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Batman: Filme de Matt Reeves completa 1 ano

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CRÍTICA - Batman (2022, Matt Reeves)

No dia 3 de março de 2022, Batman é lançado em todo o mundo após alguns adiamentos e uma grande expectativa em torno do filme dirigido por Matt Reeves e estrelado por Robert Pattinson, Zoe Kravitz e Paul Dano além de outros nomes conhecidos do cinema.

O roteiro foi desenvolvido pelo próprio diretor ao lado Peter Craig, sua trilha sonora composta por Michael Giacchino e a cinematografia por Greig Fraser arrecadando 770 milhões de dólares no seu período de exibição e encabeçou a lista dos filmes mais vistos na HBO Max, após a sua chega no streaming em 18 de abril do mesmo ano.

Acredito que é quase um consenso que o longa do vigilante encapuzado foi o melhor filme do gênero em 2022; quando se pensa em sua recepção pela crítica e a opinião de fãs em geral, mesmo que alguns não tenham se agradado com o filme, comparado a outras produções, sempre foi visto com muito bons olhos.

Além de todo o trabalho técnico digno de elogios Batman causou uma repercussão social muito positiva em torno da imagem do Cavaleiro das Trevas, o que leva a grande reflexão em torno deste artigo de celebração do filme.

Acredito que desde a icônica intepretação de Michael Keaton em Batman – O Retorno (1992) que não se tinha uma visão verdadeiramente inovadora em relação ao que se esperar de uma adaptação em live action de Batman. Após o longa de Tim Burton, em 1992, passou pelo papel atores de grande nomes como Val Kilmer, George Clooney, Cristian Bale e Ben Affleck, porém em nenhum destes papéis se abordou tanto a figura de Bruce Wayne como no longa dirigido por Matt Reeves.

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Um homem que se negou a ser feliz

A interpretação de Robert Pattinson é excelente e voltada para algo que não se pensou tanto em outras produções, o sofrimento de Bruce Wayne, sua jornada como um vigilante solitário e seus pensamentos a respeito do efeito que suas ações têm sobre a cidade.

Mesmo que não tenhamos muitas cenas de Bruce, todo o enredo gira em torno da sua figura, status social e seu isolamento após o falecimento de seus pais criando a aura de mistério em torno do “príncipe da cidade” como Falcone (John Turturro) menciona em um de seus diálogos.

Por outro lado, é interessante como Bruce Wayne encara o Batman como um projeto de reestruturação moral da cidade e que sua intervenção não surte o efeito que espera, pelo contrário, os crimes aumentam surgindo pessoas ainda mais perigosas, como o Charada (Paul Dano) que entende a si como um grande arauto da verdade.

Apesar de não se tratar exatamente como um filme de origem mais clássico, podemos compreender como o início do que o cruzado encapuzado irá se tornar no futuro, dado seu aprendizado e reflexão no final do filme.

Ainda a respeito desta profundidade, o longa aborda de forma muito competente este lado de Bruce; temos algo diferente do personagem que é muito mais arrogante, às vezes irônico e frio como visto quando esta próximo de Alfred (Andy Serkis) que, mesmo não tendo tantas cenas, estabelece no protagonista uma personalidade de alguém que se afastou de todos devido a perda de alguém que tem grande estima.

Outro aspecto brilhante é a abordagem escolhida pelo diretor para iniciar esta jornada do Cavaleiro das Trevas que em nenhum filme do herói foi tão enfatizado: seu lado investigador; que dentre tantas alcunhas o nomeiam o melhor detetive do mundo.

O interessante neste jogo de gato e rato entre Batman e Charada é não tentar fazer o mistério em torno de quem é o assassino, mas a razão pela qual ele esta realizando seus crimes; se tornando um dilema, gera engajamento na cidade como a luta contra a evidente corrupção que ocorre na cidade de Gotham.

O símbolo da vingança em uma cidade perdida

O filme não trata apenas sobre Bruce Wayne, mas a própria existência do Batman na cidade, visto como a encarnação da própria vingança, um símbolo de punição e medo para aqueles que causam o mal para os inocentes de Gotham; como muito bem simbolizado na primeira cena, que particularmente é muito empolgante.

Este simbolismo se expressa em muitos aspectos na paleta de cores, precisamente na utilização do vermelho que, neste caso para o maior detetive do mundo, se conecta com a violência.

O Batman é um substrato da violência de Gotham e ele reproduz isso como um vigilante, assim se tornando a figura temida citada anteriormente, porém não apenas os bandidos o temem, mas as pessoas comuns que ele almeja proteger ao lutar contra o crime.

Em alguns aspectos esta jornada do Cavaleiro das Trevas lembra os antigos filmes de faroeste, cujo um único homem, tenta parar o que acontece em uma cidade repleta de crimes e corrupção em todos os seus níveis. Porém, se tratando de Gotham, uma cidade afundada em crimes e desesperança de que algo melhor possa surgir, o símbolo do Batman deve significar algo muito além que a vingança, mas sim esperança por ter alguém que estará a proteger aqueles que precisam se defender. E isso é entendido pelo protagonista no desfecho do filme, ao ajudar as pessoas após o desastre da inundação e finalmente perceber como sua intervenção pode causar o efeito desejado na cidade.

Um equilíbrio entre o quadrinesco e o realismo com personagens cativantes

Batman é um filme que adapta um personagem de quadrinhos, aliás um dos mais importantes personagens da história das HQs, mas desde a trilogia do Cavaleiro das Trevas dirigida por Christopher Nolan os elementos quadrinescos foram deixados de lado buscando um universo mais realista.

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Durante o período que o personagem passa pela visão de Zack Snyder, o personagem mantém este tom e ganhando um aspecto pessimista, justificado pelo material de origem que inspira esta versão de Batman ser o Cavaleiro das Trevas de Frank Miller.

Matt Reeves indica que compreendeu qual era o próximo passo para o herói utilizando uma estética realista e acrescentar de forma brilhante elementos quadrinescos, seja na cidade de Gotham que funciona como um dos personagens centrais da narrativa, um Batman que desce de prédios utilizando um arpéu, o próprio Oswald (Colin Farrell) apelidado de Pinguim, com seu andar e vestes remetem à pequena ave marinha ou a Mulher-Gato de Zoe Kravitz que bebe leite assim como o animal de seu alterego.

Neste aspecto de adaptação existe o brilhantismo em cada um destes personagens, seja pela intepretação dos atores como a sagacidade em utiliza-los para a trama e seus próprios arcos individuais; destacando a Mulher-Gato, o Pinguim e o vilão do filme, o Charada.

Futuro em um universo próprio

Já esta anunciado que a segunda parte desta grande história vai chegar aos cinemas em 2025 e, particularmente, espero que não aconteçam atrasos como ocorreu no primeiro longa, porém a espera valeu muito a pena dado o resultado positivo em torno do lançamento do filme.

Com a criação do universo compartilhado DCU idealizado por James Gunn já foi estabelecido pelo próprio co-presidente da DC Studios que o universo do diretor Matt Reeves será considerado um Elseworld, podendo se considerar uma excelente notícia em aspectos de liberdade criativa e a necessidade de não se conectar com outras narrativas que não sejam relacionadas a esta história.

Além de “Batman 2”, atualmente um seriado protagonizado pelo Pinguim é o único projeto com previsão de filmagens; mas houveram também rumores de seriados voltados ao Asilo Arkham e ao Departamento de Polícia de Gotham, indicando o quanto este universo poderá se tornar muito mais amplo.


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