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CRÍTICA – Carmilla (2022, Sheridan Le Fanu)

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CRÍTICA - Carmilla (2022, Sheridan Le Fanu)

Apesar da mais nova edição da editora DarkSide Books estar sendo lançada este mês; Carmilla, do irlandês Joseph Thomas Sheridan Le Fanu, mais conhecido como Sheridan Le Fanu, foi lançado originalmente em 1872 e viria a ser tornar uma das obras mais marcantes da literatura vitoriana de horror.

Le Fanu foi autor de 14 romances, mais de 30 contos e pioneiro do horror moderno; além de ter sido o primeiro a utilizar o termo weird fiction, foi referência para autores como H. P. Lovecraft e fonte direta de Bram Stoker para a criação do maior romance de vampiro: Drácula.

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SINOPSE

Na trama, acompanhamos a narradora Laura revelar aos seus leitores os eventos que circundam a chegada da misteriosa Carmilla, uma jovem aparentemente frágil que se mostrará sedenta por sangue, paixão e vida.

ANÁLISE

Com nova tradução do texto de Sheridan Le Fanu feita por Enéias Tavares e arte exuberante da italiana Isabella Mazzanti, Carmilla é um clássico que nunca perde sua capacidade de assustar e seduzir, numa trama terrífica na qual inocência, sangue e desejo se fundem em uma inquietante valsa vampírica.

Ambientada em um remoto castelo na Estíria – fronteira entre a Austria e Hungria, situada entre a Europa Ocidental e o Leste Europeu -, a trama é narrada em retrospecto pela jovem Laura, o que empresta à narrativa um tom confessional e íntimo. Enquanto recorda os misteriosos acontecimentos que ainda a assombram, ela nos guia rumo ao passado, quando a bela e sedutora Carmilla entrou em sua vida. Acompanhamos a sombria jornada com a mesma inocência que permeia os sentimentos de Laura.

Na obra de Le Fanu, somos capazes de nos envolver, sofrer e desejar até o fim do mistério. Vale ressaltar a aparição de um surpreendente e poderoso personagem para a trama: Barão Vordenburg; um estudioso das lendas vampíricas e considerado por muitos um dos precursores literários do icônico Van Helsing, criado por Bram Stoker.

A novela Carmilla, ou seja, que não é tão pequena para ser considerada um conto e nem tão grande para ser um romance, foi publicada como folhetim no século XIX, no auge da carreira de Le Fanu e veio a influenciar diversas obras da literatura vampírica.

Além de apresentar uma dinâmica homoerótica entre a vampira e nossa narradora, dinâmica essa apresentada pela primeira vez no poema Christabell, de 1798; a obra Carmilla foi a primeira novela de vampiros da literatura inglesa, que já contava com o primeiro conto de vampiro: The Vampyre: A Tale (1819, John William Polidori); e em seguida o primeiro romance vampírico: Varney the Vampire or the Feast of Blood (1847, James Malcolm Rymer).

A obra de Le Fanu, apresenta diversas situações que criaram raízes na construção dos vampiros, bem como outras que não seguiram adiante; como por exemplo a obrigatoriedade do vampiro utilizar as mesmas letras de seu nome original ao tentar se disfarçar e esconder sua identidade, criando assim anagramas de seu verdadeiro nome como: Carmilla, Micarlla e Millarca.

Inclusive, aqui foi onde vemos pela primeira vez o uso da estaca como forma eficaz de matar um vampiro.

VEREDITO

Sem sombras de dúvidas, Carmilla é uma verdadeira joia da literatura gótica e mitologia vampírica; sendo uma leitura obrigatória para qualquer fã de vampiros.

A mais recente edição da obra, lançada pela editora DarkSide Books, segue o esmero habitual de todos os lançamentos da editora, além de capa dura, fita de cetim vermelho como marca página, uma tradução impecável de Enéias Tavares e artes tão delicadas quanto sensacionais da ilustradora italiana Isabella Mazzanti.

4,0 / 5,0

Autor: Sheridan Le Fanu

Páginas: 192

Editora: DarkSide Books

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