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O Homem do Norte: 5 curiosidades sobre o filme

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O Homem do Norte: 5 curiosidades sobre o filme

A saga épica de vingança viking, O Homem do Norte (The Northman), longa dirigido por Robert Eggers, é estrelado por Alexander Skarsgård e conta também com grandes nomes como Nicole KidmanEthan HawkeAnya Taylor-JoyWillem Dafoe e Björk.

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O visionário cineasta Robert Eggers (O Farol) roteirizou e dirigiu um imersivo épico viking jamais visto no cinema.

O Homem do Norte estreia no dia 12 de maio.

NAVIOS

O designer de produção Craig Lathrop também supervisionou a produção de dois típicos navios vikings, bem como a grande variedade de armas que dá à O Homem do Norte elementos adicionais de autenticidade, terceirizando seus designs para artesãos do ramo.

Os navios, um dracar ou langskip, navio longo de guerra com uma vela alta, e um knörr, navio mercante mais pesado, foram construídos à mão na República Tcheca, no prédio de uma antiga escola. Em seguida, o departamento de produção teve que transportá-los, pela Europa, durante o bloqueio da pandemia de Covid-19.

Em consonância com o modo tradicional de trabalho de Robert Eggers e Lathrop, tudo nos navios tinha que ser autêntico. Os rebites foram aprovados por um estudioso viking.

O ator Alexander Skarsgård, comentou:

Assistindo ao filme, você nunca saberá a diferença, mas Rob sabe. Basta olhar para A Bruxa ou O Farol, e você pode perceber isso. Ele quer que tudo dentro de um quadro seja autêntico, sem se importar se será uma tomada em primeiro plano ou em segundo plano com o fundo embaçado.”

Para as cenas marítimas adicionais, a produção utilizou navios de um museu na Irlanda, e vários outros do Museu de Construção Naval de Roskilde, na Dinamarca, embarcações construídas à mão com ferramentas típicas da Era Viking.

Ralph Ineson, que interpreta Volodymyr, o capitão que dirige o navio knörr para a Islândia, comentou:

Como ator, o grau de autenticidade da construção naval nos ajuda muito mais do que podemos até imaginar. Sentir esse barco, a madeira maciça, as cordas, de uma forma tátil, colaboram muito para a qualidade do seu desempenho, mas também cria essa atmosfera assustadora – especialmente com Anya Taylor-Joy na frente do navio convocando os deuses do vento, como Olga.”

ARMAS

O mestre de armas Tommy Dunne, que também trabalhou em Game of Thrones, encontrou parte de seu trabalho já muito bem encaminhado quando passou a integrar a equipe de O Homem do Norte, já que Craig Lathrop e o departamento de arte tinham feito uma extensa pesquisa sobre armas vikings.

Todas as armas de O Homem do Norte foram feitas à mão, e Dunne confirmou com historiadores as armas específicas que cada personagem usaria e por quê. O trabalho de Tommy Dunne incluiu pesquisar as dimensões de espadas, escudos e machados, fornecer madeira para as alças das armas, e garantir que cada arma estivesse adequada à época. Usando ferreiros para executar os designs em sua própria fundição, em Dublin, Dunne garantiu que as armas fossem forjadas no estilo apropriado, eslavas ou islandesas. Eram réplicas dignas de figurar em museus.

As armas berserker, por exemplo, tinham que refletir a preferência dos guerreiros por combate corpo-a-corpo em pequenos cantos durante furtivos e rápidos ataques. Os vikings eslavos eram mais propensos a usar espadas e lanças de longa distância, para manter os inimigos o mais distante possível.

Tommy Dunne explica a diferença dos berserkers de um viking eslavo:

Os berserkers tinham ombros grandes e menos amplitude de movimento com os braços, então eles usavam seaxes, semelhante a uma faca de lâmina longa, machados curtos e um escudo ocasional. Os berserkers gostavam de ser bárbaros, lançando-se em cima do inimigo, com mordidas, arranhões e até arrancando a sua pele; já os eslavos lutavam de longe.”

Em várias das cenas de luta, duplicatas de armas metálicas foram feitas de borracha ou bambu para garantir a segurança no set, mas um cuidadoso e detalhado trabalho de pintura fez com que as armas falsas parecessem reais. O coordenador de dublês C.C. Smiff (Game of Thrones) trabalhou com os atores, inclusive Alexander Skarsgård, na orquestração das cenas de batalha, mais uma vez com o foco na autenticidade dos movimentos e do manejo de espadas, escudos e machados durante as pesadas sequências de ação.

FIGURINOS

A figurinista Linda Muir foi encarregada de criar o guarda-roupa de três mundos cinematográficos distintos em O Homem do Norte, que representavam culturas e tradições diferentes, para o elenco principal e centenas de figurantes.

O filme também marcou a primeira experiência da figurinista com a criação de capacetes e armaduras.

A figurinista também fala sobre a quantidade de figurinos necessários para o longa:

O volume de trajes foi um grande desafio. Nosso supervisor de figurinos compilou os números: 158 provas com as quais fizemos 918 trajes principais costurados à mão. Só a Rainha Gudrún usa 20 variações do mesmo design, cada uma servindo a propósitos diferentes.”

A exaustiva pesquisa da figurinista sobre a Era Viking começou com a leitura das Sagas dos Islandeses, uma coletânea da literatura medieval que retrata as vidas e os atos dos homens e mulheres nórdicos que se estabeleceram pela primeira vez na Islândia, por volta do ano 870. Mas as Sagas foram escritas 200 anos após o período do filme, o século X. Ou seja, os figurinos que ela queria pesquisar, simplesmente não existiam.

Depois de consultar livros sobre o corte e a estrutura de roupas medievais primitivas, Linda Muir vasculhou sites online que projetam e vendem roupas para performers ou eventos vikings. Através desta comunidade, ela encontrou tecelões de twill e lãs, com tecelagem simples, além de outros trajes e acessórios.

Para conferir mais modelos de inspiração medieval, visitou o Museu Britânico e, logo depois, lojas de aluguel de roupas em Londres, Roma e Madri, onde encontrou poucas peças que poderia usar na telona. Para O Homem do Norte, a figurinista teria mesmo que criar designs originais de tudo, incluindo armaduras.

Depois dessa extensa pesquisa, a figurinista criou 120 figurinos originais. Para a multidão de figurantes, desenhou cerca de 750 trajes masculinos e 430 roupas femininas para aldeões e aldeãs eslavos, escravos e escravas do Báltico, trabalhadores domésticos e homens e mulheres vikings de status alto e baixo.

A produção foi dividida em três mundos cinematográficos distintos, cada um com trajes variados segundo a riqueza, o status e a posição social do personagem.

O primeiro mundo, um reino insular, pedia roupas vikings sofisticadas, condizentes com a realeza, além dos trajes de menor status para o grupo de assassinos a cavalo. O segundo, um dos mais elaborados do filme sob a perspectiva dos figurinos, dada a variedade de trajes criados por Linda Muir, é a Terra de Rus, onde Amleth (Alexander Skarsgård) e seus berserkers invadem uma vila eslava durante o verão.

Essas cenas pediam designs influenciados pela Europa Oriental, incluindo túnicas de linho, trajes de batalha de pele, alguns até com cabeceiras de animais, vestidos bordados para as mulheres eslavas dos aldeões, e um figurino de tirar o fôlego para a misteriosa bruxa vidente, interpretada por Björk.

O bordado era um ato espiritual neste tipo de aldeia e, também, um meio de comunicação. Assim, seu traje reflete seu status de comunicadora, tanto com os aldeões como com os deuses. Se cada mulher borda suas esperanças benevolentes para seus familiares em suas roupas, então a vidente escreve para toda a comunidade. Eu digo escreve porque, na época, aparentemente a palavra eslava para bordado é a mesma palavra que atualmente significa escrever.”

No filme, Björk veste a mesma roupa de linho que os aldeões eslavos, incluindo Olga, personagem de Anya Taylor-Joy, mas os acessórios que usa em sua breve aparição a elevam a um plano de outro mundo que exala poder e temor: seu longo vestido shift é todo coberto de motivos bordados; a saia dianteira aberta foi feita de cintos de tecidos costurados à mão verticalmente, e ornamentados com sinos feitos sob medida; as braçadeiras de casca de bétula são mantidas no lugar graças a engenhosas finas faixas de sustentação; e o cocar da personagem é a versão de um cocar de casamento ucraniano tradicional. Afinal, ela é “casada” com os deuses.

Robert tinha uma imagem de Björk em um cocar feito de trigo, mas nós o fizemos de cevada com uma faixa de linho bordado na testa, na qual penduramos anéis do tempo dourados e fios de conchas que obscurecem seus olhos perdidos. Fizemos dezoito colares diferentes só para a Bruxa Eslava.”

Para as cabeceiras de animal, usadas durante o bestial ataque dos berserkers, a figurinista recorreu a uma famosa dupla italiana de design de criaturas, um escultor e um especialista em peles, que fizeram as cabeças de animais em Roma. No total, foram criadas treze peças de cabeça, lobos e ursos, e um cocar único feito para Skarsgård, porque seu espírito animal durante o ataque é um híbrido dos dois.

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O terceiro mundo cinematográfico do filme é a fazenda da família de Fjölnir na Islândia. Para ele, Linda Muir criou os figurinos dos personagens de status elevado basicamente com tecidos de lã, mas sem grande ostentação, mesmo para os quatro principais membros da família. Foram confeccionados mantos de lã felpuda para Fjölnir, shifts longos para a Rainha Gudrún, e roupas de linho simples para seus dois filhos mais novos: cada um transmitindo um ar de prosperidade através de linhas claras e belas. Um mundo distante do mundo mágico dos eslavos.

Em parceria com o designer de armaduras Giampaolo Grassi, Linda Muir aprendeu a dominar os estilos de armadura para O Homem do Norte, recorrendo ao ilustrador da Era Viking, Andrew Cefalu para ajudá-la, por sua experiência com os vários estilos da época.

“Os exércitos vikings muitas vezes se vestiam de acordo com o status, então precisávamos ter uma variedade de trajes. O soldado de grau mais baixo pode ter proteção mínima de couro, enquanto os vikings de alto grau de status usavam elaboradas camisas de corrente e capacetes de metal.”

Eggers tinha solicitações muito específicas para os capacetes do filme O Homem do Norte, o que resultou em mais dedicação de Linda Muir e sua equipe.

Ele queria um ajuste confortável, e para os capacetes com sobrancelhas de metal ou máscaras, as aberturas dos olhos e o comprimento do protetor do nariz tinham que ser precisos e exatos.”

TRILHA SONORA

Para dar vida sonora à Era Viking, Robert Eggers convidou Robin Carolan e Sebastian Gainsborough, baseados atualmente na Inglaterra, dedicados à música eletrônica, para embarcar na sua primeira composição para trilha sonora de cinema. O cineasta conheceu Carolan quando ambos moravam no Brooklyn, antes ainda de conquistar prestígio internacional com A Bruxa. Carolan conhecia Gainsborough por seu projeto musical Vessel, lançado pela gravadora cult de Carolan, Tri Angle. Muito familiarizado com o trabalho da dupla, Eggers sabia que eles topariam o desafio.

Carolan conhecia bem a natureza meticulosa do trabalho de Eggers, ele leu os roteiros de todos os seus filmes, incluindo O Farol, em várias fases da produção:

Os roteiros anteriores eram peças de câmara, duas pessoas em uma sala dialogando uma com a outra. Já O Homem do Norte tinha uma enorme variedade de personagens em vários locais – a escala dele era intimidadora.”

Para a partitura, Eggers queria instrumentos da Era Viking – principalmente instrumentos de sopro e cordas, com algumas poucas concessões feitas para tambores, um ponto de discórdia entre historiadores que ainda debatem seu uso entre as culturas nórdicas na Era Viking.

Carolan e Gainsborough tiveram que conhecer instrumentos obscuros como o tagelharpa, uma lira com cordas feitas de pelos de cavalo, e o langspil, uma cítara islandesa, além de tubos de chifres de madeira, osso e chifre animal.

Nunca usamos esses instrumentos antes e tínhamos que encontrar uma maneira de tirar o que precisávamos deles. Estilos hipotéticos de canto viking também foram integrados ao som, desde o canto da garganta até o canto inspirado em kulning, uma espécie de iodelei nórdico.”

Carolan e Gainsborough consultaram o musicólogo dinamarquês Poul Høxbro, especializado em tentar recriar a música da Era Viking – que apresentou os compositores a atores e cantores especialistas nessas tradições.

Inicialmente, íamos evitar violinos e violoncelos – qualquer coisa usada nos últimos 500 anos. Com as texturas dissonantes e arcaicas de O Homem do Norte, não queríamos que nada soasse muito suave. Ficamos o mais perto possível, musicalmente, da Era Viking.”

No final, os instrumentos vikings foram acompanhados de cordas sinfônicas e coro. Carolan e Gainsborough criaram uma partitura hipnótica, elevada, sedutora e, muitas vezes, estrondosa.

FOTOGRAFIA

O Homem do Norte é o primeiro filme de ação de Robert Eggers, que em circunstâncias normais teria permitido que seu diretor de fotografia, Jarin Blaschke, expandisse o acesso a equipamentos de câmeras 35 mm, que possibilitam mais margem de movimento e de manobras no estilo da fotografia. Mas Eggers queria manter a filmagem de câmera única que a dupla vem desenvolvendo desde sua primeira colaboração, há 13 anos, no curta-metragem The Tell-Tale Heart, baseado no conto homônimo de Edgar Allan Poe.

Estou acostumado a trabalhar com Robert nesse esquema muito contido de duas mãos e quatro mãos [referindo-se a produções de menor escala com o mínimo de personagens em locais e espaços mais contidos]. Nós não estávamos tentando fazer Birdman ou 1917 aqui. Tem mais a ver com reduzir os elementos ao essencial, o que pode ser enganoso, porque você tem que pensar sobre isso por um longo tempo. Como você compõe todas essas imagens com todos esses personagens e as ideias abstratas em fluxos de informação claros e agradáveis?

Como O Homem do Norte é um filme de ação com sequências de luta meticulosamente coreografadas, elenco de centenas de figurantes, várias locações e aldeias representando diferentes países, culturas e regiões, a decisão de filmar em câmera única – resultando em menos cortes na sala de edição – foi controversa.

Robert Eggers explica:

O tipo de cinema que Jarin e eu gostamos é feito por cineastas que contam histórias com simplicidade e franqueza, e que tentam encontrar imagens essenciais para contar suas histórias. Eu sei por que as pessoas fazem filmes como este com várias câmeras e muitas imagens adicionais, porque é difícil fazê-lo de outra maneira. A pressão de planejar tudo nos mínimos detalhes para filmar uma única câmera é frustrante, e certamente deixou o estúdio exaltado.”

O Farol tinha uma estética distinta, criada com uma fotografia primitiva, e A Bruxa usou pinturas da época como inspiração visual e tonal, mas apesar de um elaborado look-book (bíblia do visual) concebido por Eggers, e o bônus da pesquisa meticulosa do cineasta, Blaschke não tinha referências visuais específicas para O Homem do Norte:

O Homem do Norte possibilitou a Jarin Blaschke a utilização de novas ferramentas e técnicas, incluindo planos em movimento, câmeras em carros, guindastes e coordenadores de dublês e coreógrafos comprometidos a fazer com que as cenas de ação fluíssem suavemente, de modo a permitir que ele e Robert Eggers captassem todos os movimentos com uma única câmera.

Uma das cenas mais difíceis de filmar foi o ataque berserker, a segunda grande sequência de ação no filme, após a decapitação do Rei Aurvandil. O desafio para Blaschke era enquadrar não apenas o ataque, mas tudo o que estava acontecendo na periferia da cena:

É simples assistir por 90 segundos na tela. Mas levamos quatro dias para filmar a cena – a abordagem de múltiplas câmeras teria sido um pesadelo. Acertar cenas como essa é muito difícil. Quando você assiste a grandes filmes de ação e aventura, ficamos tão acostumados com dezenas e dezenas de cortes, porque os cineastas usaram várias câmeras e captaram vários ângulos diferentes em cada cena. Espero que nosso filme seja diferente, se mova de forma diferente, porque não há tantos cortes. Espero que seja mais imersivo.”

O ataque berserker consiste em uma tomada longa, complicada e coreografada à exaustão com mais do que algumas peças em movimento, tornando-se uma das cenas mais emocionantes do filme.

Para Alexander Skarsgård, filmar as cenas de luta sob a estética de câmera única foi muito desafiador, porque exigia que os atores e dublês repetissem a mesma cena várias vezes:

Filmar essas cenas foi mental e fisicamente desgastante, porque tivemos que fazer algumas delas 25 vezes. Se um único soco não sai como deveria, você tem que fazer tudo de novo. Espero que o público sinta algo diferente com a filmagem em câmera única, porque há mais fluidez nas cenas de luta, justamente porque há menos cortes. Parece mais imersivo e real, como se você estivesse dentro da cena.”

O mau tempo também se revelou um desafio para a equipe de filmagem, mas muitos dos atores o receberam bem.

Para diz Wilhem Dafoe:

Nos filmes de Robert, o clima importa. Tempo bom é ruim para as filmagens. Queríamos tempo ruim e tivemos.”

O ator Claes Bang concorda:

Filmamos em encostas na Irlanda do Norte com lama até os joelhos, era quase impossível até caminhar nas locações. Teve chuva, vento, tudo isso, mas tinha também aquela crueza que precisávamos para dar à história algo a mais. Trabalhar lá foi um desafio, com todas as tomadas individuais, sets grandiosos, cavalos, figurantes, lama.”

A atriz Anya Taylor-Joy se diverte lembrando:

Não foi necessário imaginar nada para entrar no estado de espírito viking das filmagens na Irlanda do Norte, onde filmamos, Robert daria um grito, com um olhar frio e miserável, e você diria: ‘Eu estou com frio e me sentindo miserável’, sem precisar se preocupar com a atuação.”


Assista ao trailer legendado:

O Homem do Norte estreia no dia 12 de maio.

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