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CRÍTICA – The Underground Railroad: Os Caminhos para a Liberdade (2021, Amazon Prime Video)

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CRÍTICA – The Underground Railroad: Os Caminhos para a Liberdade (2021, Amazon Prime Video)

The Underground Railroad: Os Caminhos para a Liberdade é a adaptação da Amazon Prime Video para o livro homônimo de Colson Whitehead. Roteirizada e dirigida por Barry Jenkins, vencedor do Oscar pelo longa Moonlight: Sob a Luz do Luar, a produção traz Thuso Mbedu no papel principal.

SINOPSE THE UNDERGROUND RAILROAD

Uma jovem chamada Cora (Thuso Mbedu) faz uma descoberta surpreendente durante sua tentativa de se libertar da escravidão no extremo sul dos Estados Unidos.

ANÁLISE 

The Underground Railroad: Os Caminhos para a Liberdade é um livro fantástico. Vencedor do Pulitzer, a maior honraria literária, a publicação é instigante, envolvente e possui uma leitura fluida. Fazer uma adaptação de uma obra tão aclamada é sempre uma tarefa difícil, pois as comparações são inevitáveis.

É uma grande sorte ter Barry Jenkins à frente dessa produção, pois ele é extremamente talentoso e se cerca de ótimos profissionais. Sua série possui uma beleza estonteante e consegue traduzir muito bem a história principal do livro para a tela.

Todos os acontecimentos-chave do livro estão ali. Desde a fazenda Randall, quando conhecemos Cora, até o grande desfecho no décimo capítulo. A personagem principal mantém a mesma personalidade criada no livro: ingênua, mas forte e destemida. Cora luta o tempo todo por sua vida e é considerada especial por ter superado cada percalço de sua jornada na ferrovia.

O que mais chama atenção na adaptação de Barry Jenkins é a beleza da série. Com nível de produção de cinema, a qualidade da obra é perceptível desde o primeiro trailer. Enquadramentos que remetem a elementos angelicais, como quando uma luz brilha por trás de Mabel (Sheila Atim) ao dar luz a Cora. A luz no fim do túnel representada pela chegada do trem na estação. A tristeza e a solidão nas paisagens cinzentas do Tennessee durante a grande epidemia de febre amarela.

Visualmente a adaptação de The Underground Railroad é um espetáculo, seja pelo ótimo trabalho de fotografia de James Laxton, ou pelo design de produção liderado por Mark Friedberg.

Há de se destacar também a excelente trilha sonora composta por Nicholas Britell. A parceria com Jenkins é de longa data: eles trabalharam juntos em Moonlight e Se a Rua Beale Falasse e, assim como os trabalhos anteriores, as composições são certeiras em seus momentos de grandiosidade.

Britell consegue embalar momentos de tristeza, angústia e suspense, ao passo que mescla pequenas baladas com momentos contemplativos de alegria e resistência. Um trabalho esplêndido que merece todo o reconhecimento na temporada de premiações.

Os atores escolhidos para a série cumprem bem seus papéis. Até Joel Edgerton consegue construir um bom Ridgeway com a ótima condução de Jenkins. Entretanto, o destaque fica nas atuações de Thuso Mbedu como Cora e Aaron Pierre, que interpreta Caesar. Ambos aproveitam muito bem o seu tempo de tela, assim como o garoto Chase Dillon, intérprete de Homer.

A verdade é que The Underground Railroad é uma ótima série. Sua parte técnica é impecável e invejável. Uma qualidade incrível e que merece todos os reconhecimentos possíveis. Não há nada questionável em nenhuma das escolhas criativas feitas nesses pontos.

Entretanto, quando debatemos o roteiro adaptado, há certas ressalvas a serem feitas. Como eu mencionei anteriormente, fazer a adaptação de um livro extremamente premiado não é tarefa fácil, pois além do material base há também as vontades criativas de quem vai executar a tarefa.

Mesmo a obra de Colson sendo sólida e de fácil entendimento, com um storytelling impecável, Jenkins optou por esticar acontecimentos e trabalhar alguns personagens que, na publicação original, não possuem tanto desenvolvimento. Mingo, Jasper, Homer e o próprio Rigdeway possuem mais espaço e background na série do que no livro.

Entretanto, essa escolha faz com que outros detalhes importantes sejam suprimidos durante o desenvolvimento, além de prolongar acontecimentos que não são tão longos no material base. A história em si já é dolorosa o suficiente, mas com as adições feitas em algumas situações a trama se torna duas vezes mais triste.

Os episódios de The Underground Railroad duram em média 70 minutos, sendo que facilmente poderiam ter em torno de 35 ou 40 minutos – caso as cenas de transição fossem enxugadas. Esses excessos de exposição tornam os episódios cansativos e, como no caso do episódio 5, um pouco desnecessário. Não havia necessidade de dividir o capítulo do Tennessee em dois e isso fica bem perceptível quando assistimos à produção.

Mesmo assim, não há espaço para dizer que a série é ruim ou mal adaptada. A base da história e acontecimentos-chave estão ali, seguindo cronologicamente os acontecimentos da obra original. Entretanto, sua execução é vagarosa, tornando alguns episódios lentos e cansativos.

VEREDITO

The Underground Railroad: Os Caminhos para a Liberdade é uma produção que respeita seu material base, adiciona mudanças satisfatórias e entrega um produto de qualidade impecável.

A série deve aparecer nas principais premiações com indicações nas categorias técnicas de fotografia, design de produção e trilha sonora, além das categorias principais em melhor minissérie, direção, roteiro e atuação.

Ouso dizer que o episódio 9 pode receber alguma indicação específica como melhor roteiro, pois sua execução é esplêndida e muito similar à idealização de Colson.

Mesmo com a duração excessiva, o seriado é uma das melhores produções originais do catálogo da Amazon Prime Video.

4,5/5,0

Leia também | The Underground Railroad: Tudo que você precisa saber sobre a nova série da Amazon

Assista ao trailer:

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