A franquia Wolfenstein tem uma das mais prolíficas jornadas no mundo dos games. Tendo sido lançado originalmente para o Commodore 64, MS-DOS e Apple II em 1981, a franquia hoje conta com cerca de 14 games. E o título que foi criado como – o que conhecemos hoje – um boomer shooter, viria a se tornar nos anos seguintes um dos mais imponentes fps da história.
Tendo recebido até mesmo o prêmio de Jogo de Ação do ano em 2017 no The Game Awards por Wolfenstein II: The New Colossus, a nova trilogia se reinventou e se tornou um dos mais divertidos e desafiadores títulos até aqui.
No game, acompanhamos a história de Richard Wesley e William BJ. Blazkowicz que precisam se infiltrar no Castelo Wolfenstein a fim de encontrar segredos nazistas e mais tarde, fugir.
Mas não sem antes dizimar legiões nazistas. Nesta realidade, o rumo da guerra mudou após a criação de armaduras individuais para os soldados do Eixo. Apresentando alguns das mais terríveis faces do que o nazismo representa, somos lançados diante de hordas e mais hordas e inimigos que precisamos matar sem pena.
O reboot da MachineGames tem um papel muito importante em mostrar o papel que tal regime teve na história sem pestanejar.
DESTRUIÇÃO, COMBATE E LINHA DO TEMPO ALTERNATIVA
Sem exacerbar os acontecimentos, apenas dando um toque de ficção científica à história, o game nos lança por uma ferrenha trama de resistência. Por mais que ver inúmeros elementos como a suástica, ss, ou 88 incomodem, destruir impiedosamente hordas e mais hordas de nazistas, faz tudo valer a pena.
Com diferentes aproximações diante a esta história, Wolfenstein não te impede de jogar como você bem quiser. Seja por stealth ou “guns blazing,” Blazkowicz começa sua jornada de vingança derrotando um dos mais cruéis agentes nazistas, Rudi Jäger. Com um combate limitado apenas pela nossa criatividade, o combate armado e stealth é rico em detalhes. Sendo divertido, dinâmico e inventivo, vemos isto apenas evoluir no futuro.
Apesar de mostrar uma realidade bem parecida com a nossa, o game é ambientado em uma espécie de linha do tempo alternativa em que mesmo em 1946, o exército nazista não foi derrotado. O game mostra aspectos como não é necessário sofrer na pele para lutar por seus semelhantes, apenas se sentir descontente a fim de fazer alguma coisa.
Mesmo sendo menos dinâmico que seus sucessores, The Old Blood apresenta uma história concisa e revoltante, não nos poupando motivos para odiar a crueldade e o que o nazismo representa.
RETROFUTURISMO, PERVERSIDADE E TERRORES
O retrofuturismo de Wolfenstein é o artifício usado para salientar ainda mais os mais perversos aspectos da ideologia que serviu apenas para ceifar a vida de 75 milhões de pessoas pelo mundo nos mais diversos frontes. Desde os maiores conflitos durante a guerra, na Europa e no Pacífico, as menores, mas não menos importantes foram lutadas no Oceano Atlântico e no Mediterrâneo.
Nesta história, na fictícia, os aliados parecem ter perdido. Enquanto espiões tentam se infiltrar nas fileiras nazistas a fim de descobrir segredos e destruí-los de uma vez por todas, quase toda resistência é destruída com armas potentes em combates desproporcionais. A perversidade presente nesta história reforça que do ponto de vista inimigo, os nazistas veem a resistência, os judeus e outras minorias étnicas como baratas que precisam ser exterminadas.
Desumanizando quase que completamente os agentes do exército do bigodinho, depende de nós avançar impiedosamente a fim de cumprir nosso objetivo, que em The Old Blood, é encontrar os planos de Deathshead.
Mas não apenas isso. Brincando com as histórias de que um dos braços da SS estudava o ocultismo, Wolfenstein se aproveita disso para criar seus desafios. Se debruçando no braço da SS que estudava o oculto, liderado por Himmler, Blazkowicz além de se deparar com soldados extremamente poderosos dentro de armaduras, precisará também enfrentar hordas e mais hordas de zumbis.
Um dos pontos mais interessantes de Wolfenstein vem do fato de ser possível realizar escolhas por meio da narrativa. Salvando um personagem, ou outro. Que não possui nenhum impacto de fato na história, apenas a sequência de uma cutscene e a forma como ela se desenrola.
FIM E CONTINUAÇÃO
O fim de The Old Blood se faz como ele teve início. O combate contra uma criatura poderosa – anteriormente, Jäger, mas nesta ocasião, um monstro gigante quase que centenário -, derrotar hordas nazistas e por fim, a conclusão.
Com arcos narrativos não muito bem delineados, o game possui em seu cerne um forte aspecto episódico e o fato de tudo parecer dar errado para o nosso herói judeu, Blazkowicz, até por fim, dar certo. Até alcançar seu objetivo, uma missão que teoricamente seria rápida, leva um certo tempo – no tempo do jogo – graças a todos empecilhos, mas em média 10 a 12 horas em tempo de gameplay.
Ainda que o fim da história apresente um retrogosto amargo por seu fim ou por como a história termina, ver The Old Blood como um reboot da franquia faz tudo valer a pena. Não apenas pela satisfação de acabar impiedosamente com nazistas, mas também pela sensação de fazer o que é moralmente certo, o game não cai no mérito de nos fazer pesar o certo e o errado. Ele nos apresenta o que é errado e nos deixa agir.
Se furtando de cair no paradoxo da tolerância, Wolfenstein: The Old Blood, nos apresenta uma história curiosamente satisfatória e nos lança por uma jornada de destruição a tudo que o nazismo representa. Sendo um belo acerto da MachineGames, ouso dizer que estou ansioso para ver o que o futuro da franquia me reserva.
Confira o trailer do game:
Uma das alegrias de Wolfenstein é escolher jogar o game em uma janela de tempo em que o terceiro game da franquia está sendo distribuído de graça na Prime Gaming, tanto sua versão para Xbox quanto do PC.
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