Desde que o segundo teaser foi lançado lá em 2017, alguns espectadores criticaram o quão brutal e graficamente violento The Last of Us Part II parecia ser. É claro, isso não é tão surpreendente, pelo que vemos no game original, mas já que os gráficos dos games melhoraram desde 2013, então o novo título contará com o realismo de um personagem levando um tiro, esfaqueado e cortado. Isso ficou ainda mais claro no State of Play, que mostrou cerca de 9 minutos de gameplay ininterrupta, mostrando formas que Ellie tem para matar aqueles que entrarem em seu caminho.
É claro, a discussão em relação a violência nos jogos não é nada novo. E apesar de já ter se tornado caso de estudo, isso conclui que os games não levam ninguém a cometer atos violentos, aqueles que se incomodam vendo uma mulher cobrindo sua própria garganta após ser esfaqueada, não estão errados.
Entretanto, aqueles que criticam o game que ainda nem foi lançado, tendo como base apenas o que foi visto em gameplays: o game não é perturbador porquê pode ser; ele é perturbador porque precisa ser.
The Last of Us Part II já foi descrito como “um jogo sobre o ódio” por seus criadores, algo que o distancia de seu antecessor, que é sobre o amor entre Joel e Ellie.
Nesse game, uma Ellie já crescida, parte em sua missão em busca de vingança em um mundo perigoso onde sua vida está em constante ameaça daqueles infectados e de outros inimigos. Para sobreviver, a personagem precisa lutar, o que por vezes pode significar levar um tiro antes mesmo de que ela possa atirar. No geral, o vídeo de gameplay visto, mostra Ellie matando como se fosse uma espécie de natureza para ela, pois de fato é. Para ela, isso se torna um desconfortável fato da vida.
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Mas só por ser necessário, não significa que o game deva tirar o peso das mãos do jogador nisso tudo. Aí é onde o realisto (mesmo quando as rápidas) sequências de morte aparecem.
Após ver Ellie passar sua lâmina pela garganta de uma mulher vendo sua reação realista e a luta por sua vida em seus últimos momentos antes de morrer, dá uma humanidade maior ao NPC que acabara de ameaçar a vida da protagonista.
Isso lembrará os jogadores de uma verdade terrível: essa personagem era tão humana quanto Ellie e desejava sobreviver tanto quanto ela.
Certamente a violência do game não é para todo mundo, mas quem o chama de irresponsável, não sabe o que está falando.
As formas como os jogadores terão que lidar hoje com as consequências de suas ações no jogo, vão além do que eles precisaram fazer no primeiro game, pois não era possível fazer isso nos dias de sangue pixelado ou dos primeiros modelos poligonais 3D.
O diretor criativo Neil Druckmann disse em 2018 que a intenção da Naughty Dog era fazer os jogadores sentirem repulsa por suas próprias ações, e essa é a “maneira mais honesta de contar a história” sobre o ciclo da violência.
Druckmann também disse que a equipe prefere descrever o jogo como “envolvente” em vez de “divertido”, separando a natureza brutal de The Last of Us da falta de atenção geralmente associada a jogos “divertidos”. Os jogadores podem não concordar com as ações de Ellie (ou o que eles têm que fazer enquanto controlam Ellie), e esse é o ponto.
The Last of Us Part II claramente será um jogo difícil, e não apenas da perspectiva da jogabilidade. Os jogadores devem esperar encontrar alguns problemas enquanto tentarem cruzar algumas seções do game, questionando o que eles estão fazendo e sentindo até mesmo um conflito moral às vezes.
Eles devem se sentir enojados pelos momentos onde sangue jorra de uma ferida ou até mesmo ouvir os últimos suspiros de alguém após levar um tiro.
O game será violento e perturbador. E pode fazer alguns jogadores sentirem que estarão enfrentando um dilema moral. Mas qualquer outra coisa que não isso, se mostraria inverídico e trivial para uma história que precisa ser contada.
O desconforto que as pessoas sentem assistindo ou jogando The Last of Us Part II não é um problema do game: é algo essencial.
Desenvolvido pela Naughty Dog, The Last of Us Part II será lançado para PlayStation 4 em 14 de Junho.
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