Início SÉRIE Crítica CRÍTICA – Love, Death and Robots (1ª temporada, 2019, Netflix)

CRÍTICA – Love, Death and Robots (1ª temporada, 2019, Netflix)

0
CRÍTICA - Love, Death and Robots (1ª temporada, 2019, Netflix)

David Fincher e Tim Miller uniram seus esforços e nos presentearam com uma nova antologia de animação só para adultos: Love, Death and Robots

Para quem curte maratonar séries na NetflixLove, Death and Robots é extremamente fácil, já que os episódios possuem entre 6 e 17 minutos. Sendo assim, você pode terminar todos os 18 episódios em cerca de três horas, e o tempo voa enquanto assiste a esses trabalhos excepcionais de animação.

Alguns dos melhores escritores de ficção científica estão envolvidos, e assim, dada a natureza eclética desta antologia, analisaremos apenas os melhores curtas.

EPISÓDIO 1 – A VANTAGEM DE SONNIE

Sonnie (no centro)

O primeiro episódio, a adaptação de Peter F. Hamilton, A Vantagem de Sonnie (Sonnie’s Edge), serve como uma declaração de missão e um aviso. 

Graficamente violenta e sexualmente explícita, deixa claro para quem não é a série: crianças e pessoas puritanas. 

Todos os outros devem ser cativados pela animação (hiper-detalhada, mas apenas estilizada o suficiente para evitar fotorrealismo), a ação também é ponto alto deste episódio (imagine lutas Pokemón até a morte e sem censura) e um grande plot twist.

O primeiro episódio de Love, Death and Robots é tão intenso e tão excelente que chega a quase (eu disse QUASE) fazer o espectador perder o interesse se for pego de surpresa ao descobrir que cada episódios são histórias independentes e sem continuidade.

EPISÓDIO 2 – OS TRÊS ROBÔS

Após a intensidade de A Vantagem de Sonnie, Os Três Robôs (Three Robots) serve como uma pausa. Admito que esse foi o momento de QUASE desistir da série. Eu queria MUITO ver mais do primeiro episódio, mas entendi aqui que a séria se tratava de curtas de animação. Então, bora lá, né?

A primeira de três adaptações de John Scalzi na série, este curta segue três robôs vagando por uma paisagem pós-apocalíptica e encontra o humor na extinção humana. 

Em Os Três Robôs você  certamente se lembrará do clássico WALL-E, da Disney. O curta é interessante, mas para quem quer uma pegada no ritmo do primeiro episódio, é melhor pular e assisti-lo depois.

EPISÓDIO 3 – A TESTEMUNHA

Por pura beleza de animação, A Testemunha (The Witness) pode ser o melhor do grupo. A ideia de Alberto Mielgo, é um dos poucos roteiros originais da antologia.

Se o estilo “ciberpunk trazido à vida” lembra o mais recentes ganhador do Oscar, há uma razão para isso – Mielgo era um artista conceitual de Homem-Aranha no Aranhaverso.

PUBLICAÇÃO RELACIONADA | CRÍTICA – Homem-Aranha no Aranhaverso (2018, Bob Persichetti, Peter Ramsey, Rodney Rothman)

Em A Testemunha temos uma animação com cores vibrantes, uma sensação de perigo urgente e a dúvida se os atores são reais com traços de animação por cima ou 100% animados; além de um final que por incrível que pareça foi anunciado logo em seu início (para os atentos).

EPISÓDIO 4 – PROTEÇÃO CONTRA ALIENIGENAS

Proteção Contra Alienigenas (Suits) é baseado em um conto de Steven Lewis, mas, mais do que tudo, parece o trailer de um incrível videogame tipo Clash Royale

Uma seqüência de ação prolongada, na qual fazendeiros cheios de aparatos mecânicos defendem seu território de monstros, é divertido de assistir, mas seria ainda mais divertido de se jogar. 

Até mesmo os visuais lembram um dos robôs de Titanfall. Seria bacana saber no futuro que a animação se transformou em um jogo.

EPISÓDIO 5 – SUGADOR DE ALMAS

Um dos poucos curtas tradicionalmente animados da série, Sugador de Almas (Sucker of Souls), é uma animação inspirada nos animes, sobre os mitos de Drácula

Baseado em uma história de Kirsten Cross, há uma pegada meio retrô que lembra filmes de guerra do início dos anos 80-90, como por exemplo Predador (1987). O personagem principal é como uma versão desbocada do personagem de Arnold Schwarzenegger.

Embora a linguagem e o gore pretendiam sinalizar uma maturidade séria, Sugador de Almas, é muito divertido.

EPISÓDIO 7 – PARA ALÉM DA FENDA DE ÁQUILA

Sim, Para Além da Fenda de Áquila (Beyond the Aquila Rift) é 100% animado, mesmo se em pontos você jurar que está assistindo atores vivos. E essa sensação é incrivelmente bizarra. É tamanha perfeição que você se esquece completamente de se tratar de uma animação.

Onde A Vantagem de Sonnie abordou o fotorrealismo, mas distorceu as coisas um pouquinho, Para Além da Fenda de Áquila passa direto para a hiper-realidade. 

A história, de Alastair Reynolds, é um conto sólido de realidade que facilmente poderia ter sido expandido em um longa-metragem.

EPISÓDIO 8 – BOA CAÇADA

Aqui temos uma animação que cativa e surpreende. Em Boa Caçada (Good Hunting) temos uma combinação impressionante da mitologia chinesa e da história alternativa do steampunk

A história de Ken Liu é uma poderosa fábula anti-imperialista, que traz terna conexão entre o engenheiro Liang e a mulher-raposa Yan.

A forma como o curta une o passado rural com o futuro tecnológico em tão pouco tempo em paralelo com com uma linda história de amizade é certamente surpreendente. 

EPISÓDIO 10 – METAMORFOS

Baseado em uma história de Marko Kloos, Metamorfos (Shape-Shifters) é o curta em que a animação é mais perceptível.

Considerando que outros curtas fotorrealistas como Para Além da Fenda de Áquila têm configurações extensas dos personagens e do espaço exterior que fazem sentido para a animação, Metamorfos  é mais fundamentada, com apenas as transformações de lobisomem do que dos soldados. 

Há emoção. Conseguimos sentir a exclusão das espécies e o bullying mas apesar de ser um excelente curta, não chega perto dos anteriores. 

EPISÓDIO 11 – AJUDINHA

Você sabia que Gravidade (2013) era basicamente um filme de animação com alguns atores ao vivo? O curta animado Ajudinha (Helping Hand), adaptado de uma história de Claudine Griggs, é basicamente como o filme com Sandra Bullock, se não fosse inteiramente animado… e também um pouco mais violento.

Dos experimentos em animação fotorrealista, Ajudinha pode ser o mais angustiante. Talvez o que o torne excelente.

EPISÓDIO 13 – 13, NÚMERO DA SORTE

Sabemos que Samira Wiley fez o trabalho de captura de movimento, mas na maioria das vezes não parece nada com uma cópia em computador de Samira Wiley, parece a própria Samira Wiley!

A história de Marko Kloos sobre o amor de uma soldado por sua nave tem uma ação emocionante e uma emoção inesperada e em 13, Número da Sorte (Lucky 13) parece um longa metragem. É incrível como em poucos minutos a história consegue ser tão enxuta e conclusiva.

EPISÓDIO 14 – ZIMA BLUE

Agora chegamos à obra-prima de Love, Death and Robots da primeira temporada, a adaptação de Alastair Renyolds todo desenhado à mão Zima Blue

Ao contrário de outros curtas, este não precisa de sangue, sexualidade ou maldição para torná-lo “adulto”. Em vez disso, sua maturidade emerge de suas profundas questões existenciais. Uma obra de arte fascinante que a Netflix deve enviar para consideração de prêmios.

EPISÓDIO 18 – A GUERRA SECRETA

Finalizando a temporada temos A Guerra Secreta (The Secret War), baseado em uma história de David W. Amendola.

Este é mais um curta que pode ser expandido para um filme ou um videogame. O foco é inteiramente na ação, uma batalha entre soldados russos e demônios, mas a ação é impressionante, e com um pouco mais de desenvolvimento de enredo isso pode se tornar algo especial.

Os episódios não listados anteriormente e que não me agradaram tanto foram: 

EPISÓDIO 6 – QUANDO O IOGURTE TOMOU O CONTROLE

EPISÓDIO 9 – LIXÃO

EPISÓDIO 12 – NOITE DE PESCARIA

EPISÓDIO 15 – PONTO CEGO

EPISÓDIO 16 – ERA DO GELO

EPISÓDIO 17 – HISTÓRIAS ALTERNATIVAS

De qualquer forma, vale assistir para matar a curiosidade e pode ser que algumas das que eu não curti, possa ser interessante com um outro olhar.


Não perca a primeira temporada de Love, Death and Robots na Netflix. E lembre-se de deixar sua avaliação após assistir a série 😉

Sair da versão mobile