto faz piada de si mesmo, essa ambivalência presente na trama do game é o que fará você dar risadas, chorar e te deixará irritado quando a história do game chegar ao fim.

Ao longo de seus 17 capítulos, as histórias de Kazuma Kiryu e de Goro Majima são vividas separadamente, mas conforme a progressão, você descobrirá que suas histórias estão mais conectadas do que você imagina.

KIRYU DE KAMUROCHO E GORO DE SOTENBORI

Como o primeiro game da franquia Yakuza que tive contato foi Like a Dragon, partir diretamente para Yakuza 0 antes do fim de Like a Dragon foi uma das coisas que mais fiquei feliz de fazer. Não que Like a Dragon seja ruim – muito pelo contrário, as aventuras de Ichiban que me motivaram a mergulhar de cabeça na história da franquia -, mas entender como as relações entre o Clã Tojo e a Aliança Omi funcionam, são o que me motivaram e jogar o Yakuza 0 e aprender mais sobre a história e relações daqueles grupos.

A visão de mundo de Kiryu gira em torno de sua gratidão em relação à Yakuza, mais especificamente ao leal Shintaro Kazama, chefe do clã Dojima. Mas enquanto tenta realizar uma missão corriqueira, tudo começa a dar errado, e a organização pela qual Kiryu tinha tanta lealdade é colocada à prova. E para preservar a qualquer custo sua própria vida, e a hierarquia da Yakuza, Kazuma Kiryu precisará se unir à aliados improváveis e levar o inferno até aqueles que querem se tornar os líderes do Clã Dojima.

Já a vida de Goro, mostra como o personagem precisou agir no passado a fim de se estabelecer como um personagem além daquela organização, uma espécie de provação auto imposta, colocando a prova sua relação com o grupo que o personagem considerava sua família – mas isso acaba saindo pela culatra. Em uma espécie de “missão suicida”, Goro perde seu irmão e seu olho esquerdo. Nesse processo, ele precisa cumprir sua punição de gerenciar o Cabaré Grand. O que Goro não sabia, é que ele estava sendo manipulado desde o começo, e seu “exílio” em Sotenbori servia apenas para satisfazer aos luxos de Tsukasa Sagawa, patriarca da Família Sagawa que funciona como o principal antagonista do arco de Goro.

Com arcos que te farão rir e chorar, Yakuza 0 se mostra como um game extremamente emocionante e me causando sensações que nunca pensei que sentiria em um game de uma franquia que rapidamente se tornou uma das minhas favoritas.

DINÂMICA E GAMEPLAY

Com cerca de 100 sub-histórias, a seriedade dos 17 capítulos de Yakuza 0 é entremeada com icônicas missões e histórias que te farão dar gargalhadas. E ao chegar ao fim, com pouco mais das minhas 40 horas de gameplay me dei conta de que o game retrata não apenas aspectos da vida de alguém na Yakuza, mas a condição humana, ou seja, momentos bons e ruins, momentos cômicos e tristes.

Dos 17 capítulos, 8 podem ser jogados com Kiryu e 8 com Goro. Com tramas completamente diferentes – ou é o que imaginávamos em seus primeiros capítulos -, as histórias dos dois personagens se misturam e se completam.

Tendo uma grande influência de RPGs da época, a franquia demorou a ganhar sinal verde pela SEGA. Criada originalmente por Toshihiro Nagoshi, tinha vontade de contar uma história, uma trama que apresentasse ao grande público as relações contidas no submundo japonês – mas isso demorou a sair do papel, e ainda que a história dos personagens da máfia japonesa tenham sido contados no cinema, em mangás ou séries de TV, fazê-lo nos videogames era algo impensável.

Com arcos bem definidos, o game nos apresenta um mundo vivo, com mini games, histórias, adversários, eventos aleatórios e até mesmo aliados improváveis. Com elementos de RPG fortes, e árvores de habilidades limitada pela progressão, para obter o máximo dos modos de luta de seus personagens, você precisará se dedicar aos negócios “legítimos” de Kiryu e Goro – uma imobiliária e uma casa de acompanhantes de luxo.

Isso mesmo, você não leu errado. Ainda que possamos faturar de diversas maneiras, a forma mais rápida de aumentar a quantia de sua carteira, é ralando. Seja comprando propriedades e resgatando os aluguéis, ou com a ajuda de acompanhantes na boate de Goro, melhorar as habilidades dos personagens pode ser fácil, mas precisa dedicação.

CRESCIMENTO, DESENVOLVIMENTO E ENDGAME

Ainda que Yakuza 0 tenha sido parte de um brilhante projeto por parte da Sega de comemorar os 10 anos de lançamento da franquia original, ela se tornou muito mais. Funcionando como uma prequel dos games originais, ele nos apresenta o início da vida de Kiryu e Goro. Ainda que ambos tenham em média 24, 25 anos, vê-los crescendo ao longo dos 17 capítulos do game é brilhante.

Digo isso não apenas pelo crescimento individual dos personagens, mas como os dois passam a ver aquele mundo diante de alguns dos momentos mais difíceis de suas vidas.

O cuidado do Masayoshi Yokoyama ao roteirizar o game – nos mostra que ainda que conheçamos ambos os personagens em games ambientados depois de Yakuza 0 – ele brilha ao contar suas origens e fazer suas histórias casar com o que os personagens viriam a ser no futuro, é algo brilhante. Compreender que esse caminho tomado por Kiryu e Goro é o que viria a definir suas histórias e dar um maior embasamentos às suas ações é algo que faz a franquia Yakuza brilhar e foi um dos motivos da mesma chamar tanto a minha atenção.

VEREDITO

Yakuza 0 se provou para esse que vos escreve como uma bela experiência narrativa. Funcionando para além de um hack’n slash e um RPG de mundo aberto, o game entrega uma história poderosa e nos apresenta detalhes profundos que só tornam a jornada de Kiryu e Goro ainda ainda mais relevante. O game, que conta com incríveis sub-histórias e minigames super divertidos, só nos faz perceber ainda mais a profundidade de nossos personagens centrais, mas não apenas isso.

A construção de mundo e narrativa presente no game, mostra o quão rica e quão minuciosa a produção do game é, nos cativando, nos fazendo sorrir e chorar em cada uma das curvas que o game toma.

5,0 / 5,0

Confira o trailer do game:

Yakuza 0 está disponível nos serviços Xbox Game Pass para Xbox One e PC; e na PlayStation Plus para para PlayStation 3 e PlayStation 4.

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