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CRÍTICA – Meu Nome é Dolemite (2019, Craig Brewer)

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CRÍTICA - Meu Nome é Dolemite (2019, Craig Brewer)

Meu Nome é Dolemite é uma cinebiografia divertida e repleta de gingado que somente o funk americano dos anos 70-80 pode proporcionar. Craig Brewer (Entre o Céu e o Inferno, Footloose) – é o responsável por dirigir o longa, que conta a história de Rudolph Frank Moore, também conhecido pelo seu nome artístico Rudy Ray Moore, uma estrela, e referência para a comunidade negra. Um ator, comediante, produtor, cantor americano que brilhou nos anos 70 e que foi o vanguardista do humor sexista daquela época.

Rudy Ray Moore (Eddie Murphy) percorreu um longo caminho rumo ao reconhecimento do público. Embora o início de sua empreitada em direção do sucesso fosse um caminho árduo e cheio de obstáculos, isso nunca o impediu de seguir em frente. Cada “não” recebido era o combustível que alimentava sua incessante determinação.

Frustrado com sua vida, Rudy vê a sua chance ao reproduzir o estilo de um morador de rua chamado Ricco (Ron Cephas Jones) que, uma vez que outra, aparecia na loja onde Rudy trabalhava e contava algumas histórias sobre um tal “Dolemite“. Enquanto as pessoas que frequentavam a loja achavam engraçado o que Ricco contava, Rudy enxergava ali um potencial. Decidido a abraçar aquela ideia, Rudy adota Dolemite como alter-ego: um cafetão extravagante lutador de Kung-fu.

O personagem Dolemite funciona, mas vale deixar claro que isso só acontece porque, naquela época, o “humor politicamente correto” não existia. Bebendo dessa fonte, Dolemite se fixa no cenário da comédia – apelando para piadas adultas, que são nitidamente pesadas e bastante sexualizadas.

O humor, embora pesado, prende a nossa atenção, principalmente com a atuação sensacional de Eddie Murphy – algo que nos remete ao seu brilhante trabalho em Dreamgirls. O roteiro de Scott Alexander e Larry Karaszewski funciona muito bem e é fluido, mostrando – nos créditos do filme – cenas do verdadeiro Dolemite.

Os diálogos são muito bem construídos e irônicos – um bom exemplo disso é quando um ator branco entra para o elenco para “interpretar o branco malvado”. Outro detalhe importante é que o filme mostra bastante esse distanciamento da época onde apenas os filmes protagonizados por pessoas brancas – para pessoas brancas – eram bem vistos, enquanto os filmes feitos por negros eram escanteados.



Por conta dessa barreira – socialmente imposta naquela época -, Dolemite decide explorar cada vez mais seu alter-ego através do gênero Blaxploitation – movimento cinematográfico norte-americano que surgiu no início da década de 1970. A palavra é um portmanteau de black (negro) e exploitation (exploração).

Alguns filmes do gênero Blaxploitation que servem como referência para o longa de Craig Brewer são Coffy: Em Busca da Vingança (1973), Sweet Sweetback’s Baadasssss Song (1971) e Shaft (1971).

O elenco principal de Meu Nome é Dolemite é um peso por si só. Dentre os grandes nomes estão: Keegan-Michael Key, Mike Epps, Craig Robinson, Tituss Burgess, Da’Vine Joy RandolphKodi Smit-McPhee e as participações especiais de Snoop Dogg, T.I. e Chris Rock. Além do protagonista Eddie Murphy.

O figurino repleto de estampas e cores gritantes funciona como uma atmosfera nostálgica para quem viveu naquela época, tudo isso agregado ao fato de que a trilha sonora nos remete de fato a um deslumbre da Era de Ouro do funk americano. A responsável por essa importante missão é nada menos que Ruth E. Carter – vencedora do Oscar pelo seu trabalho em Pantera Negra.

Vale ressaltar aqui a belíssima atuação de Wesley Snipes como o debochado diretor D’Urville Martin – ator, comediante e diretor, que inclusive participa do filme que Dolemite decide fazer para alavancar a sua carreira.

No geral, Meu Nome é Dolemite é um excelente filme, com atuações impecáveis e que marca o retorno digno de Eddie Murphy aos holofotes. Alô Academia, bora notar o rapaz, por gentileza para a premiação do Oscar de 2020!

Assista ao trailer: 

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