Após a dissolução dos clãs da Yakuza no Japão, muita coisa mudou, e isso pode ser visto ao longo da história de Like a Dragon: Infinite Wealth. À medida que mergulhamos na trajetória de Ichiban e Kiryu, percebemos como o mundo se tornou muito mais complexo do que quando o adentramos pela primeira vez. Em Pirate Yakuza in Hawaii, ainda sentimos a repercussão das escolhas dos patriarcas dos clãs e como alguns deles tentam fazer as pazes com as consequências do passado. Após uma guerra que durava tempo demais, decidiram que a dissolução resolveria o grande problema dos conflitos intermináveis.
Aqui, no décimo game da franquia principal, controlamos um personagem com o qual não estamos acostumados. Goro Majima foi um personagem jogável em Yakuza 0 e no spin-off Yakuza: Dead Souls. Agora, controlamos um Majima desmemoriado, que, após um acidente, é levado até uma ilha. Lá, conhece o jovem Noah, que o ajuda a recuperar sua memória, e o pai de Noah, Jason.
Com o desenrolar da história, Goro descobre a existência de piratas ao ser confrontado por um grupo e desenvolve um súbito interesse em se tornar um deles.
GORO? UM PIRATA? OU UM YAKUZA?
Goro Majima é um dos personagens mais icônicos da franquia Yakuza, e controlá-lo aqui é tão satisfatório quanto em Yakuza 0 — além de enfrentá-lo nos outros games da série. Agradeço à Sega por nos enviar a chave para realizarmos a análise do game.
Minha paixão pela franquia Yakuza começou, em grande parte, por uma curiosidade que surgiu após ouvir o podcast Joga Com Meu Jogo, do Jogabilidade, no qual Rafael Quina recomendava a série. Depois disso, decidi tirar um tempo para aproveitar cada detalhe dos jogos. E um dos principais aspectos da franquia sempre foi um problema para mim.
Meu maior problema ao jogar os games da série são as missões secundárias, que não apenas me fazem dedicar tempo demais ao jogo, mas também me deixam cada vez mais impressionado com o trabalho dos roteiristas.
Utilizadas como uma técnica narrativa muito mais profunda do que simplesmente nos fazer esbarrar com personagens pelas ruas de Kamurocho, Sotenbori e até mesmo do Havaí, essas missões revelam detalhes da personalidade dos protagonistas e mostram quem eles realmente são — para além da brutalidade exigida de alguns dos membros mais notórios da Yakuza.
Agora, além de um ex-patriarca, Goro Majima tem como sonho se tornar um dos piratas mais infames dos sete mares. A bordo do Goromaru, viajaremos pelos oceanos, enfrentando inimigos, competindo no Coliseu e recrutando piratas e tesouros para o nosso bando.
JOGABILIDADE, YAKUZA PIRATA E MAIS
Lembra quando citei as missões secundárias? Então… Elas são um verdadeiro inferno para mim. Antes do capítulo 3, já havia aprimorado o Goromaru para seu último nível… em tudo. Desde um casco mais resistente até armas mais poderosas, além de ter melhorado os membros da tripulação até os níveis mais altos. E, claro, escolhi como meus capitães personagens como Daigo Dojima, Ichiban Kasuga e, obviamente, Kazuma Kiryu.
Melhorar o Goromaru e navegar pelos mares é divertido, satisfatório e recompensador — talvez até mais do que em games como Assassin’s Creed IV: Black Flag e Skull and Bones. E aprimorá-lo pode ser tão empolgante quanto enfrentar inimigos pelas ruas e esconderijos do jogo.
O game possui um sistema de obtenção de habilidades diferente dos outros títulos da franquia. As atividades distribuídas pelos mapas oferecem não apenas dinheiro, mas também pontos específicos. Seguindo o estilo de games anteriores da série, temos aqui um beat’em up misturado ao gênero RPG. Ao deixar de lado o combate por turnos de Like a Dragon, o jogo se torna muito mais dinâmico e divertido.
Tendo a ilha Rich como hub principal, podemos criar uma fazenda com animais resgatados e estabelecer alianças que impulsionarão nosso progresso e combates. E, mesmo que, em alguns momentos, a história seja colocada em segundo plano, diversas tramas secundárias se desenvolvem simultaneamente. Enquanto lidamos com as repercussões da dissolução dos clãs da Yakuza, também enfrentamos personagens do passado que insistem em surgir e atrapalhar a fantasia de Goro.
Em busca de um tesouro — que recentemente entrou no radar do futuro pirata mais infame —, Goro Majima enfrentará inimigos desafiadores para desvendar os segredos mais profundos, conhecidos apenas pelo alto escalão dos piratas. Assim como Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name, Pirate Yakuza in Hawaii tem apenas cinco capítulos em sua campanha principal, mas sua exploração e os minijogos podem facilmente proporcionar entre 40 e 50 horas de jogo — ou até mais.
O combate é muito mais divertido graças aos variados estilos de luta de Goro. Além do tradicional “Cachorro Louco”, o estilo “Bucaneiro” adiciona diversidade ao gameplay. Além de usar uma pistola, Goro empunha um par de espadas e um gancho, tornando os combates em ilhas verdadeiros musou — nos quais, por vezes, é necessário derrotar até 100 inimigos. Essas batalhas podem ser tão intensas quanto um confronto tradicional.
UM VERDADEIRO YAKUZA, MAS NÃO COMO VOCÊ ESPERAVA
Como um game emocionante, profundo e divertido da franquia Yakuza, Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii ganha cada vez mais profundidade conforme avançamos. O jogo se torna mais recompensador e instigante ao explorar e batalhar no mar do que muitos títulos focados nessas mecânicas.
Outro elemento que adiciona camadas e diversão ao combate são as habilidades de Goro. Além da técnica do “Cachorro Louco”, que cria clones sombrios, no estilo “Bucaneiro” podemos utilizar instrumentos amaldiçoados para trazer o caos às arenas de batalha.
Munidos de um violino, uma ocarina, uma guitarra ou um saxofone, invocamos maldições dos mares — e da terra também —, alterando a maré dos combates, seja em terra firme ou em alto-mar após a destruição de um navio inimigo.
Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii reúne tudo que a franquia desenvolveu de melhor até agora. Além de dar espaço para o desenvolvimento de um personagem que, até então, era secundário, o jogo permite que Goro Majima finalmente se torne aquilo que ele deseja, e não apenas o que a ocasião exige — como aconteceu tantas vezes no passado.
Se ele já foi capanga da Yakuza, patriarca, dono de boate e empreiteiro, por que não ser um pirata?
5,0 / 5,0
Confira o trailer do game:
Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii foi lançado para o PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One e Xbox Series X/S no dia 21 de fevereiro.
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