David Fincher e Tim Miller uniram seus esforços e nos presentearam com uma nova antologia de animação só para adultos: Love, Death and Robots.
Para quem curte maratonar séries na Netflix, Love, Death and Robots é extremamente fácil, já que os episódios possuem entre 6 e 17 minutos. Sendo assim, você pode terminar todos os 18 episódios em cerca de três horas, e o tempo voa enquanto assiste a esses trabalhos excepcionais de animação.
Alguns dos melhores escritores de ficção científica estão envolvidos, e assim, dada a natureza eclética desta antologia, analisaremos apenas os melhores curtas.
EPISÓDIO 1 – A VANTAGEM DE SONNIE
O primeiro episódio, a adaptação de Peter F. Hamilton, A Vantagem de Sonnie (Sonnie’s Edge), serve como uma declaração de missão e um aviso.
Graficamente violenta e sexualmente explícita, deixa claro para quem não é a série: crianças e pessoas puritanas.
Todos os outros devem ser cativados pela animação (hiper-detalhada, mas apenas estilizada o suficiente para evitar fotorrealismo), a ação também é ponto alto deste episódio (imagine lutas Pokemón até a morte e sem censura) e um grande plot twist.
O primeiro episódio de Love, Death and Robots é tão intenso e tão excelente que chega a quase (eu disse QUASE) fazer o espectador perder o interesse se for pego de surpresa ao descobrir que cada episódios são histórias independentes e sem continuidade.
EPISÓDIO 2 – OS TRÊS ROBÔS
A primeira de três adaptações de John Scalzi na série, este curta segue três robôs vagando por uma paisagem pós-apocalíptica e encontra o humor na extinção humana.
Em Os Três Robôs você certamente se lembrará do clássico WALL-E, da Disney. O curta é interessante, mas para quem quer uma pegada no ritmo do primeiro episódio, é melhor pular e assisti-lo depois.
EPISÓDIO 3 – A TESTEMUNHA
Se o estilo “ciberpunk trazido à vida” lembra o mais recentes ganhador do Oscar, há uma razão para isso – Mielgo era um artista conceitual de Homem-Aranha no Aranhaverso.
Em A Testemunha temos uma animação com cores vibrantes, uma sensação de perigo urgente e a dúvida se os atores são reais com traços de animação por cima ou 100% animados; além de um final que por incrível que pareça foi anunciado logo em seu início (para os atentos).
EPISÓDIO 4 – PROTEÇÃO CONTRA ALIENIGENAS
Uma seqüência de ação prolongada, na qual fazendeiros cheios de aparatos mecânicos defendem seu território de monstros, é divertido de assistir, mas seria ainda mais divertido de se jogar.
Até mesmo os visuais lembram um dos robôs de Titanfall. Seria bacana saber no futuro que a animação se transformou em um jogo.
EPISÓDIO 5 – SUGADOR DE ALMAS
Baseado em uma história de Kirsten Cross, há uma pegada meio retrô que lembra filmes de guerra do início dos anos 80-90, como por exemplo Predador (1987). O personagem principal é como uma versão desbocada do personagem de Arnold Schwarzenegger.
Embora a linguagem e o gore pretendiam sinalizar uma maturidade séria, Sugador de Almas, é muito divertido.
EPISÓDIO 7 – PARA ALÉM DA FENDA DE ÁQUILA
Onde A Vantagem de Sonnie abordou o fotorrealismo, mas distorceu as coisas um pouquinho, Para Além da Fenda de Áquila passa direto para a hiper-realidade.
A história, de Alastair Reynolds, é um conto sólido de realidade que facilmente poderia ter sido expandido em um longa-metragem.
EPISÓDIO 8 – BOA CAÇADA
A história de Ken Liu é uma poderosa fábula anti-imperialista, que traz terna conexão entre o engenheiro Liang e a mulher-raposa Yan.
A forma como o curta une o passado rural com o futuro tecnológico em tão pouco tempo em paralelo com com uma linda história de amizade é certamente surpreendente.
EPISÓDIO 10 – METAMORFOS
Considerando que outros curtas fotorrealistas como Para Além da Fenda de Áquila têm configurações extensas dos personagens e do espaço exterior que fazem sentido para a animação, Metamorfos é mais fundamentada, com apenas as transformações de lobisomem do que dos soldados.
Há emoção. Conseguimos sentir a exclusão das espécies e o bullying mas apesar de ser um excelente curta, não chega perto dos anteriores.
EPISÓDIO 11 – AJUDINHA
Dos experimentos em animação fotorrealista, Ajudinha pode ser o mais angustiante. Talvez o que o torne excelente.
EPISÓDIO 13 – 13, NÚMERO DA SORTE
A história de Marko Kloos sobre o amor de uma soldado por sua nave tem uma ação emocionante e uma emoção inesperada e em 13, Número da Sorte (Lucky 13) parece um longa metragem. É incrível como em poucos minutos a história consegue ser tão enxuta e conclusiva.
EPISÓDIO 14 – ZIMA BLUE
Ao contrário de outros curtas, este não precisa de sangue, sexualidade ou maldição para torná-lo “adulto”. Em vez disso, sua maturidade emerge de suas profundas questões existenciais. Uma obra de arte fascinante que a Netflix deve enviar para consideração de prêmios.
EPISÓDIO 18 – A GUERRA SECRETA
Este é mais um curta que pode ser expandido para um filme ou um videogame. O foco é inteiramente na ação, uma batalha entre soldados russos e demônios, mas a ação é impressionante, e com um pouco mais de desenvolvimento de enredo isso pode se tornar algo especial.
Os episódios não listados anteriormente e que não me agradaram tanto foram:
EPISÓDIO 6 – QUANDO O IOGURTE TOMOU O CONTROLE
EPISÓDIO 9 – LIXÃO
EPISÓDIO 12 – NOITE DE PESCARIA
EPISÓDIO 15 – PONTO CEGO
EPISÓDIO 16 – ERA DO GELO
EPISÓDIO 17 – HISTÓRIAS ALTERNATIVAS
De qualquer forma, vale assistir para matar a curiosidade e pode ser que algumas das que eu não curti, possa ser interessante com um outro olhar.
Não perca a primeira temporada de Love, Death and Robots na Netflix. E lembre-se de deixar sua avaliação após assistir a série 😉