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CRÍTICA – Obi-Wan Kenobi (Minissérie, 2022, Disney+)

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CRÍTICA - Obi-Wan Kenobi (Minissérie, 2022, Disney+)

Obi-Wan Kenobi, o tão aguardado spin-off de Star Wars, já possui todos seis os episódios disponíveis no Disney+. Ambientado entre os episódios 3 (A Vingança dos Sith) e 4 (Uma Nova Esperança) da franquia, o seriado mostra uma nova missão de Obi-Wan (Ewan McGregor) antes dele se tornar o lendário Jedi apresentado nos filmes clássicos.

Com o retorno de Hayden Christensen como Darth Vader, e a apresentação de uma nova vilã chamada Reva (Moses Ingram), o seriado se propõe a expandir a história live-action de Star Wars nos mesmos moldes de Rogue One, o primeiro spin-off de sucesso da Lucasfilm.

Confira abaixo a nossa crítica da série.

SINOPSE DE OBI-WAN KENOBI

Durante o reinado do Império Galáctico, o antigo Mestre Jedi Obi-Wan Kenobi embarca em uma missão crucial. Kenobi deve confrontar aliados que se tornaram inimigos e enfrentar a fúria do Império.

ANÁLISE

Obi-Wan Kenobi é uma série de oportunidades perdidas. Não há outra forma de dizer o quão decepcionante e pouco inventiva é a produção da Lucasfilm para um de seus personagens mais lendários.

Durante 17 anos os fãs esperaram um spin-off focado em Obi-Wan. Em 2018, quando Solo: Um História Star Wars foi lançado, todos os comentários na internet eram sobre por que Han Solo estava ganhando um projeto derivado e Obi-Wan, não. Apesar de Solo ser um grande ícone da franquia e ter um enorme apelo do público, as histórias de Obi-Wan nas animações já provavam à época que ter um projeto focado nele seria um acerto muito maior.

Após tanto tempo de espera, a Lucasfilm colocou em prática o projeto tão esperado.

E Obi-Wan Kenobi tinha tudo para dar certo: uma ótima diretora, que dirigiu incríveis episódios de The Mandalorian. O retorno de Ewan McGregor, um dos atores mais amados da franquia. O retorno de Hayden Christensen, algo inimaginável há 10 anos e a exploração de Darth Vader em um período ainda não retratado em live-action.

Some isso a um elenco de apoio talentosíssimo, com dois atores indicados recentemente ao Emmy (Joel Edgerton e Moses Ingram) e uma estrela mirim que possui força suficiente para se tornar um grande nome da próxima geração.

Absolutamente tudo estava ali. Mas, ao que tudo indica, mais uma vez Star Wars esbarrou nas decisões criativas de pessoas que, há muito tempo, vem errando com uma das franquias mais valiosas da história do cinema.

O argumento de roteiro criado por Joby Harold, instruído por Kathleen Kennedy a fazer uma série “esperançosa”, parece uma grande reciclagem de acontecimentos, e por vezes até de cenas, que já vimos em outras histórias.

Por se passar em um período de tempo sombrio, com o grande golpe orquestrado pelo Império em franca expansão, o seriado se vê em uma situação difícil para explorar momentos felizes, mas precisa fazê-lo para se encaixar em uma demanda que desconsidera o contexto vivido pelo personagem naquele período de tempo.

Durante quatro dos seis episódios, acompanhamos um Jedi exilado – que deveria explorar suas memórias, suas experiências e emergir como o Jedi que conhecemos na franquia clássica -, fugindo de um lado para o outro sem um objetivo concreto. Leia (Vivien Lyra Blair) é mal utilizada desde o segundo episódio e acaba se tornando uma muleta narrativa para atrasar o desenrolar da história entre Vader e Obi-Wan.

Além de reciclar situações, o seriado também recicla erros: Reva, interpretada por Ingram, é uma personagem extremamente interessante. Assim como outros personagens que foram mal desenvolvidos e descartados na nova leva de filmes encabeçados por Kennedy, Reva parece estar sempre no “quase”, não sendo aprofundada da forma que poderia e não ganhando um argumento sólido o suficiente para que o público se sinta comovido por seus traumas. Apesar da ótima direção de Deborah Chow nas cenas com Moses, o roteiro é fraco e previsível.

O que falar do Grande Inquisidor? Ou dos outros Inquisidores que surgem apenas quando é conveniente para a narrativa? Em determinado ponto da trama, todos os episódios parecem repetir os mesmos arcos, trocando apenas as locações. Com a dinâmica de episódio semanal, tudo fica mais complicado, pois parece que você passou semanas assistindo ao mesmo episódio e que a narrativa não avançou.

Os únicos momentos de Obi-Wan que realmente causam alguma emoção são aqueles que, inevitavelmente, envolvem seus personagens clássicos. Entretanto, até os embates entre Vader e Kenobi se veem afetados pela falta de espaço para o crescimento da narrativa. Ao se ver envolvido em uma sinuca de bico (pois nenhum dos personagens pode morrer), o seriado precisa dosar constantemente as consequências de suas escolhas para não afetar o cânone, tornando tudo calculado e tedioso.

Vale destacar que, além da excelente atuação de Moses, Ewan McGregor e Vivien Lyra Blair também estão incríveis em seus papéis. É um prazer rever McGregor como Obi-Wan, principalmente nos momentos mais emocionais, quando sua conexão com Anakin é explorada em tela. É nessas horas que fica quase impossível não pensar no resultado que essa série teria caso o roteiro fosse mais afiado.

Mesmo com o ótimo trabalho do elenco, o design de produção é o grande destaque de Obi-Wan Kenobi.

Ao manter a estética explorada nas prequels, resgatando até as lutas de sabre de luz performáticas, a série consegue moldar uma ótima identidade visual. O visual de Darth Vader e a maquiagem de Hayden Christensen, quando não está utilizando a armadura, funcionam muito bem e merecem grande reconhecimento. O mesmo podemos dizer da criação digital de Alderaan, do breve momento em Coruscant e da primeira cena de perseguição durante o ataque da Ordem 66. Momentos visualmente perfeitos e que merecem elogios.

Entretanto, é necessário dizer que, apesar do ótimo trabalho com os painéis de LED para construção dos cenários de Obi-Wan Kenobi, é quase impossível enxergar alguma coisa nas cenas que se passam durante a noite. Há falta de luz nas cenas que se passam à noite em Tatooine e em outros planetas, fato que se assemelha visualmente às desastrosas cenas de ação no deserto de O Livro de Boba Fett.

Com as portas mais do que abertas para um segundo ano, trazendo um final de temporada extremamente morno, é torcer que Obi-Wan consiga construir uma próxima temporada com algum propósito interessante. Afinal, o período conturbado com o Império permanece e existem outras formas de explorar o personagem, que possui muitos arcos relevantes nos livros, animações e quadrinhos. Talvez envolver Dave Filoni como roteirista principal, um profissional que conhece e já trabalhou com Kenobi anteriormente, possa resolver todos os problemas.

Caso se mantenha em apenas um ano, Obi-Wan Kenobi é uma daquelas experiências esquecíveis, que não acrescentam absolutamente nada de relevante no universo de Star Wars. Para uma fã que esperou anos para um reencontro com seu personagem favorito da franquia, e que sabe que existem possibilidades muito melhores de storytelling, é uma pena ter que ver um projeto como esse se desenrolar desta forma.

VEREDITO

Infelizmente, essa não é a série que eu estava procurando. Com um roteiro inacreditável e diversas chances perdidas, Obi-Wan Kenobi é um projeto muito abaixo do esperado. Se uma segunda temporada realmente se concretizar, é torcer que a equipe criativa trate com mais carinho um dos melhores personagens dessa franquia e o coloque no terreno mais alto novamente.

2,5/5,0

Assista ao trailer:

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